A rua do Bom Jesus, eleita a mais bonita do Brasil – e 3ª mais bela do mundo – recebe desta quinta-feira (18) ao sábado (20) as cores e os aromas da reforma agrária em Pernambuco. Cerca de 100 agricutoras e agricultores, assentados e acampados, de todas as regiões do estado, chegam ao Recife Antigo com seus legumes, verduras, frutas, folhosos, doces e outros derivados do que a terra e a luta lhes deu, além de sua arte e artesanato. Promovida pelo Movimento Sem Terra (MST), a Feira Estadual da Reforma Agrária também tem uma programação de shows musicais.
Sob o nome de “Festival por terra, arte e pão”, a programação de shows acontece no turno da noite, ao longo dos três dias, sempre iniciando às 19 horas. Nesta quinta-feira (18), se apresentam o mestre de maracatu rural Mestre Bi (às 19 horas), seguido pela banda De Cara com o Samba (21 horas) e a noite se encerra com os olindenses do Malícia Champion (a partir das 22 horas). Uma estrutura de praça de alimentação ofertará lanches e quitutes da reforma agrária.
Na sexta-feira (19), a noite começa com Reginaldo do Forró (19 horas), seguido de um show de Laís Senna convidando Larissa Lisboa (às 21 horas), com Dunas do Barato convidando Fred 04 (22 horas) para manter o ritmo dançante até altas horas. A última noite de evento tem a paulistana Vannick Belchior (às 19 horas), seguida de um show de Barro convidando ninguém menos que Uana (às 21 horas), com o Forró na Caixa (22 horas) fechando a noite de música na rua do Bom Jesus.
O evento também tem mesas e debates que passam pelos temas de crise ambiental, educação do campo, organização da população nas periferias, técnicas de biofortificação, crédito fundiário e produção de alimentos saudáveis a partir da reforma agrária, este último com a presença de João Pedro Stétile, na tarde da sexta-feira (19). Também há a atos políticos em defesa da Soberania, democracia e Reforma Agrária e promovendo o Plebiscito Popular por um Brasil mais Justo e Soberano.
A programação conta ainda com oficinas de enxertos de mudas e plantas, agricultura urbana, cannabis medicinal, acesso ao Pronaf, à Conab, à Adepe, direito a água, capoeira e percussão. Tudo é aberto ao público e gratuito.
Os frutos da reforma agrária
Os cerca de 100 agricultores expõem os seus produtos agroecológicos a partir das 8 horas da manhã, fechando suas barracas às 20 horas. Um dos produtos candidatos a mais procurado é o flocão de cuscuz Normandia, produzido a partir de milho crioulo plantado em assentamentos vinculados ao MST em todo o estado.
No último mês de junho, um laboratório confirmou, a partir de testes químicos, que o flocão é livre tanto de agrotóxicos como de organismos geneticamente modificados (transgênicos). A marca foi lançada este ano e deve começar a ser fornecida como merenda escolar em Pernambuco.
Dirigente nacional do MST e assentado da reforma agrária em Caruaru, Jaime Amorim destaca o evento como uma forma de diálogo das famílias camponesas sem terra com a população urbana na capital do estado. “Não é só a venda. É o momento de divulgar aquilo que estamos produzindo, que é resultado das nossas lutas e conquistas. Mas a Feira é também cultura e lazer”, diz Amorim.
