A aprovação da PEC da Blindagem e a urgência do PL da Anistia é um caso típico de golpe dentro do golpe, ainda que o golpe efetivamente tenha sido derrotado em 8 de janeiro.
Ao arrepio da Constituição, ambas as iniciativas do Congresso Nacional possuem no seu DNA o mais contraditório dos paradoxos, que lembra inclusive o “paradoxo da tolerância” de Karl Popper, aqui nessa situação colocando o uso dos instrumentos democráticos para ferir de morte a própria democracia.
Mais: a aprovação dessas excrescências faz pensar qual país, instituições e políticas teríamos em vigor caso o mandado e frustrado 8 de janeiro tivesse logrado êxito. É simplesmente repugnante imaginar que o fascismo se instaure exatamente pelas mesmas vias em que ascendeu ao poder na Alemanha: a da legalidade burguesa.
Também causa espécie projetar quais seriam os próximos passos dessa investida aventureira, irresponsável e autoritária para a saúde e mantença política nacional, vulnerabilizadas pelos excessos e ataques patrocinados pela extrema direita e potencializados pela intervenção estrangeira, especialmente da ditadura Trump norte-americana.
Hora de resistência cívica, patriótica, democrática, nacional: unir todos indistintamente para assegurar ao Brasil e aos brasileiros as condições justas e necessárias para a defesa do Estado em seus múltiplos aspectos: o democrático de direito, o de bem-estar social e nacional-soberano.
Sem anestesia: nenhum indulto, nenhum perdão, nenhuma anistia. Ir às ruas, vigilantes contra qualquer tipo de infiltração ou sabotagem, mas destemidos, atentos e fortes, parece ser o único meio e recurso para enfrentar essas aberrações e orientar a agenda do Congresso para temas de interesse do povo, como são ─ por exemplo ─ as votações da isenção do Imposto de Renda ou da redução da jornada de trabalho. À luta!
*Vice-presidente do Cpers Sindicato
**Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.