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Início Bem viver Cultura

CRÔNICA

Só fiz um gol em toda a minha vida

"Bons tempos. Agora, como retomar o fio da conversa com ele?"

19.fev.2020 às 15h44
Curitiba (PR)
Pedro Carrano

Eu havia jogado com ele nos idos de 1995, no velho Malutron - Joka Madruga

Na semana passada, fui buscar a minha filha na escola e comprovei que realmente os traços de cada pessoa são inconfundíveis, mesmo com o passar do tempo. Era Gustavo, que deixava o portão da escola, e eu havia jogado com ele nos idos de 1995, no velho Malutron, coordenado pelos professores Mauro Madureira, Paulo Roberto, Tininho e outros ex-jogadores tentando montar uma equipe a partir do financiamento de dois empresários paranaenses, que certamente não sabiam mais onde enfiar tanto dinheiro, e decidiram criar seu próprio clube, por mera diversão.

Olhei de novo. E a memória conseguiu um reconhecimento facial mesmo por trás dos cabelos completamente grisalhos, do tempo que corre para todos nós. Era ele mesmo, ponta esquerda, posição hoje extinta (mais um indício do tempo), na época canhoto e rápido naquele “pré-estádio”, um descampado todo esburacado. Gustavo buscava a filha, mais nova que a minha.

Gustavo dos tempos quando disfarçávamos e errávamos as contas dos exercícios abdominais e o professor Paulo Roberto anunciava, profético:

– Futebol agora é setenta por centro parte física e trinta por cento parte técnica. Cêis são tudo uns migué! Cêis tão morto!

Dos tempos quando uma bola furada ou um passe não matado corretamente significava ter que descer o barranco que levava quase ao começo da BR-277 para buscar a bola de volta. Bons tempos. Agora, como retomar o fio da conversa com ele? Afinal como recordar algo que no fundo é ridículo, mas ao mesmo tempo imensamente importante: Gustavo me deu o passe para o único gol em campeonato de toda a minha vida. Na condição de lateral-direito (que nem sempre voltava para marcar, admito) não é algo tão catastrófico. Mas de fato tenho apenas um único gol no meu currículo. Poderia vendê-lo ou doá-lo para o próximo jogador que quiser se aproximar da marca de mil. 

O Malutron naquela época reunia jovens de todas as origens e classes sociais. De um garoto que chegava de Mercedes (na época!), levado por um motorista particular, e estava ali apenas para ocupar a agenda da semana, até Celso, jovem que depositava toda a esperança e talento em tornar-se um craque. Recordo de uma vez que algum dos Malucelli (não sei se pai, tio ou filho dono do time), gabava-se orgulhoso de que tinha descoberto Celso.

– Esse é o nosso fera, ressaltava o 'nosso', enxergando uma futura mercadoria.

Celso era explosivo. Chutava com as duas pernas, fazia fila entre os zagueiros, batia falta com maestria, no tempo quando o futebol brasileiro ainda se impunha pela capacidade de improviso. Ao mesmo tempo, era expulso em quase toda a partida e fico pensando agora no futuro dele e de tanta gente que depositou, nos anos 90, a esperança no futebol. Onde ele estaria? Esse já poderia ser um bom assunto com Gustavo. 

Já o meu gol só podia ter sido torto, sofrido, como o meu próprio futebol. Recebi a bola atravessada da esquerda para a direita, apenas dois zagueiros na área, bati cruzado, quase voltando o passe para Gustavo, do outro lado da área. Para não ter o direito de que o meu primeiro gol fosse incontestavelmente e de fato apenas meu, a bola ainda tocou no zagueiro e entrou.

Alegria, falta de jeito, era assim a sensação de um gol? Dever cumprido. Ao menos guardo um único gol comigo para esses momentos que a vida nos lança para a frente e a memória aparece, fio elétrico desencapado. Gustavo e a filha dele passa por mim. Deixo ele passar. A inércia curitibana pode ser uma boa justificativa que me impediu de procurá-lo. Deixar a memória como eu a recrio, também. 

Editado por: Lia Bianchini
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