O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, declarou nesta terça-feira (30) que Moscou “valoriza a posição do Brasil” na busca de uma resolução do conflito ucraniano.
Em entrevista coletiva concedida na 22ª reunião anual do Clube Valdai de Discussão Internacional, em Sochi, o ministro russo respondeu ao Brasil de Fato sobre os atuais contatos com o governo brasileiro em relação à busca de uma resolução da guerra.
Segundo ele, nos recentes contatos com o presidente Lula e com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Viera, a parte brasileira manifestou a iniciativa de resolver as questões humanitárias ligadas ao conflito.
“Nós temos uma relação muito próxima com o Brasil. Eu estive na Cúpula do Brics, e durante o encontro entre os ministros das Relações Exteriores nós tivemos conversas detalhadas com o presidente Lula e com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e nós valorizamos a posição do Brasil, que já há alguns anos formulou a proposta de contribuir para resolver os problemas humanitários, em particular”, afirmou o ministro.
Ao detalhar os aspectos humanitários que estão sendo tratados nas negociações, Serguei Lavrov questionou as acusações ucranianas de que “dezenas de milhares de crianças teriam desaparecido e que a Rússia as havia evacuado”.
“Quando as delegações russa e ucraniana se reuniram em Istambul, nossa delegação insistiu para que fosse fornecida a lista destas crianças, pois é uma questão séria. Depois de muita persuasão, os ucranianos entregaram uma lista de 339 crianças. A maioria delas eram adultos, não crianças, e não tinham nenhuma ligação com sua presença em território russo”, enfatizou.
O Ministro das Relações Exteriores russo acrescentou que questões humanitárias desse tipo devem ser resolvidas de forma justa. Lavrov observou que o Brasil compartilha dessa posição. “Valorizamos que o Brasil compartilha dessa posição”, acrescentou.
Serguei Lavrov também aproveitou a oportunidade para reforçar a posição russa sobre as condições necessárias para chegar a um acordo de paz, destacando a posição manifestada pelo presidente russo, Vladimir Putin, aos parceiros do grupo Brics de que é necessário eliminar as “causas primárias do conflito”.
“No que diz respeito aos aspectos políticos sobre a resolução, nós explicamos antes aos colegas brasileiros, outros colegas do Brics, as abordagens que o presidente Putin manifestou mais de uma vez, que o mais importante para uma resolução sustentável é eliminar as causas primeiras do conflito, eliminar as ameaças à segurança da Federação Russa que o Ocidente criou com a utilização do regime ucraniano, e restabelecer plenamente os direitos da população russa e de russófilos que, por lei, estão proibidos na Ucrânia. Por isso vamos continuar a cooperar”, completou.
A 22ª reunião anual do Clube de Discussão Internacional Valdai, realizada na cidade russa de Sochi entre 29 de setembro e 3 de outubro, teve início nesta segunda-feira, com a participação de 140 representantes de mais de 40 países, para discutir os caminhos da multipolaridade.
O tradicional fórum de discussão reúne acadêmicos, diplomatas e atores políticos para discutir os principais temas da agenda do cenário internacional e é um dos principais eventos no calendário da política externa russa. Neste ano, o lema principal das discussões é: “O Mundo Policêntrico: Instruções de Uso”.