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OPINIÃO

Artigo | Afeto e solidão trans para além da pandemia

Solidão se agrava muito mais quando se faz um traçado de gênero, sexualidade, raça, classe, entre outras características

25.jun.2020 às 12h33
Porto Alegre
Nati Castro Fernandes
17ª edição da Caminhada terá trajeto do Masp à Praça da República, na capital paulista

17ª edição da Caminhada terá trajeto do Masp à Praça da República, na capital paulista - Foto: Ennio Brauns/Jornalistas Livres

A solidão é resultado da carência de afetividade, atenção, amor e empatia, afetando de maneira desafiadora nossa saúde física e emocional. Muitas vezes, é preciso estar ao lado de outre(s)** para compartilhar as nossas situações cotidianas, sentimentos e pensamentos, sejam eles bons, ruins ou inesperados, e, desta forma, preencher os “vazios” que há dentro de nós para nos sentirmos mais plenes, prestatives e significatives para com o mundo.

Absolutamente ninguém está desimpedide de possuir este sentimento durante a vida. Dependendo da maneira e momento em que ela é manejada, pode servir como uma ferramenta de aprendizagem e evolução pessoal. Mesmo assim, suas cicatrizes podem ser profundas e afetar de um modo ainda mais cruel determinadas minorias sociais, mas isso não diminui e nem exclui este sentimento que as demais pessoas fora desses grupos também possuem.

Hoje, abordaremos especificamente sobre a solidão das pessoas trans (homens, mulheres e não-bináries(1)), e sim, ela se agrava muito mais quando se faz um traçado de gênero, sexualidade, raça, classe, idade, características físicas, etnia, religião, nacionalidade, etc. Atitudes preconceituosas e classicistas, infelizmente estão presentes no próprio meio LGBTQIA+ e na sociedade como um todo.

Para muitas pessoas, nós trans, travestis, transsexuais, não-bináries e demais pessoas que fogem das regras impostas pela lógica “macho” e “fêmea”, ou seja, a lógica binária de gênero, somos considerades seres desprezíveis, imundes, mundanes, psicopatas, pervertides e pessoas com alto risco para o bem-estar social. O preconceito e a falta de entendimento e reflexão sobre temas relacionados à identidade de gênero, à sexualidade e à diversidade, impostos pela religião e “moralidade”, criam uma barreira que divide pessoas trans e pessoas cisgênero (2). Me faço os seguintes questionamentos: Quem nos ama? Há alguém? Quem cuida de nós? Quem se importa com o nosso sofrimento? Quem está disposte a nos ajudar a curar esse mal da solidão, do esquecimento e do abandono? Podem até acreditar que estou exagerando, mas uma dor somente é sentida quando você convive diariamente com ela: a solidão de não ser amade, simplesmente por ser trans.

A objetificação, a hiperssexualização e a fetichização pelos corpos trans, levam-nos a acreditar que somos apenas um produto de manuseio e descarte. Isto é um fato, é cotidiano e recorrente, pois, quem está disponível para oferecer-nos afetividade e amor genuínos? Inúmeras vezes somos tratades como “máquinas” de fazer sexo e indivíduos submisses para satisfazer, primeiramente, o desejo des outres. Isso é machismo, isso é patriarcado e tóxico! Na grande maioria das vezes, essas “trocas” afetivas não tem sido saudáveis e sem apreço à igualdade de corpos e sujeites. Sem falar que a mídia, como a televisão, o cinema e os demais meios de nossa representação, sempre tem tratado pessoas trans como cômicas, hilárias, caricatas, ridículas, abertas para o deboche, produtorxs de risadas e esquisitice.

É preciso constatar que os corpos trans femininos são “consumidos” principalmente por homens, cisgêneros, casados, que possuem companheiras em relacionamentos tidos como “fechados” etc, e isso constantemente acontece às escondidas, pois somos sempre as amantes e quase nunca as “amadas”, as preteridas, mas nunca as preferidas e escolhidas.

Com o trabalho de prostituição que muites de nós (principalmente mulheres trans e travestis) acaba desempenhando para sobreviver à falta de oportunidade, empregabilidade, “formação” acadêmica, profissionalização e à exclusão de modo geral, somos taxades de prostitutes, putes, piranhas, raparigues, vadies e garotes de programa ambulantes, e não como seres humanos, que também possuem sentimentos e afeições, e que não estão disponíveis para sexo 24 horas nos 7 dias da semana. Violência essa, muito comum nos nossos aplicativos de busca de parceires e demais redes sociais da internet. Aliás, é pelos meios digitais que os “homens” assumem sua masculinidade frágil e falta de coragem de amar uma pessoa trans em público, sendo de maneira virtual o início dessa objetificação.

As violências, marginalizações e violações que sofremos dia após dia nos faz perder energia, confiança, nos sentirmos solitáries, sozinhes, descartáveis e inúteis. E como mudar isso? Como criar laços de afetividade com os nossos, nossas e nosses? Que amor verdadeiro estamos recebendo?

A passabilidade (3) é um fator decisivo para uma pessoa cisgênera assumir uma relação de amor público com a gente. Quanto mais nos parecermos como homens ou mulheres, quanto mais bináries e padrões, dentro da lógica de estética capitalista e consumista, mais “aceitáveis” somos para a sociedade.

Transformar em solitude (4) a nossa dor, requer mais empatia das pessoas com a gente, reinventar o nosso próprio amor, sermos equiparades no olhar, no cuidado e no zelo. Por isso, é tão importante pessoas <trans> buscarem redes de apoio e serem protegides pelo Estado, escola, serviços de saúde e psicossociais, mercado de trabalho etc, com emancipação dos nossos direitos. É urgente falarmos sobre a nossa existência, construindo diálogos, sermos representades nos espaços, na mídia, nas nossas próprias famílias, na política e na voz; promover uma educação acolhedora que ensine amar e respeitar as dissidências (5), as pessoas trans; sermos amades e vistes como seres humanos de verdade.

 

(1) Gênero não-binárie: aquelx que não se conforma com a imposição dos gêneros binários (masculino, feminino, trans masculino, trans feminino) sobre os corpos.

(2) Cisgêneridade: é a normatização imposta pelas pessoas cisgêneras, ou seja, as pessoas cujo gênero é o mesmo que o designado no seu nascimento.

(3) Passabilidade: demonstrar-se, apresentar-se, dar a entender que fisicamente e esteticamente não se pareça uma pessoa trans, como alguém que fez uma “transição” de gênero.

(4) Solitude: fazer da solidão um momento de crescimento pessoal, uma período de descobertas, onde se busca se sentir bem sozinhe.

(5) Dissidências: aquelxs que divergem da “normalidade”, da conduta social.

 

* Nati Castro Fernandes, 23 anos, Travesti, nordestina, estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, militante do Levante Popular da Juventude do Rio Grande do Sul.

** Este texto foi escrito numa tentativa de maneira “inclusiva”, ou seja, as palavras que possuem gênero definido de acordo com a Norma Padrão da Língua Portuguesa, as letras “a” e “o” foram substituídas pela letra “e” ou “x”. Exemplo: outro = outre.

Editado por: Marcelo Ferreira
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