Centenas de mulheres de diferentes movimentos sociais marcharam rumo ao Congresso Nacional nesta terça-feira (30) para lutar por igualdade de salário, soberania e dignidade. A mobilização foi organizada por entidades nacionais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Marcha Mundial das Mulheres, Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) e União Brasileira de Mulheres (UBM). A atividade ocorreu paralela à Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que ocorre em Brasília após um hiato de 10 anos.
Julciane Inês dirigente do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) comemorou a retomada da mobilização. “Nós passamos quase 10 anos sem nos encontrar como mulheres do Brasil. As mulheres marcharam novamente em Brasília depois de muito tempo para dizer que as mulheres existem, que estão na rua e estão na luta”, disse.

Demandas
Entre as pautas, se destacou o fim da jornada 6×1, a taxação dos super-ricos, a igualdade salarial, o fim da violência contra as mulheres e a igualdade de gênero. Para Carla Quaresma da União Brasileira de Mulheres do Estado do Pará a mobilização amplia a voz das mulheres de todo Brasil.
“Sabemos que sempre que a democracia está em risco, as mulheres são as primeiras a sofrer as consequências. A importância dessa marcha é que todas possam ver que nós estamos sim organizadas politicamente, travando essas batalhas, não só dentro da conferência, mas no dia a dia. É conseguir fazer com que as mulheres que não participam diretamente consigam entender que todo tempo as mulheres organizadas estão aqui construindo, não só políticas públicas, mas também o dia a dia e a dignidade das mulheres brasileiras”, explicou.

O evento ocorre paralelo à programação da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM), que iniciou nesta segunda-feira (29) e reune cerca de 4 mil mulheres até esta quarta-feira (1º) para discutir ações e políticas voltadas para essa população.
A 5ª CNPM tem como objetivo central promover um diálogo entre representantes da sociedade civil e o poder público sobre as políticas voltadas às mulheres. Aliando as duas atividades, o objetivo é levar as demandas das mulheres à agenda do Congresso Nacional para construção de políticas públicas.
Com a COP30 se aproximando, lideranças indígenas também estiveram fortalecendo a mobilização na capital federal para lutar por políticas públicas voltadas às mulheres indígenas, protagonistas na defesa da justiça climática.
“Nós queremos de fato que seja executada essas políticas públicas para todas as mulheres indígenas e não-indígenas do Brasil. As nossas demandas são muitas. Em relação ao meio ambiente, direito da mulher indígena, da educação, na saúde. Nós queremos todos esses direitos que sejam executados dentro das comunidades indígenas, dentro dos nossos territórios”, comentou Gabriela Peixoto, do povo Makuxi, coordenadora geral da Organização das Mulheres Indígenas de Roraima.

PAra a secretária Nacional de Mulheres da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Amanda Corcino a caminhada celebrou a pluralidade e as diferentes demandas das mulheres.
“Essa pluralidade e cada uma trazendo a sua realidade dos seus territórios para a gente conseguir coletivamente canalizar em forma de uma mobilização para chamar a atenção do Congresso para ver se ele olha para as mulheres e comece a discutir projetos de leis que venham a dialogar os nossos interesses”, observou.