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Filme 1985 resgata ‘frustração’ brasileira sobre julgamento de militares, define historiadora

Para Julia Gumieri, do Memorial da Resistência de SP, longa que concorreu ao Oscar enfatiza o que Brasil deixou de fazer

Indicado ao Oscar como melhor filme estrangeiro, o longa argentino 1985 (2022), de Santiago Mitre, reacende um antigo debate que causa "frustração"  na população brasileira, como define a historiadora Júlia Gumieri, pesquisadora no Memorial da Resistência de São Paulo desde 2015.

Protagonizado pelo premiado Ricardo Darín, que interpreta o promotor Julio Strassera, o filme narra o julgamento dos militares envolvidos na ditadura argentina. O longa mostra o desafio político do país em dar início ao processo e também a conclusão bem sucedida, que culminou com a condenação de mais de 600 militares.

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A obra, vencedora do Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, conta também com Peter Lanzani, interpretando o principal assistente de Strassera, Luis Moreno Ocampo

“Como desejo de justiça, sim, é um caso de sucesso. Podem ter havido pontos negativos e falhas, mas com certeza é bastante exemplar concluir esse processo”, comenta Gumieri em entrevista à edição desta sexta-feira (31) do programa Bem Viver.

A historiadora destaca o mérito dos processos terem atingido mais de 600 militares, incluindo figurões do regime, como o general Jorge Videla, que liderou o golpe de 1976 e morreu na cadeia em maio de 2013, aos 87 anos, onde cumpria duas penas de prisão perpétua.

Os méritos argentinos não cabem ao Brasil, critica Eugênia Gonzaga, procuradora da República e ex-presidente da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), em entrevista ao Brasil de Fato, também veiculado no programa Bem Viver desta sexta. 

A especialista comenta que “a forma de transição que o Brasil fez da ditadura para a democracia não foi uma ruptura. Foi uma transição completamente coordenada e controlada pelos próprios militares e, por isso, eles permaneceram no controle dessa narrativa com a justificativa de abalo à governabilidade do país. Isso convence praticamente todos os presidentes, de certa maneira até presidenta Dilma, durante os seus governos democráticos”, afirma.

Ela destaca que em 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) votou contra a Lei da Anistia, de 1979, que perdoou os representantes do Estado acusados de praticar atos de tortura durante o regime militar. “Eles passaram literalmente por cima dos corpos, dos corpos insepultos, das famílias que perderam seus filhos, seus entes queridos, achando que poderiam ter uma democracia depois disso.”

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Ao comparar o processo de julgamento da ditadura argentina e brasileira, Julia Gumieri define que o processo realizado no país vizinho “é um desejo e uma frustração nossa, da sociedade que anseia por esses caminhos democráticos mais consolidados. Uma conquista que é invejável”.

Iguais, pero no mucho

Além do processo de julgamento, Gumiere destaca outras diferenças entre os dois regimes. 

“ A Argentina já tinha passado por regimes de ditaduras antes do Brasil. Já por aqui, o país passou continuamente por um regime até 1985. Na Argentina isso vai se quebrando nesse período, e com regime mais declaradamente violentos ou modelos de violência mais estatais”, define a historiadora. 

Mas, para Gumiere, a principal diferença entre os dois regimes, se relaciona com o que Eugênia Gonzaga pontuou anteriormente. 

“A principal diferença entre os dois passa pelo caminho da legalidade que o regime brasileiro construiu. Aqui a ditadura viveu 21 anos de certa estabilidade e legitimidade social, com um entendimento de que as coisas estavam funcionando.”

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“O início do fim de uma ditadura é o julgamento”, conclui Gumieri sobre o que falta para o Brasil sepultar o regime de exceção que perdurou no país por 21 anos.


Card Bem Viver / Brasil de Fato

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