O assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, na noite desta segunda-feira (15), é um sinal da gravidade da crise de segurança pública no estado, avalia Benedito Mariano, especialista em segurança pública e ex-ouvidor das polícias do estado.
“É uma tristeza, no maior estado do país, nós termos um ex-delegado-geral ser executado da maneira como foi. É uma demonstração de que nós estamos vivendo uma crise de segurança pública no estado de São Paulo, razão pela qual acho fundamental que a Polícia Federal contribua no esclarecimento dessa morte covarde”, afirma, em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato.
Ele defende que o governo paulista mantenha o protagonismo da Polícia Civil e incorpore a Polícia Federal às investigações.
“Eu penso que seria importante do governo de São Paulo abrir espaço na investigação para a Polícia Federal. Estamos falando de um ex-delegado-geral da maior polícia civil do país, que foi executado em pleno logradouro público. Nós temos que exigir do governo do estado de São Paulo um esclarecimento urgente dessa execução. Para identificar não só os executores, mas também procurar identificar quem são os mandantes desse assassinato cruel”, pede.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira que colocou as forças de segurança federais à disposição do governo de São Paulo para colaborar na investigação. Após o anúncio, o Secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, disse que a ajuda será aceita. “Se eles tiverem alguma informação e quiserem colaborar, obviamente vai ser bem aceito. O nosso objetivo é prender os criminosos”, afirmou.
Por outro lado, Benedito Mariano considera um erro a decisão de enviar centenas de policiais militares para a Baixada Santista após o crime. “Acho um equívoco. Nós já assistimos isso há alguns anos, com a Operação Escudo, que vitimou mais de 80 pessoas, com indícios objetivos de que não foram mortos em confronto. Para se chegar aos executores e aos mandantes desse assassinato cruel e covarde, tem que ter inteligência policial”, critica.
“O litoral vem sofrendo há tempo com ações absurdas policiais, como a Operação Escudo e a Operação Verão, que na prática não diminuíram em nada a ação do crime organizado, mas criaram tensão e medo na população”, acrescenta.
Ruy Fontes foi um dos primeiros delegados a atuar nas investigações sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC). Para Mariano, isso reforça a suspeita de que a execução tenha relação com o crime organizado. “Evidentemente que, pela maneira pela qual se deu essa execução, o planejamento e treinamento dos executores, tem toda a lógica de que foi uma execução sob o comando do crime organizado”, analisa.
O ex-ouvidor destaca, segundo a sua análise, que o crime teria sido planejado e executado com um alto grau de treinamento. “Foi uma execução covarde, cruel, com muito planejamento. Os executores, pelas imagens nossas, tinham planejamento e treinamento para executar o doutor Rui”, diz.
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