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CULTURA

Dez músicas de Aldir Blanc para explicar a conjuntura num país “de frente pro crime”

Compositor de clássicos como o "Bêbado e o Equilibrista'' e ''Querelas do Brasil'', faleceu nesta segunda-feira (4)

05.maio.2020 às 13h39
Curitiba (PR)
Ricardo Pazello

Aldir Blanc morreu após ser contaminado por coronavírus - Instituto de Radiodifusão da Bahia / Divulgação

Um país que perde alguém como Aldir Blanc sem conceder um doutorado “honoris causa” demonstra suas raízes coloniais: não reconhece sua cultura, portanto.

Enquanto o Brasil assiste, boquiaberto e “de frente pro crime” (no caso, pros crimes de responsabilidade e comuns do presidente da república), ao cordão dos puxa-sacos da ditadura  pedindo a volta do regime que matou, roubou e destruiu o país, o poeta da anistia nos morre de coronavírus. Um pouco de todos nós morremos de COVID-19 hoje, e “de frente pro crime” (como diriam Aldir e João Bosco, para escolher uma de sua imensa coleção de canções), com muitos corpos estendidos em valas comuns…

– “De frente pro crime” (Aldir Blanc e João Bosco)  – com João Bosco

 

A morte de Aldir Blanc, seguida do suicídio político de Flávio Migliaccio (a carta deixada pelo ator originado no CPC da UNE e no Teatro de Arena é um dos documentos mais tristes de nossa história recente), parece invisível à cultura do ódio reinante na república terraplanista do Brasil. A senhora Duarte parece não ter dignidade cultural alguma. Só segue, silente e amedrontadamente, seu chefe coronário. Isto, aliás, faz lembrar o discurso de João Calvoso, na trilha de “Era no tempo do rei”, composta por Carlos Lyra e Aldir Blanc, para o livro de Ruy Castro sobre a chegada da família real ao Brasil, no século XIX:

– “Ária do Calvoso” (Aldir Blanc e Carlos Lyra) – com André Dias

 

“Criminoso, oportunista e cão servil”, além de outros adjetivos de mesmo quilate: alguém tem dúvida de que cabem perfeitamente para o “estróina” de plantão? Aliás, outra do Aldir, dessa vez em parceria com Sílvio da Silva Júnior, que serve como luva no contexto atual é o “Amigo da onça”. As minhas músicas preferidas da dupla Blanc e Silva Júnior são mais românticas (“Nada sei de eterno” – na incrível expressão de Taiguara) e fraternas (“Amigo é pra essas coisas”), no entanto, para o momento a perfeita mesmo é a resposta dos próprios autores para o tema – “Amigo é pra essas coisas 2”:

– “Amigo da onça ou amigo é pra essas coisas 2” (Aldir Blanc e Sílvio da Silva Júnior) – com MPB4

 

“Você se agarra direitinho no passado”, “Tô falando e andando” (expressão tipicamente brasileira censurada na canção), “Quem está incomodado que se mude”, “Que ingratidão”, “Teu caso só bordoada cura”: todos versos que, sem tirar nem pôr, expressam a briga do ex-juiz com o presidente-insano. Um vive do passado, outro arrependido teve que se mudar. Só bordoada de Brasil na cara dos dois para curá-los…

Pois é, Aldir Blanc era um desses poetas apaixonados pelo Brasil, que vagava sem ser ouvido. Brincando com Ary Barroso ou Silas de Oliveira, deu sua versão para a exaltação do nosso país com suas “Querelas do Brasil” (compostas com Maurício Tapajós). Como pode uma música exaltar e criticar tão bem ao mesmo tempo?

– “Querelas do Brasil” (Aldir Blanc e Maurício Tapajós) – com Elis Regina

 

Em minha opinião, a maior lição sobre quem são as classes sociais dominadas no Brasil – a nova classe operária, o proletariado, a classe-que-vive-do-trabalho, enfim, o povo – está no “O rancho da goiabada” (também parceria com Bosco). Professoral e ironicamente eu diria – senão vejamos:

– “O rancho da goiabada” (Aldir Blanc e João Bosco) – com Quarteto em Cy

 

Mas como poeta maior também Aldir, assim como tantos outros, cantou a América Latina. A parceria com a incrível Sueli Costa – à qual se juntou o também importantíssimo companheiro de composições Paulo Emílio – dedicada “Para os meninos da Nicarágua” é notável:

– “Para os meninos da Nicarágua” (Aldir Blanc, Sueli Costa e Paulo Emílio) – com Sueli Costa

 

O final agonizante da canção é depoimento oposto ao que vivemos no Brasil de hoje: “disposto a doar seu sangue, gota a gota, a gota, a gota… Como gotejam os soros nas noites dos hospitais” um guerrilheiro sandinista se sacrifica para uma nova sociedade. Engraçado que a carta de Migliaccio pedia para que cuidássemos de nossas crianças. Terão esses meninos e meninas futuro?

