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Manoel Ramires

Curitiba tem problemas e debate de vices reconhece isso

Confronto mediado pelo Plural destacou clima, transporte, moradia, educação e saúde

Se tem duas coisas que os  curitibinhas não gostam é de mudanças e que digam que a cidade tem problemas. Mas os candidatos a vice-prefeito encararam os desafios e fizeram um bom debate no Plural. Apontaram dificuldades em diversas áreas do município e apresentaram soluções de governo viáveis. Discussão sem agressões, cadeiradas e desrespeito.

O debate contou com as presenças das vice-candidaturas de Goura (Ducci), Letícia (Caldas), Tiago Chico (Luizão), Marcelo (Requião) e Jairo Filho (Cristina). O vice de Eduardo Pimentel, assim como o candidato na semana passada, não compareceu. Também não foi Walter Petruziello, vice da ausente Maria Victória. Ainda faltaram Rosângela Moro, vice de Ney, e Léo Martins, do PSTU.

As “cadeiras vazias” deram lugar ao bom debate no auditório do Sindicato dos Bancários de Curitiba. Foram preenchidas por discussões de alto nível sobre as necessidades municipais. Destaque para o candidato a vice Goura que, ao contrário de Ducci, ausente  no debate dos candidatos a prefeito, mostrou estar preparado para ser co-prefeito. O pedetista ampliou a discussão sobre transporte, falando de mobilidade, acessibilidade, pedestres, ciclorrotas e mais. Afirmou que buscar a Tarifa Zero é possível com subsídios dos governos municipal, estadual e federal.

Goura ainda falou de meio ambiente, rios, poluição, árvores e criticou o negacionismo climático. “O candidato da situação é porta-voz do negacionismo”, sentenciou. Sobre o serviço público, anunciou que assinou a carta compromisso dos sindicatos. No tema habitação, dividiu palco com Tiago Chico, do Solidariedade, e disse que vai criar a Secretaria de Habitação, além de promover o Despejo Zero.

Tiago, por sua vez, apontou que 30 mil famílias estão na fila de espera da moradia e anunciou a criação de um prédio padrão para poder construir 90 mil casas ao custo de R$ 13 bilhões. Os recursos saíram de financiamento federal e de fomento internacional. O vice de Luizão, aliás, que é engenheiro civil, procurou ser visionário e trazer soluções técnicas de saúde ao trânsito da cidade. Ele ocupou cadeira de secretário de desenvolvimento na gestão Greca e saiu porque, segundo ele, as decisões eram tomadas com base no “achismo”.

“A Escola do Greca é negacionista. Fez algumas integrais só para a propaganda. Curitiba está na 151a posição no estado. É melhor levar as crianças para outros municípios”, disse o engenheiro. 

Embate ordeiro

Sem os “polêmicos” Paulo Martins e Rosângela Moro no auditório, o debate mais quente ficou entre Letícia, do PSOL, e Jairo Marcelino, do PMB. Discutiram sobre vacinas, negacionismo, golpe de 8 de janeiro e fake news. Mas tudo respeitosamente. Por outro lado, restringir a atuação de ambos a esse confronto é pouco.


Debate realizado na noite desta quinta-feira (12) entre os candidatos à prefeitura de Curitiba, no auditório da UFPR. / Fotografia: Denis Ferreira Netto / Plural

Jairo, ou CristinO, sequer “fez menção de arremessar cadeira”. Na semana passada, ele lacrou ao dizer que “Pimentel era de esquerda”. No debate, falou em defender a democracia, disse que era servidor público, agente penitenciário, e exaltou o funcionalismo público. Mentor, defendeu mérito e processo seletivo para contratar os secretários e secretárias. Pediu até o currículo de Tiago Chico. "Vamos eleger Marçal em São Paulo e Cristina em Curitiba", profetizou.

Já Letícia deixou boas marcas no debate. Mostrou a representação feminina, afirmou-se como LGBTQIA+, enfrentou o negacionismo científico e climático. Ela também trouxe propostas em áreas fundamentais como a saúde, por ser enfermeira, e na área da mobilidade, reforçando passe livre e Tarifa Zero. “Robusta é a fila em todos os setores da saúde: atenção básica, especializada e UPAs Em Curitiba não falta dinheiro, mas capacidade. Foi essa gestão Greca/Pimentel que fechou a UPA Matriz e a gente vai reabrir”, vaticinou.

O debate também contou com a presença de Marcelo, vice que nem de longe tem o brilho de Requião. Ele começou falando bem sobre a cidade bela, forte e justa. Mas derrapou ao não ter propostas profundas para transporte, moradia e funcionalismo. Criticou a terceirização, mas, ao ser perguntado sobre concurso público e contratações, disse que os funcionários precisam antes de melhor formação. Os servidores públicos de Curitiba são muito preparados. O que precisam é de plano de carreira. O candidato prometeu ampliar o atendimento das Unidades Básicas até às 20h00 e disse que no modelo atual de assistência social, “a FAS não faz nada. Precisamos assistir as pessoas".


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*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

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