O cinema feito nas periferias chega às salas dos cinemas da UFPE e do tradicional São Luiz, neste sábado (20). No cinema de rua mais antigo em funcionamento no Brasil, o Festival Cine Maré oferta uma programação gratuita, começando às 14h e se estendendo até a noite, com rodas de conversa, mostra competitiva de curtas-metragens inéditos e shows de artistas pernambucanos no after “Cine Maré”. O Cine Maré leva à tela cinco filmes de ficção produzidos e dirigidos por realizadoras e realizadores periféricos.
A tarde abre com dois debates que refletem sobre os desafios e as potências do cinema negro e periférico. Às 14h, a roda de conversa “Do lado de fora da tela: barreiras e resistências do cinema periférico” discute obstáculos e estratégias comunitárias para romper barreiras de acesso à formação e à exibição audiovisual, mediada por Ingrid Veloso e com participação de Yane Marques, Kalor Pacheco, Carícia Nomy e João Henrique Souza. Às 15h, a mesa “Protagonismo em construção: narrativas negras e periféricas no cinema” é mediada por Tássia Seabra e participação de Erlânia Nascimento, Gleyci Nascimento e Gui Silva.
À noite, às 18h, a sala do São Luiz exibe os cinco curtas inéditos incentivados pelo festival, que concorrem na mostra competitiva com júri técnico (Carol Vergolino, Heitor Dhalia e Erlânia Nascimento) e votação popular online. São eles: “Atribulado, uma História de amor, crime e brega” (Hood Bob), “Besta Fubana” (Artia), “Ecos do Tempo” (Renato Izaias), “Receptáculo” (Isadora Clemente) e “Retrato Falado” (Maria Rocha). As três primeiras colocações recebem premiação em dinheiro. A festa segue às 22h no Umbral das Artes, com shows gratuitos de Shevchenko, banda Espartilho e DJ Thalligeira.
Idealizado pela produtora Tássia Seabra, pelo roteirista João Henrique Souza e pelo artista visual e curador Shell Osmo, o Cine Maré nasceu em 2024 como um laboratório de cinema para jovens e adultos das periferias da Região Metropolitana do Recife, oferecendo oficinas gratuitas de roteiro, direção e produção. Em 2025, dez projetos participaram da formação; cinco avançaram para a realização completa e chegam agora à tela grande. “Mais do que um festival, o Cine Maré é um movimento de transformação social e cultural”, destaca Tássia Seabra.
O festival é realizado com recursos públicos obtidos através da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB) e apoio de parceiros como TV Tribuna, MR Plot, Mundo Bita e Umbral das Artes. Após a exibição no São Luiz, os curtas também serão transmitidos pela TV Tribuna (afiliada da Band no Recife), garantindo visibilidade em televisão aberta.
Coelhos e Totó no Cinema da UFPE
No turno da manhã, a partir das 10h, o Centro de Convenções da UFPE recebe uma mostra de curtas produzidos por 18 estudantes – entre crianças, adolescentes e jovens – de escolas públicas dos bairros do Totó e Coelhos. Os estudantes participaram de oficinas de letramento audiovisual em projetos encabeçados por estudantes de ciências sociais da Universidade Federal de Pernambuco sob orientação do professor Alex Valiato. A iniciativa visa trabalhar o audiovisual nos territórios de periferias, apresentando a linguagem como ferramenta de denúncia e discussão de temas locais.