Bom, o fato é que Aldir era médico de formação, com especialidade em psiquiatria. Continua tendo muito a nos ensinar nesse mundo “louco”. E ainda tem espaço para criticar os planos de saúde, o imperialismo e o estresse do mundo do trabalho moderno no seu sugestivo “Baião de Lacan”, feito a quatro mãos com o desventuroso parceiro de análises, o grande Guinga:

– “Baião de Lacan” (Aldir Blanc e Guinga) – com Leila Pinheiro e Guinga

 

Quando todos recebemos a notícia da internação de Aldir, comoção inevitável; seu passamento agora então, comoção geral. O Brasil internado e morto num hospital de Vila Isabel. Deixa muita saudade, assim como a que ele tinha pela Guanabara. Minha música preferida dele, inclusive, são as “Saudades da Guanabara”, em coautoria monstruosa ao lado de Moacyr Luz e Paulo César Pinheiro (se juntássemos Vinícius e Chico, teríamos o quinteto letrista perfeito do Brasil):

– “Saudades da Guanabara” (Aldir Blanc, Moacyr Luz e Paulo César Pinheiro) – com Moacyr Luz

 

“E na Vista Chinesa solucei de dor pelos crimes que rolam contra a liberdade”! Quanto simbolismo sem querer querendo!!! E certamente é a China que nos acusa os crimes do capitalismo neofascista brasileiro… 

O pedido do salgueirense e vascaíno Aldir para o Brasil tirar “as flechas do peito do meu Padroeiro” é muito forte. Um santo negro vilipendiado simbolizando o Rio como metáfora de todo um país. Impossível não recordar de uma “Lua sobre sangue” como a que ilumina o Salgueiro do poeta (em composição conjunta com Cláudio Jorge):

– “Lua sobre sangue (Salgueiro)” (Aldir Blanc e Claudio Jorge) – com o próprio Aldir Blanc

 

Alta poesia, no meu modesto modo de ver… Mas altamente popular, também. Espécie de reverso de um Gregório de Matos no século XVII, e sua crítica ferina mas conservadora. 

Com essas veredas da canção de Aldir Blanc, apresento, na verdade, minhas preferências dentro de seu repertório genial, priorizando a pluralidade de parceiros e intérpretes. É verdade que faltou uma “pá” de músicas ao lado de João Bosco, unha-e-carne como este último mesmo disse no dia de hoje, por ocasião da morte do camarada. Mas as que foram citadas servem para representar outras obras-primas como inegavelmente o são “O mestre-sala dos mares”, “O bêbado e a equilibrista”, “A nível de…”, “Escadas da Penha”, “Gênesis”, “Incompatibilidade de gênios”, “Kid Cavaquinho”, “Linha de passe”, “Nação”, “O cavaleiro e os moinhos”, “Plataforma”, “Ronco da cuíca”, “Siri recheado e o cacete” e “Tiro de misericórdia”… ufa!

Por fim, a poesia aberta ao tempo que tudo sara, como carta-testamento de Aldir Blanc, sobre o piano de Cristóvão Bastos:

– “Resposta ao tempo” (Aldir Blanc e Cristóvão Bastos) – com Nana Caymmi

 

“E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver
No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer…”

Ninguém vai poder esquecer o nosso grande poeta! Aldir Blanc é Aldir Blanc para sempre!

Em resumo:

1.    De frente pro crime (Aldir Blanc e João Bosco)  – com João Bosco

2.    Ária do Calvoso (Era no Tempo do Rei) (Aldir Blanc e Carlos Lyra) – com André Dias 

3.    Amigo da onça ou amigo é pra essas coisas 2 (Aldir Blanc e Sílvio da Silva Júnior) – com MPB4 

4.    Querelas do Brasil (Aldir Blanc e Maurício Tapajós) – com Elis Regina

5.    O rancho da goiabada (Aldir Blanc e João Bosco) – com Quarteto em Cy

6.    Para os meninos da Nicarágua (Aldir Blanc, Sueli Costa e Paulo Emílio) – com Sueli Costa 

7.    Baião de Lacan (Aldir Blanc e Guinga) – com Leila Pinheiro e Guinga 

8.    Saudades da Guanabara (Aldir Blanc, Moacyr Luz e Paulo César Pinheiro) – com Moacyr Luz 

9.    Lua sobre sangue (Salgueiro) (Aldir Blanc e Claudio Jorge) – com o próprio Aldir Blanc

10.    Resposta ao tempo (Aldir Blanc e Cristóvão Bastos) – com Nana Caymmi 

 

Editado por: Gabriel Carriconde
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