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Autoritarismo

Artigo | A destruição da sacrossanta

Bolsonaro empenha-se numa cruzada maluca para destruir as frágeis estruturas da pátria brasileira

31.ago.2020 às 16h05
São Paulo (SP)
Manuel Domingos Neto
Jair Bolsonaro

Bolsonaro deixa a Catedral de Brasília após agredir repórter em entrevista: "A vontade é encher tua boca com porrada" - Sergio Lima / AFP

Por Manuel Domingos Neto*

Nação é comunidade complexa, formada por segmentos sociais numerosos, diferenciados e sempre em disputa uns com os outros.   

As Ciências Sociais já demonstraram que tal entidade é mais que simples manifestação do instinto gregário observado em agrupamentos “tribais”. Demonstraram que não é fruto “natural” do desenvolvimento socioeconômico e a submissão dos vizinhos pela força, como acreditava Hitler.

Também não é crença comum num passado mítico deliberadamente sugerido pelo romantismo. Ou ainda lastreada em “tradições” fabricadas e impostas de cima para baixo. 

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Nação não se fundamenta em etnias, língua ou crenças religiosas. Tampouco resulta da vontade ou da determinação do Estado, em que pese o esforço ingente do poder político para moldar a sociedade e apresentar-se como sua legítima expressão.

Um alemão, Otto Bauer, cunhou a expressão “comunhão de destino” para caracterizar a nação, comunidade que se reconhece e é reconhecida quando antevê futuro promissor para seus integrantes. 

Processos formadores dessas comunidades compreendem a ampla disseminação e apropriação de valores morais, predileções estéticas e, sobretudo, laços solidários, vontades ou sonhos coletivos de vida melhor. 

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Benedict Anderson, antropólogo traduzido em mais de quarenta idiomas, demonstrou a importância da linguagem impressa na formação das nações. Jornais, livros e músicas fazem com que pessoas que não se conhecem nem pensam do mesmo jeito se emocionem com as mesmas coisas.

A redução de desigualdades sociais, das disparidades regionais e o combate às discriminações étnicas estão no cerne da construção da nação. Alguns distinguem “questão nacional” de “questão social”. Ora, mesmo distintas, são irmãs gêmeas! Uma não pode ser “solucionada” sem a outra.
   
O apelido afetivo da nação é “pátria”, termo latino que remete à “terra dos pais”. O patriotismo é o amor ao lugar dos ancestrais. Esse é o mais sublime e repulsivo sentimento de uma coletividade. Por amor à pátria, seus filhos enlouquecem, matando e morrendo em grande escala, como demonstrado nas guerras mundiais e coloniais. Associada às ideias de vida e morte, a pátria firma-se como entidade sacrossanta.
 
Bolsonaro, com seus banqueiros, generais, pastores e milicianos, empenha-se numa cruzada maluca para destruir as frágeis estruturas da pátria brasileira. 

Não me refiro apenas à sua obediência vergonhosa à potência estrangeira dominante, mas àquelas instituições e práticas que exerceram papéis indispensáveis na construção da comunidade nacional imaginada.

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A Fundação Nacional do Índio (Funai), por exemplo, que cuida dos povos originários. A relevância desses povos para a ideia de comunhão nacional foi reconhecida desde o século XIX. Pedro II, buscando encarná-la, decorou seu manto europeu com penas de aves nativas.

Escritores e artistas preocupados com a formação da alma nacional exaltaram motivos indígenas, inclusive inventando “bons selvagens”. A mortandade em curso entre os originários, anula a percepção de “humanidade” e enterra o impulso primário de “defesa da terra dos pais”. 

O Censo Demográfico é outro instrumento indispensável à construção da comunidade imaginada. Sem ter ideia de quantos somos, onde estamos, como vivemos e o que é possível fazer por todos, é impossível pensar em comunidade.

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O Censo, em essência, é o que permite tudo isso. Contabilizar o mais perfeitamente possível os problemas sociais desagregadores da comunidade nacional é o primeiro passo enfrentá-los. Adiar mais uma vez o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é jogada de efeito para fragilizar a pátria. 

Quanto ao travamento do avanço da educação superior e da ciência, trata-se de marretada fatal na testa da sacrossanta. A moderna comunidade nacional é fundada na ideia de futuro promissor, cujo lastro está na produção incessante de conhecimentos.

Negar a ciência é negar perspectiva à pátria. Julgar que determinadas áreas do conhecimento científico são mais importantes que outras, é idiotice. Como foi mil vezes teorizado desde o tempo antigo, idiotas não captam processos constitutivos de sociedades, sejam elementares ou complexas. Ignoram os processos de produção do saber.

Permitir a queima da floresta, o desequilíbrio ecológico, a morte dos rios é demonstração de amor à pátria? Alegar que esse foi o caminho percorrido pelos países mais ricos apascenta as almas inquietas? 

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Um general, volta e meia, acusa um ex-chanceler de desservir a pátria denunciando no exterior o uso da Justiça para perseguições políticas. Ora, pátrias condicionam mutuamente umas às outras! Nações não existem solitariamente. Sem princípios norteadores da convivência mundial, sem contenções morais, a comunidade de nações seria um inferno dantesco!

Que bobalhão perigoso, esse general! É daqueles que não sabem por quem os sinos dobram. Seu patriotismo é castrense: morre e mata pela corporação, não pelos que a mantém com o seu suor. Ama as benesses corporativas, não a multifacetária comunidade de viventes reconhecida como brasileira. 

Observando conversas em supermercados e mídias sociais, pensei na possibilidade de Bolsonaro unir brasileiros em torno das mesmas preocupações… 

E se o presidente agregasse esquerda, direita e centro, gente de todos os credos e origens étnicas, gente das mais variadas condições sociais, seus apoiadores e contestadores, todos em torno de uma novela policial, tipo… “por que Queiroz depositou dinheiro na conta de Michelle?”.

Não, Bolsonaro, não é como a banda de Chico Buarque, que faz toda a cidade cantar alegremente coisas de amor.

*Manuel Domingos Neto é historiador, professor e ex-deputado federal (1989-1991) pelo PCdoB

Editado por: Leandro Melito
Tags: autoritarismobolsonaro
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