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Wagner Ferreira é bacharel em direito, servidor público há 20 anos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, diretor do Sindicato dos Servidores da Justiça de 2ª Instância do Estado de Minas Gerais (...ver mais

Obras de drenagem evitam tragédias, como a que tirou a vida de Caio em dia de chuva forte em BH

São cerca de 700 quilômetros de córregos e ribeirões, boa parte canalizados, que cortam BH

Os alagamentos e suas consequentes tragédias estão entre os principais temores da população de Belo Horizonte. A cidade tem cerca de 60 focos de inundações que se repetem a cada período chuvoso. Um desses pontos é a Vilarinho, em Venda Nova, que precisa de intervenções urgentes para evitar que vidas não continuem sendo levadas pelas enxurradas.

E não é só a Vilarinho que se transforma em armadilha em dias de chuva forte. A Teresa Cristina, Bernardo Vasconcelos e Sebastião de Brito, avenidas localizadas em diferentes regiões de BH, são outras áreas de risco para quem precisa passar por esses movimentados corredores. Foi próximo à Sebastião de Brito, no bairro Dona Clara, região da Pampulha, que o garoto Caio Santana Frois, de apenas 13 anos, teve a vida abruptamente interrompida em 4 de janeiro de 2021.

Ele voltava de bicicleta para casa quando foi levado pela enxurrada, após ser surpreendido pelo temporal. Uma história de dor para os familiares do adolescente, para a comunidade onde ele morava e para todos nós. Caio Santana Frois terá o nome eternizado em uma rua do bairro Santa Rosa, homenagem que prestamos ao garoto e sua família em projeto de lei que aprovamos na Câmara Municipal.

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A homenagem a uma das inúmeras vítimas dos alagamentos na cidade é o pano de fundo para denunciarmos esse grave problema que aflige Belo Horizonte. Há anos, moradores relatam as inundações na região do Jaraguá, incluindo a avenida Sebastião de Brito. Caio não conseguiu chegar em casa devido ao descaso público. A comunidade continua sonhando com as obras de drenagem para evitar que novas tragédias ocorram, especialmente envolvendo crianças.

Medida concreta

Nesse contexto, precisamos buscar o entendimento para a aprovação em segundo turno do Projeto de Lei (PL) 441/2022, de autoria do Executivo, que autoriza a prefeitura a contratar operações de crédito de até US$ 160 milhões para obras contra inundações e melhorias na Vilarinho, em Venda Nova, e na bacia do Ribeirão Isidoro, na região Norte. Foi na Vilarinho que outra criança, uma menina de 10 anos, e a mãe dela, de 45, perderam a vida após o carro em que elas estavam ter sido arrastado pela enxurrada, tragédia que também ficou marcada na nossa memória.

A aprovação do PL 441, em primeiro turno, se deu em março, por unanimidade, e temos que dar andamento devido à importância da matéria para a cidade. Serão cerca de R$ 900 milhões de empréstimo junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), com garantia da União, recurso que também será destinado a obras de urbanização de áreas de risco, como a ocupação Izidora, em Venda Nova.

A frequência das tragédias escancara a necessidade das obras para evitar as enchentes. É consenso entre especialistas que a solução do problema passa por melhorias na infraestrutura urbana. E na cidade como um todo, uma vez que as inundações estão relacionadas à grande quantidade de cursos d’água que cortam BH. São cerca de 700 quilômetros de córregos e ribeirões, boa parte canalizados, em canais fechados ou abertos.

Outra parte corre em leito aberto na malha urbana. Defensor das obras de drenagem, nosso mandato tem conseguido concretizá-las na região de Venda Nova. No bairro Lagoa, garantimos junto à prefeitura que intervenções aguardadas há 14 anos saíssem do papel. As obras estão em andamento na rua Expedito Flaviano da Costa para acabar com alagamentos frequentes no posto de saúde e no Cras. O investimento é de R$ 2 milhões do Orçamento Participativo.

Outro local em obras que conquistamos é o trecho do córrego do Capão no bairro Céu Azul. Além da limpeza, o córrego está sendo desassoreado e é feita a contenção de encostas para eliminar os alagamentos que colocam os moradores em risco. Por incrível que pareça, há moradores que estão há quase dois anos sem tirar o carro da garagem por conta da falta de infraestrutura às margens do Capão. Agora, eles voltarão a ter o direito de ir e vir.

 

 

Wagner Ferreira é servidor público, diretor do Sindicato dos Servidores da Justiça de 2ª Instância do Estado de Minas Gerais (Sinjus-MG) e vereador de Belo Horizonte.

Leia outros artigos de Wagner Ferreira em sua coluna para o Brasil de Fato MG

 

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.

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