O presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), Ualid Rabah, criticou duramente o plano de cessar-fogo discutido nesta segunda-feira (29) entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Em entrevista ao Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato, ele afirmou que a proposta não contempla as demandas centrais do povo palestino e apenas perpetua o bloqueio e a ocupação.
“Não são apenas os inimigos da raça humana, Trump e Netanyahu, porque também não podemos esquecer que esse extermínio na Palestina, em Gaza, é democrata. Portanto, [o ex-presidente dos EUA, Joe] Biden, Trump e Netanyahu são os donos do genocídio praticado na Faixa de Gaza neste momento”, declarou Rabah.
Segundo ele, o documento apresentado ignora pontos fundamentais, como o fim da ocupação na Cisjordânia e o desbloqueio de Gaza. “Não há nenhuma palavra, por exemplo, sobre os palestinos administrando o seu próprio futuro. Ou seja, há a possibilidade de uma administração internacional, quer dizer, os palestinos perderão a soberania ou a possível soberania, já que sob ocupação e sob bloqueio de Gaza não havia soberania”, afirmou.
Rabah denunciou ainda a hipótese de que figuras como Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, assumam a governança de Gaza. Para ele, isso representaria “a despalestinização de Gaza e a sua desconexão total da Palestina histórica, como sempre pretendeu o plano sionista”.
Manutenção do bloqueio
Sobre a promessa de criação de um Estado palestino, o dirigente destacou que as condições propostas inviabilizam qualquer soberania real. “O Estado palestino aventado por Trump não será um Estado palestino. Não terá continuidade com Gaza, não terá continuidade interna. Mais do que isso, o futuro Estado palestino, segundo Trump, não pode ter força bélica. O espaço aéreo será gerido por Israel”, reforçou.
Ele também lembrou que a proposta mantém o bloqueio a bens essenciais, como alimentos, medicamentos e combustível, além de excluir a exploração de recursos naturais palestinos, como as reservas de gás. “Gaza seguirá bloqueada, Gaza não terá soberania aérea nem marítima, portanto, seguirá sem poder pescar no seu próprio mar”, denunciou.
Na avaliação de Rabah, o plano apresentado pelos Estados Unidos e Israel não é um caminho para a paz, mas uma forma de prolongar o genocídio em curso. “Nós teremos Gaza totalmente destruída, Gaza seguindo bloqueada e alguma coisa perto de 15 mil palestinos a mais encarcerados nas masmorras israelenses. Isso significa administrar o genocídio a prazo do povo palestino”, concluiu.
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