O Museu da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) recebe neste sábado (27), das 9h às 11h30, uma roda de debates que coloca em confronto dois projetos de cidade: os territórios tradicionais e a especulação imobiliária. A atividade, intitulada “Com quantas construtoras se destrói uma cidade?”, ocorre em meio à polêmica gerada pela proposta de revisão do Plano Diretor apresentada pelo prefeito Sebastião Melo (MDB).
O encontro é promovido pelo projeto PoAncestral, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio (PPGMUSPA/Ufrgs), Observatório Indígena, Curso de Museologia e o próprio Museu da universidade.
Criado em 2022, o PoAncestral surgiu como reação crítica às comemorações oficiais dos 250 anos de Porto Alegre, acusadas de reforçar visões eurocêntricas e apagar a contribuição de comunidades indígenas, negras e periféricas na história da capital.
Revisão desconsidera tragédia climática
Para Inês Vicentini, professora de história e integrante da coordenação do projeto, o debate ganha ainda mais relevância diante da tragédia climática que atingiu Porto Alegre em maio de 2024. “Essa tragédia mostrou que o poder público precisa fazer as obras de manutenção e prevenção de catástrofes como essas. E o que está em curso é exatamente o contrário”, afirma, criticando a busca por aprocvação de um Plano Diretor que desconsidera a calamidade e suas as consequências.
A historiadora acrescenta que as mudanças propostas tendem a ampliar os riscos. “As propostas apresentadas aumentam os índices construtivos em todos os bairros, inclusive nos que foram diretamente alagados. Mas quilombolas, indígenas e ambientalistas estão na luta para enfrentar essa tragédia anunciada. É esse debate que faremos dia 27, com lutadoras e educadores atentos para nos fortalecer e apontar caminhos de resistência”, comenta.
Debatedores
Entre os nomes confirmados estão Geneci Flores da Silva, liderança do Quilombo da Família Flores; a advogada Jacqueline Custódio, doutoranda em Planejamento Urbano e Regional; Silvio Jardim, da Comissão Indígena do Conselho Estadual de Direitos Humanos; além do cientista social e realizador audiovisual João Maurício Farias e professoras da rede pública municipal.
A programação inclui ainda uma visita à exposição Raízes vivas e horizontes ancestrais: a terra e o coração do corpo?, que reúne no Museu da Ufrgs fotografias, filmes, esculturas e instalações sobre os modos de vida de povos indígenas e quilombolas do Rio Grande do Sul.
A roda de debates integra a 19ª Primavera dos Museus, que neste ano discute o tema Museus e mudanças climáticas. A atividade é gratuita, com inscrições no local, e garante certificação aos participantes pela Prorext/Ufrgs.
Serviço
Roda de debates: Territórios tradicionais x especulação imobiliária: com quantas construtoras se destrói uma cidade?
Quando: 27 de setembro, sábado das 9h às 11h 30.
Onde: Museu da Ufrgs (Av. Oswaldo Aranha, 277,m Porto Alegre).