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EPIDEMIA

Artigo | Coronavírus, agronegócio e estado de exceção, por Silvia Ribeiro

Para a pesquisadora, discurso sobre a epidemia oculta a criação de animais em regime industrial como uma de suas causas

02.mar.2020 às 18h08
La Jornada
Silvia Ribeiro ()

A pesquisadora considera que a ameaça de pandemia é "seletiva" - Nelson Almeida/ AFP

Muito se diz sobre o coronavírus Covid-19 e, no entanto, também se diz muito pouco. Existem aspectos fundamentais que permanecem à sombra. Quero nomear alguns deles, diferentes mas complementares. 

O primeiro se refere ao mecanismo perverso do capitalismo, de esconder as verdadeiras causas dos problemas para não agir contra elas e não afetar seus interesses, mas, ao mesmo tempo, fazer negócio com a aparente cura dos sintomas. Enquanto isso, os Estados gastam enormes quantidades de recursos públicos em medidas de prevenção, contenção e tratamento, que tampouco atuam para combater as causas, e então esta forma de enfrentar os problemas se transforma em um negócio para as transnacionais que fabricam vacinas e medicamentos, por exemplo.

Os vírus e bactérias são mencionados como se fossem exclusivamente organismos nocivos que deveriam ser eliminados. Privilegia-se um enfoque de guerra, como em tantos outros aspectos da relação do capitalismo com a natureza. No entanto, devido à sua capacidade de passar de uma espécie a outra, os vírus e bactérias são parte fundamental da coevolução e adaptação de seres vivos, assim como do equilíbrio com o meio ambiente e a saúde, incluindo os humanos. 

O Covid-19, que agora ocupa as capas de jornais mundialmente, é uma cepa (tipo) da família dos coronavírus, que provocam doenças respiratórias geralmente leves mas que podem ser graves para uma pequena porcentagem dos afectados devido à sua vulnerabilidade. Outras cepas do coronavírus causaram a Síndrome respiratória aguda grave (SARS), considerada uma epidemia na Ásia em 2003, desaparecida em 2004, e Síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), praticamente desaparecida. Como o Covid-19, esses são vírus que podem estar presentes em animais e humanos e, como acontece com todos os vírus, os organismos afetados tendem a desenvolver resistência, o que gera, por sua vez, uma nova mutação.

Existe um consenso científico de que a origem deste novo vírus — como todos que foram declarados como pandemias nos últimos anos, inclusive a gripe aviária ou a gripe suína originada no México — é zoonótica. Isto é, ele provêm de animais e, após mutação, afeta os humanos. No caso do Covid-19 e da SARS, suspeita-se que o vírus pode ter se originado de morcegos. Ainda que tentem responsabilizar a venda de morcegos no mercado asiático, na verdade, esse consumo de animais silvestres na forma tradicional e local não é o problema. Os fatores fundamentais são a destruição dos habitats das espécies silvestres, a migração desses animais para as cidades e/ou a expansão da agropecuária industrial, com os quais são criadas as situações adequadas para a mutação acelerada dos vírus.

A verdadeira fábrica sistemática de novos vírus e bactérias que são transmitidos a humanos é a criação de animais em regime industrial, principalmente aves, porcos e vacas. Mais de 70% dos antibióticos em escala global são utilizados para engorda ou prevenção de infecções em animais não doentes, o que produziu um grave problema de resistência aos antibióticos, também para humanos. A OMS fez um chamado, em 2017, para que as indústrias da agropecuária, piscicultura e alimentar deixem de utilizar antibióticos sistematicamente para estimular o crescimento de animais saudáveis.

A esse caldo, as grandes corporações agropecuárias e alimentares ainda adicionam ainda doses regulares de antivirais e agrotóxicos dentro das mesmas instalações.

No entanto, é mais fácil e conveniente apontar uma meia dúzia de morcegos ou civetas — que tiveram seu habitat destruídos — do que questionar essas fábricas de doenças humanas ou animais.

A ameaça de pandemia também é seletiva. Todas as doenças que foram consideradas epidemias nas duas últimas décadas, inclusive o Covid-19, produziram menos mortes que as doenças comuns, como a gripe — pela qual, segundo a OMS, morrem até 650 mil pessoas por ano globalmente. No entanto, essas novas epidemias motivam medidas extremas de vigilância e controle. Como considera o filósofo italiano Giorgio Agamben, assim se afirma a tendência crescente de utilizar o estado de exceção como paradigma normal do governo. 

Ao se referir ao caso do Covid-19 na Itália, Agamben comenta que “o decreto-lei imediatamente aprovado pelo governo "por razões de higiene e segurança pública" resulta de fato em uma verdadeira militarização ‘dos municípios e das áreas em que resulta positiva pelo menos uma pessoa para a qual não se conhece a fonte de transmissão ou, de toda forma, nos quais existe um caso não atribuível a uma pessoa proveniente de uma área já afetada pelo contágio do vírus’. Uma fórmula tão vaga e indeterminada permitirá que o estado de exceção seja rapidamente estendido a todas as regiões”. 

A isso, adiciona Agamben, soma-se o “estado de medo que nos últimos anos foi evidentemente se difundindo nas consciências dos indivíduos e que se traduz em uma verdadeira necessidade de estados de pânico coletivo, para o qual a epidemia mais uma vez oferece o pretexto ideal. Assim, em um perverso círculo vicioso, a limitação da liberdade imposta pelos governos é aceita em nome de um desejo de segurança que foi induzido pelos próprios governos que agora intervêm para satisfazê-lo”.

*Silvia Ribeiro é integrante do Grupo de Ação sobre Erosão, Tecnologia e Concentração (ETC)

Editado por: La Jornada
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