O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD) ficou faceiro com o presentão que ganhou do MEC (Ministéria da Educação). O Paraná foi considerado como a melhor educação do Brasil no ranking geral do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). O título comemorado pelo governador, porém, coloca em contradição o seu discurso e atuação sobre o ensino. O modelo de educação que Ratinho defende e tenta implementar no estado não é esse que o Ideb premia, mas sim o que você vê neste “Fio da Meada”.
Podemos dizer que Ratinho foi pego de surpresa pela notícia. Nas redes sociais, ele disse: “Uma notícia fantástica. O MEC divulgou o ranking do Ideb e o Paraná é o número um no quadro geral. Desde a criancinha até o adolescente. E com avanços importantes como no ensino fundamental 1, em parcerias com os municípios, aonde (sic) o Paraná ficou em primeiro lugar”, comemorou o governador, parabenizando os profissionais de educação.
Mas quando você olha o recorte temporal, a avaliação abrange 2021 a 2023 e reconhece “política de estado”, não de governo, para melhorar os números. Diz o MEC que o reconhecimento se deve ao motivo de o estado “ter adotado uma estratégia de forte estadualização das escolas responsáveis pelos últimos anos do ensino fundamental”. Aí você grita “EPA! Mas o governador não tá indo no caminho de terceirizar as escolas”? Pois é, tá! Veremos.
Na divulgação do MEC é destacado que o ministério “investe em programas como o Pé-de-Meia e Escola em Tempo Integral para enfrentar os desafios nos anos finais e no ensino médio” e que houve crescimento nacional com relação ao ensino fundamental 1. Ou seja, Ratinho se orgulha de uma política que não é dele.
Eu conversei com o ex-presidente da APP-Sindicato, Hermes Leão, que contou porque o Paraná ficou em primeiro. Segundo ele, Ratinho acerta ao parabenizar quem faz a educação: ou seja professores, pedagogos e funcionários de escola. “O Paraná já esteve em primeiro em governos anteriores. A educação pública de qualidade é um papel de estado, não de governo”, comenta.
Leão, por outro lado, destaca a real política de Ratinho para a educação paranaense. Diz que a gestão do governador reduz a oferta do ensino regular noturno, o que esconde os números da educação. “A política de fechamento de escolas, no campo, ensino noturno e de jovens e adultos tem que ser olhada com o devido cuidado, ainda mais comparado com os estados que não reduziram escolas e projetos”.
Pra fechar, pois dois e dois pode dar quatro, 22 ou nada, a educação que Ratinho tem defendido é a da teleaula, a que congela o salário dos profissionais da educação e não convoca aprovados em concursos. A educação do governador é a questionada militarização das escolas e, mais recentemente, da terceirização do ensino. Aliás, cabe a pergunta final. Se a educação pública do Paraná é a melhor do país, porque militarizar e terceirizar? Certamente não é isso que o MEC reconhece.