A escritora e poeta pernambucana Luna Vitrolira dá início nesta terça-feira (23) a sua primeira turnê no continente europeu. Nascida e criada no município do Paulista, a artista leva sua poesia falada aos palcos de Lisboa, Porto, Óbidos (todas em Portugal), Paris (França), Berlim (Alemanha) e Madrid (Espanha), passando por festivais, encontros literários e centros culturais. Será quase um mês no Velho Continente, com agendas até o dia 18 de outubro.
Nesta terça (23), Vitrolira se apresenta na Livraria Travessa, da Galeria Verso, em Lisboa (POR). Na quinta-feira (25), ela realiza performance na abertura do Festival de Poesia de Lisboa, evento no qual ela facilita uma oficina na sexta-feira (26). No sábado (27), a poeta leva sua arte para a Casa Odara, na cidade do Porto. Já na quinta-feira (2 de outubro), Luna participa do encontro literário da Expo Favela, em Paris (FRA), de onde segue para o Festival Middle Ground, em Berlim (ALE), no dia 10.
Das terras germânicas, Vitrolira retorna a Portugal para o prestigiado Festival Fólio, em Óbidos, onde integra uma mesa de conversa (no dia 12) e lança seu livro Memória tem águas espessas (dia 13), em que traz reflexões sobre negritude, ancestralidade, colonialismo e a presença da mulher nordestina e preta em terras de colonizadores. A agenda de Vitrolira na Europa chega ao fim em Madrid (ESP), onde a pernambucana participa do Festival Fala, dedicado a autores e autoras latinoamericanas, entre os dias 16 e 18 de outubro.
A artista considera ser um gesto político levar a palavra falada a festivais internacionais num contexto de desvalorização da literatura no Brasil. “Quero mostrar que é possível levar nossa voz adiante e ocupar espaços de visibilidade com a poesia produzida em Pernambuco”, diz ela, reafirmando o orgulho de suas raízes e trajetória. “Não estou indo no porão de um navio negreiro, mas como artista, representando o Recife, Pernambuco e o Brasil no século 21. É uma conquista coletiva da literatura falada, da poesia negra e nordestina”, afirma a poeta.
Luna Vitrolira estreou na literatura com Aquenda – o amor às vezes é isso, finalista do Prêmio Jabuti em 2019 e transformado em projeto transmídia. Ela é jurada dos prêmios Jabuti e Oceanos, atua em projetos de equidade de gênero e combate ao racismo contra jovens das periferias e é idealizadora do projeto “Mulheres de Repente”. Antes de cruzar o Atlântico, a artista cumpriu agenda no Rio de Janeiro para promover uma imersão literária dedicada às glosas, forma de poesia improvisada típica do Sertão do Pajeú, no sertão pernambucano.