O presidente Javier Milei sofreu duras derrotas no Congresso da Argentina nesta quarta-feira (17), dia em que estudantes, professores e trabalhadores das universidades públicas foram às ruas de todo o país em protesto contra o arrocho do governo ultraliberal. Os deputados derrubaram vetos de Milei a textos que garantiam financiamento para as próprias instituições públicas de ensino superior e a um grande hospital pediátrico do país.
Nas duas votações na Câmara dos Deputados, Milei perdeu de lavada. No caso das universidades, houve 174 votos para derrubar os vetos do presidente, contra 67 favoráveis à decisão do governo. No caso do Hospital Garrahan, referência no atendimento a crianças em Buenos Aires, a goleada foi ainda mais acachapante: 181 votos contra 60.
A votação aconteceu enquanto dezenas de milhares de pessoas realizavam a Marcha Federal Universitária, convocada por federações de estudantes, frentes e centrais sindicais e organizações progressistas. Foi o terceiro grande ato contra as políticas de austeridade do presidente.

Após as derrotas na Câmara, o presidente foi às redes sociais e repetiu seu modus operandi habitual: compartilhou diversos posts, como vídeos de deputados aliados, comentários de apoiadores que denunciam uma tentativa do “sistema” de boicotar o governo, prints de notícias que lembravam de cortes feitos pelos governos anteriores (e não derrubados) e ofensas à imprensa não alinhada.
A derrubada dos vetos vem em um momento de instabilidade para Milei, em meio à crise que estourou após as denúncias de corrupção no coração de seu governo. A irmã e braço direito, Karina Milei, é uma das acusadas de receber propina em um suposto esquema de desvio de verbas destinadas à compra de medicamentos para pessoas com deficiência.
No dia 7 de setembro, a base de apoio do presidente foi superada por larga margem nas eleições legislativas provinciais de Buenos Aires, tidas como uma espécie de “termômetro” para as legislativas nacionais, marcadas para 26 de outubro.
Ainda nesta quarta-feira, uma pesquisa divulgada pelo instituto AtlasIntel, em parceria com a Bloomberg, mostra que a desaprovação de Milei atingiu o maior nível desde o início do governo: 53,7%. A aprovação está mais de dez pontos percentuais abaixo: 42,4%.