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OPINIÃO

Artigo | Decisões robustas

Diante de uma epidemia, deve-se minimizar o total de mortes com isolamento e auxílio às famílias mais pobres

01.abr.2020 às 16h46
Porto Alegre
Iporã Brito Possantti

Médicos de Porto Alegre pedem que população mantenha isolamento - Foto: Reprodução Hospital Moinhos de Vento

Diante de uma epidemia, a estratégia mais robusta para minimizar o total de mortes, diretas e indiretas, é a quarentena com isolamento horizontal associada à medidas sociais mitigadoras, como renda básica e acesso a suprimentos para os mais pobres. O preço? Não importa. A economia pode se recuperar, vidas não.

Considere o seguinte problema:

Em um país, um vírus causa uma epidemia. O vírus se espalha pelo contato social entre as pessoas. A doença é letal para muitos infectados. Deseja-se evitar as mortes decorrentes da crise.

E aqui vem o detalhe: evitar as mortes decorrentes da crise e não apenas as mortes causadas pelo vírus.

Essas mortes são a soma dos (1) óbitos causados pelo vírus e (2) óbitos causados por outros fatores da crise. Por exemplo, se os hospitais ficarem lotados de pacientes infectados pelo vírus, vítimas de outros problemas – tais como acidentes de trânsito, ataques cardíacos, crimes, etc – ficariam sem tratamento e, eventualmente, morreriam. São as mortes indiretas da crise. Alguns até mesmo sugerem que a recessão econômica poderá produzir mortes por fome, mas isso (por enquanto) eu acho um exagero.

O problema tem um único objetivo: minimizar o total de mortes.

Alguns argumentariam que o problema deveria ser multiobjetivo: minimizar mortes e minimizar perdas econômicas. A limitação desse argumento é que ele atravessa o limite da ética. Problemas multiobjetivos implicam em perdas e ganhos (tradeoffs) – quando um objetivo é favorecido em detrimento de outro. Definir o problema dessa forma significa admitir que perdas econômicas possam ser reduzidas pelo sacrifício de vidas. Isso é obviamente repugnante e desumano. Para permanecer dentro dos limites da ética, precisamos excluir o fator custo e olhar apenas para as vidas.

Então, qual seria a solução do problema? Quais seriam a sequência de decisões, isto é, a estratégia, para minimizar o total de mortes?

A palavra-chave aqui é robustez. Uma situação de crise requer decisões robustas, ou seja, decisões extremamente seguras, à prova de falhas. Em muitos contextos, decisões robustas geralmente custam muito caro ou são muito difíceis de implementar. Por exemplo: uma forma de acabar de vez com a escassez de água seria construir usinas para dessalinizar a água do mar. É robusto, porém caro. Outro exemplo: um jeito de reduzir a desigualdade social em um país seria taxar grandes fortunas, instituindo renda básica universal e investindo por décadas na educação dos jovens. Robusto, porém difícil (acho que seria preciso uma revolução social).

É claro que em uma situação de vida ou morte, como a de uma epidemia, decisões robustas devem ser tomadas.

Se o vírus se espalha pelo contato social, a decisão mais robusta seria impedir o contato social entre as pessoas. É o que nós estamos chamando de quarentena com isolamento horizontal (lockdown). Com as pessoas confinadas em casa, a velocidade de espalhamento do vírus reduziria, os hospitais não lotariam e, enfim, o total de mortes seria minimizado. Problema solucionado.

A quarentena é uma decisão difícil, pois requer a cooperação de toda a população. Também é uma decisão muito cara, em razão da recessão econômica causada. Mas vamos pagar esse preço. Lembre-se que o fator “custo” não está na definição do problema. Existe muita riqueza no mundo (nas mãos de poucos, é verdade) que poderia ser distribuída aos mais necessitados durante e após a passagem da crise.

Alguns dizem que seria possível uma estratégia mais inteligente, com isolamento vertical auxiliado por diagnósticos em massa e uma série de protocolos. Isso reduziria as mortes e o impacto econômico não seria tão grande. E estão corretos. Mas além de incluir o objetivo econômico, o que é antiético nessa circunstância, não é uma estratégia robusta! Existem muitos flancos nessa abordagem, muitos gargalos, pois é preciso ter muito controle sobre a situação. Pode funcionar em países bem equipados e bem treinados. O quanto estamos dispostos a arriscar?

Mas a quarentena também tem seus problemas. Ela só é à prova de falhas quando a sua duração é bem dimensionada, e isso varia de país para país. Se for mal dimensionada o tiro pode sair pela culatra. Eu explico. Um país muito rico poderia muito bem suportar uma longa quarentena pois a grande maioria de seus cidadãos trabalharia de casa – homeoffice. Agora um país pobre, ou com grandes desigualdades sociais, teria problemas em manter pessoas confinadas em suas casas. Famílias pobres não tem suprimentos em casa para mais de uma semana e, para manter a geladeira, precisam trabalhar em serviços na rua, usando transporte público. Uma quarentena longa submeteria a população mais pobre à fome, o que não é nada sustentável. As pessoas iriam trapacear as regras e voltar para as ruas, em busca de trabalho ou suprimentos. Alguns sugerem que longas quarentenas poderiam inclusive desencadear circunstâncias de caos social e crime generalizado. Com isso, o contato social voltaria, junto com as mortes pelo vírus, sepultando também a estratégia.

Além de um bom dimensionamento temporal, uma forma de reduzir o risco de trapaça da quarentena em países com muitas famílias pobres seria implementar medidas mitigadoras. Essas medidas garantiriam renda básica ou acesso a suprimentos para que as famílias mais pobres suportem mais tempo confinadas em casa que o normal.

Diante de uma epidemia, a estratégia mais robusta para minimizar o total de mortes, diretas e indiretas, é a quarentena com isolamento horizontal associada à medidas sociais mitigadoras, como renda básica e acesso a suprimentos para os mais pobres. O preço? Não importa. A economia pode se recuperar, vidas não.

 

Iporã Brito Possantti é engenheiro ambiental, mestre pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas – IPH e militante do Coletivo Ambiente Crítico de POA

 

 

Editado por: Marcelo Ferreira
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