O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, irá receber nesta segunda-feira (29/09) o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca. A reunião terá como pauta a discussão de um plano de cessar-fogo em Gaza, com 21 propostas, elaborado pelos Estados Unidos.
O proposta foi apresentada, no último dia 23, a lideranças da Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Egito, Jordânia, Turquia, Indonésia e Paquistão, em paralelo à 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas.
Neste domingo (28/09), ao comentar o encontro com o premiê israelense em sua rede Truth Social, Trump escreveu: “Temos uma chance real de grandeza no Oriente Médio. Todos estão a bordo para algo especial, pela primeira vez, vamos realizar!!!.
Netanyahu, embora tenha dito na ONU que pretende “terminar o trabalho em Gaza“, afirmou que Israel trabalha com Washington para viabilizar a proposta. No domingo (28/09), o Hamas publicou um comunicado afirmando ainda não ter recebido o plano, mas reafirmou “a disponibilidade para examinar quaisquer propostas que receba dos seus irmãos mediadores de uma forma positiva e responsável, em defesa dos direitos nacionais do nosso povo”.
A organização também informou ter perdido o contato com as equipes que mantém dois prisioneiros israelenses em Gaza, em meio ao avanço dos ataques e bombardeiros de Israel. Apenas nas últimas 24 horas, 50 palestinos foram mortos.
O plano
Assim que entrar em vigor, a proposta prevê o imediato retorno da ajuda humanitária e a retirada gradual das forças israelenses no território. Segundo reportagem da Al Jazeera, o plano condiciona o cessar-fogo à libertação em 48 horas dos prisioneiros israelenses que ainda estariam em poder do Hamas.
Os combatentes do Hamas, por sua vez, terão permissão de deixar Gaza ou receberão anistia após renunciarem à resistência. Alguns prisioneiros palestinos também deverão ser libertados das prisões israelenses.
A proposta prevê a criação de uma Autoridade Internacional de Transição de Gaza (GITA), possivelmente chefiada pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, com sede inicial fora do enclave. A estrutura incluiria diplomatas, empresários egípcios e representantes muçulmanos em seu conselho, enquanto uma força multinacional garantiria segurança de fronteiras e acesso humanitário.
Cinco comissários supervisionariam áreas-chave como ajuda humanitária, reconstrução, legislação, segurança e coordenação com a Autoridade Palestina (AP), que teria uma equipe local para implementar políticas em campo junto à força multinacional de estabilização que controlaria fronteiras, litoral e zonas de perímetro junto a Israel e Egito.
O orçamento previsto gira em torno de US$ 90 milhões no primeiro ano, subindo para US$ 133,5 milhões no segundo e US$ 164 milhões no terceiro, sem incluir custos de reconstrução e ajuda humanitária em larga escala, informa a agência catari.
Resistência
A proposta encontra em forte resistência dentro do governo israelense. Ministros da extrema direita, como de Finanças, Bezalel Smotrich, e o da Defesa, Itamar Ben-Gvir, defendem a destruição total de Gaza, a reocupação com assentamentos ilegais e o bloqueio de alimentos, água e medicamentos.
Eles rejeitam qualquer menção a um futuro Estado palestino e criticaram publicamente a proposta de Trump, ameaçando romper com Netanyahu. Caso a ameaça aconteça, após a saída dos partidos ultra-ortodoxos, a coalização do premiê israelense poderá se fragilizar ainda mais, hoje, ele conta com 60 dos 120 assentos no Knesset.
A Al Jazeera destaca que o plano de Trump ainda precisa do aval da ONU e dos mediadores do Egito e do Catar. Enquanto acontecem as discussões, a ofensiva israelense em Gaza se intensifica, bem como a expansão de assentamentos na Cisjordânia, movimento que Trump afirma não permitir, mas que segue avançando com apoio de setores da direita israelense.