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Manoel Ramires

Ney se destaca em debate do Plural

Pimentel e Ducci mostram despreparo ao não irem ao confronto

Se a avaliação das candidaturas de Eduardo Pimentel e Luciano Ducci (mais Maria Victória) foi de que só teriam a perder indo ao debate promovido pelo Plural.jor, o candidato Ney Leprevost foi quem saiu ganhando com isso. Educadamente, enfrentou os adversários Andréa Caldas, Cristina Graeml, Luizão, Requião e Samuel. Se colocou como candidato de oposição dentro da situação e evitou os extremismos. O debate foi pautado pelo transporte público, meio ambiente e privatizações. Educação e segurança pública mereciam atenção especial das candidaturas.

Evidentemente, a falta de Pimentel e Ducci não passaria despercebida. Todos os candidatos tiraram sua casquinha dos “fujões” e fizeram seus “cortes de 15 segundos” para as redes sociais e programas eleitorais. Pior para o “despreparado” candidato da situação, como definiu Andréa Caldas (PSOL), pois não passa confiança para os eleitores. Ser prefeito passa por enfrentar crises. Estar preparado passa por se contrapor posições contrárias de peito aberto. Mas Pimentel se escondeu. Fugiu da Cristina, “a verdadeira candidata conservadora e anti-aborto” da eleição, dos questionamentos sobre clima e transporte de Luizão, da venda da Copel por parte do irmão Daniel Pimentel. Se escondeu de um confronto com Requião sobre gestão municipal e, principalmente, do “fogo amigo” de Ney.

Ducci também perdeu a chance de diminuir a desconfiança do eleitorado petista e de esquerda. Ao não ir ao debate e fugir das cobranças de Requião, não ofereceu explicações sobre creches, sobre saúde, sobre habitação, sobre transporte. Todos temas abordados por Caldas, Luizão e Samuel. Ao faltar à discussão do Plural, além de não orientar a militância, pode perder votos para seus adversários que apresentaram uma visão diferente de Curitiba.

Ausente também, mas menos sentida, Maria Victória perdeu a chance de mostrar sua plataforma em defesa das mulheres. Principalmente quando o assunto é aborto legal, mortalidade infantil, combate à violência contra as mulheres. A pauta foi abordada por Cristina, que defendeu a criminalização de quem faz aborto. Mas, “por sorte”, foi contraposta por Samuel, que defendeu o direito das mulheres decidirem sobre o próprio corpo.

O fato é: nas ausências, Cristina pode tomar votos extremistas de Pimentel que seu vice, Paulo Martins, não garante, Requião pode conquistar votos de quem é crítico ao PT, a Lula, mas não quer votar na direita.

E Ney, por que se deu bem? Porque mostrou que está preparado. Mostrou carreira política sólida. Mesmo saindo de “berço de ouro” como Pimentel, sempre trabalhou e até enfrentou adversidades como votar contra a privatização de escolas de Ratinho. Se deu bem porque discutiu com Caldas sobre assistência social, valorização do funcionalismo público, apontou o excesso de impostos em Curitiba e a falta de transparência.

Para finalizar, nos bastidores, presenciei uma conversa dele com os assessores. Estava preocupado com a audiência do debate e com os cortes que seriam feitos por Rogério Galindo, o mediador. Se tranquilize Ney, valeu a pena ir ao debate plural.

*Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

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