O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve nesta quinta-feira (2) em Breves, no arquipélago do Marajó, onde inaugurou a creche Afonso Brito e anunciou novos investimentos em educação. A obra, iniciada em 2011 e concluída dentro do Novo PAC, integra um conjunto de projetos retomados pelo governo federal. Lula esteve acompanhado da primeira-dama Janja, de ministros e do governador Helder Barbalho (MDB).
Segundo o governo, a agenda prevê uma ordem de serviço para sete obras na área de educação no Pará, incluindo 22 creches, 51 escolas de ensino fundamental, 22 quadras e duas escolas de ensino médio técnico. No total, os investimentos devem beneficiar quase 25 mil estudantes no estado, com destaque para municípios do Marajó como Breves e Melgaço.
Lula ressaltou que o investimento em educação é um dos pilares de seu governo e que pretende acelerar obras paradas em várias regiões. Ele afirmou que não basta apenas inaugurar prédios escolares, mas garantir condições para que crianças e jovens estudem com dignidade. “Uma escola de qualidade significa futuro, significa oportunidade. É nisso que o país precisa investir para crescer de forma justa”, declarou o presidente. Lula disse ainda que o governo irá estudar a viabilidade da criação de uma universidade no Marajó.
“Obras estão sendo inauguradas 15 anos depois. Eu, sinceramente, acho que muitos administradores públicos deveriam ser presos por irresponsabilidade porque quando você deixa uma obra paralisada porque foi o seu adversário que começou a fazer a obra, você não está tendo nenhum respeito pelo povo da sua cidade”, disse.
Água no Marajó
Durante o evento, Lula destacou as dificuldades de acesso à água potável no Pará e prometeu cobrar agilidade da concessionária Águas do Pará, responsável pelos serviços de água e esgoto após licitação pública. A empresa iniciou a operação em setembro, com a meta de universalizar o abastecimento até 2033 e alcançar 90% de cobertura de esgoto até 2039.
“Quem tem sede, tem pressa. Tem que ter pressa para fazer. Agora estou junto para resolver este problema da água”, afirmou Lula.
A criação da concessionária, porém, foi contestada pelo Sindicato dos Urbanitários do Pará e técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Everson Costa. Para ele, a privatização do setor de água “repete um movimento já visto pelos paraenses”, lembrando a experiência da privatização da energia elétrica nos anos 2000.
“É uma pena que o Pará adote essa estratégia no mesmo ano em que sedia a COP30, quando o mundo discute meio ambiente e recursos naturais. Em vários países, governos estão retomando o controle sobre serviços privatizados”, disse Costa.
O Sindicato, em nota, também criticou o modelo: “Quem deveria garantir o acesso à água e ao esgoto é o Estado, que arrecada impostos para isso. Ao entregar esse serviço à lógica do lucro, o governo abre mão de um direito básico da população. A experiência mostra que a privatização geralmente resulta em aumento de tarifas e precarização dos serviços”.