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Wagner Ferreira é bacharel em direito, servidor público há 20 anos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, diretor do Sindicato dos Servidores da Justiça de 2ª Instância do Estado de Minas Gerais (...ver mais

Diante das ondas de calor extremo, atuamos para melhorar a vida da população

Estamos vivendo em 2023 o ano mais quente da história de Belo Horizonte

Pelo terceiro mês consecutivo, experimentamos em Belo Horizonte os efeitos nefastos das ondas de calor, com temperaturas extremas e quebras de recordes históricos. E os meteorologistas alertam que o calor intenso, alternado com pancadas de chuva, deve se manter até dezembro, quando estão previstas temperaturas ainda mais altas que as registradas em novembro. Estamos vivendo em 2023 o ano mais quente da história da capital.

Diante da maior frequência dos eventos climáticos extremos e dos impactos na saúde de toda a população, em especial os mais vulneráveis, como idosos, crianças, pessoas com problemas cardíacos, respiratórios ou de circulação, diabéticos e gestantes, nosso mandato vem tomando uma série de providências.

São medidas que se tornam extremamente necessárias, sobretudo após a rejeição no plenário da Câmara Municipal do Projeto de Lei (PL) 270/2022, de autoria do Executivo, que previa a Política Municipal de Enfrentamento das Mudanças Climáticas e de Melhoria da Qualidade do Ar. Votei a favor, mas lamentavelmente não houve os 28 votos necessários para aprovar o projeto.

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Uma das nossas iniciativas foi enviar à prefeitura o Ofício 788/2023, sugerindo medidas para mitigar os efeitos das ondas de calor e o impacto na nossa saúde. Estamos propondo a criação de um protocolo com medidas relacionadas às condições de trabalho do funcionalismo público municipal, ao atendimento nos equipamentos públicos, ao funcionamento das escolas e às políticas públicas voltadas para as pessoas de maior vulnerabilidade social, como a população em situação de rua, que padece da exposição ao sol.

Nosso ofício solicita a suspensão das atividades a céu aberto no período de maior incidência de calor, o sistema híbrido ou remoto de trabalho, sempre que possível, para pessoas de grupos de risco, a oferta de hidratação e pausas em trabalhos que não possam ser descontinuados. Cobra o fornecimento de protetor solar, chapéus ou bonés, água e locais adequados para descanso quando houver atividades a céu aberto.

Nas escolas, pedimos a flexibilização quanto ao uso de uniformes e da presença em sala de aula dos alunos do ensino básico, sem prejuízo à alimentação destes estudantes. Melhoria do sistema de ventilação em ambientes fechados com atendimento público, horários alternativos desse atendimento e alojamentos provisórios para a população em situação de rua também fazem parte da lista de sugestões enviadas à prefeitura.

Impactos do calor

Nos últimos dias, nos deparamos com as notícias de que as altas temperaturas aumentaram em 40% as internações de idosos com quadros graves em nossa cidade. Tivemos mortandade de peixes na Lagoa da Pampulha e o registro de temperatura superior a 50°C dentro de ônibus do transporte coletivo sem ar-condicionado. Com o aumento do consumo, a falta d’água virou rotina em bairros de BH e batemos recorde de gasto de energia.

Torna-se, portanto, essencial debatermos a implementação de um protocolo para respostas eficazes diante de problemas como esses. No dia 29 de novembro, faremos uma audiência pública na Câmara Municipal com essa finalidade. O protocolo vai minimizar os impactos negativos sobre a saúde pública, infraestrutura e meio ambiente, com diretrizes claras e eficazes para o poder público, organizações sociais e para a comunidade, contribuindo para a identificação precoce de situações de risco e a execução de medidas preventivas.

Convidamos todos os gestores da prefeitura que compõem o Grupo de Gestão de Risco e Desastre (GGRD), de outros órgãos públicos municipais e entidades estaduais para contribuir com o debate.

Água para todos

Também protocolamos um projeto de lei para evitar que ocorra em Belo Horizonte uma tragédia como a registrada no Rio de Janeiro, em que uma jovem de 23 anos morreu ao participar de show internacional com grande volume de público e em dia de calor extremo, situação que está sendo investigada pela polícia.

Nosso PL altera a Lei 9.063/2005, que regula procedimentos e exigências para a realização de evento no município. A proposta é exigir que os promotores de eventos adotem medidas para o conforto do público de acordo com as condições meteorológicas, impedir a proibição da entrada de pessoas no local portando água para hidratação e determinar que os organizadores disponibilizem bebedouros ou a façam a distribuição de água adequada para consumo em “ilhas de hidratação” de fácil acesso.

Nossa articulação junto ao município para a criação do Observatório do Meio Ambiente foi coroada neste mês. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente lançou esta iniciativa de caráter multidisciplinar, que terá a participação de representantes do poder público municipal, entidades da sociedade civil que atuam em áreas ligadas à sustentabilidade, instituições de ensino e pesquisa e importantes coletivos de plantio que atuam em nossa cidade, para o fortalecimento de pautas ambientais.

Outra grande conquista do nosso mandato foi a ampliação do Parque Municipal do Bairro Trevo, na divisa de Venda Nova com a Pampulha. O decreto foi assinado pelo prefeito Fuad Noman no final de outubro, atendendo nosso pedido, e a área verde passou de 24 mil para mais de 52 mil metros quadrados, onde plantamos quase 300 árvores na ocasião da assinatura. Dessa forma, conseguimos acabar com a espera de mais de uma década da comunidade local, ambientalistas e coletivos de plantios.

 

 

Wagner Ferreira é servidor público, diretor do Sindicato dos Servidores da Justiça de 2ª Instância do Estado de Minas Gerais (Sinjus-MG) e vereador de Belo Horizonte.

Leia outros artigos de Wagner Ferreira em sua coluna para o Brasil de Fato MG

Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.

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