O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Eduardo Rodrígues, criticou o avanço das grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs, e afirmou que hoje o mundo vive sob uma “ditadura do algoritmo”. Ele apontou, em discurso neste sábado (27), na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, que poucas empresas transnacionais exercem amplo controle sobre a consciência das pessoas.
“Vivemos também sob a dominação cultural e tecnológica de grandes transnacionais, sobretudo norte-americanas, que controlam sistemas operacionais, conteúdos e até o comportamento humano. Sofremos a ditadura do algoritmo”, afirmou.
Como solução, o ministro cubano defendeu regulação global sobre o funcionamento dessas empresas.
“Cuba defende que a ONU estabeleça normas globais para regular tecnologias, em especial a inteligência artificial, aproveitando seus benefícios e reduzindo riscos.”
Bruno Eduardo Rodrigues discursou logo após o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e fez duras críticas ao que ele chamou de “corrida armamentista”.
“A corrida armamentista consome recursos extraordinários que poderiam combater a pobreza e financiar a cooperação”, pontuou.
O ministro cubano também prestou solidariedade à população de Gaza e defendeu que a solução para colocar fim ao genocídio promovido por Israel na região é uma atuação mais contundente da Assembleia Geral, afirmando que é dever da entidade reconhecer a existência do Estado Palestino.
“Se o Conselho de Segurança se mostra impotente devido ao veto dos EUA e não é capaz de cessar a barbárie, a Assembleia Geral tem o dever de adotar medidas concretas imediatas. No mínimo, deve declarar o direito inequívoco da Palestina a ser Estado-membro da ONU, com fronteiras anteriores a 1967, capital em Jerusalém Oriental e o direito de retorno dos refugiados”, defendeu.
Por fim, o ministro também destacou as diversas cooperações de Cuba com outros países, sobretudo com as ações envolvendo os profissionais de medicina, e condenou a permanência do bloqueio econômico.
“É uma guerra econômica real e prolongada, que busca privar os cubanos de meios de vida, provocar fome, desesperação e derrubar o governo”, denunciou.
O representante cubano também condenou o que ele chamou de “doutrina da paz pela força”, criticando a atual postura dos Estados Unidos em sustentar uma ordem unipolar no mundo. Neste contexto, Bruno Rodrigues acenou de forma solidária para a Venezuela, alvo de embargos e ameaças do governo estadunidense.
“Hoje o Caribe sofre a ameaça de guerra com desdobramento naval e aéreo ofensivo dos EUA, incluindo mísseis, submarinos nucleares e testes balísticos com capacidade nuclear. Essas ações violam o direito internacional, ameaçam a paz e a segurança regional”, concluiu.