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CULTURA

“A música tem a capacidade de puxar o sonho para mais perto”, declara Zé Pinto

O violeiro, compositor e cantador das lutas do povo conta sua trajetória e avalia o papel da arte no atual momento

21.set.2020 às 16h47
Belo Horizonte
Amélia Gomes
Zé pinto sorrindo com violão

"Por isso não basta fazer música, tem que fazer música arte. A palavra chave é arte." - Créditos da foto: Larissa Costa

Com mais de quatro décadas de carreira, Zé Pinto é um verdadeiro patrimônio cultural do povo brasileiro. Em suas canções o artista, que também é produtor rural, versa sobre a luta pela terra, o sonho e desejo de vida digna para todos os brasileiros e a alegria da nossa gente. É de sua autoria a canção que se tornou um hino da luta do povo no Brasil "Ordem e progresso".

Apesar de ser filho das Minas Gerais, o músico já cantou e morou por diversos cantos do país e recentemente retornou à terra natal. Em maio deste ano, o cantador comemorou 60 anos de vida e de luta. Mais da metade dessa jornada, o artista caminhou de mãos dadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Nesta entrevista Zé Pinto fala sobre sua trajetória, suas composições e como nesse momento sombrio e de incertezas em que vivemos, a arte se torna ainda mais fundamental.

Você pode ouvir algumas das músicas do artista neste endereço 

Brasil de Fato – Como foi a sua trajetória como violeiro? Quando surgiu essa paixão?

A música entrou na minha vida pela influência do meu pai. Ele era uma pessoa muita trabalhadora e humilde, mas gostava de tocar violão e juntar a família, a molecada. Ele e a minha mãe. Eles sempre faziam cantoria no final da noite, depois do banho.

A arte é uma coisa maravilhosa. É muito mais que palavra. A arte é mais do que arte

Agora meu encontro com a viola caipira aconteceu depois de casado. Depois que eu casei com a Matilde a gente veio para Minas Gerais e nessa vinda eu sofri muita influência de um sujeito chamado Flor da Noite, lá do assentamento Dois de Julho, na grande BH. Eu já rodava o Brasil com o violão, mas foi com ele que eu tive minhas primeiras aulas, primeiros acordes de viola. Então eu devo muito a esse grande violeiro chamado Flor da Noite.

Como e quando a música e a luta pela terra se encontraram na sua vida?

Eu comecei a minha militância de 85 para 86 e novamente pela influência de meu pai. Quando eu voltei do exército para casa meu pai disse: "Meu filho estamos organizando um partido novo, o Partido dos Trabalhadores". Então eu já fiquei influenciado com isso. E em seguida veio a fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais no nosso município. Essas duas coisas aconteceram mais ou menos juntas.

A arte nos constrói, nos eleva, nos humaniza. Amplia a nossa capacidade de enxergar possibilidades

E aí logo em seguida o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra organizou em Rondônia um curso, e as freiras e padres da região convidaram a gente para participar. E desde então eu comecei a organizar o MST. E já nesse início assumi o jornal Sem Terra, fui o primeiro zelador do jornal lá em Rondônia. Daí para cá a questão da luta pela terra entrou na minha vida e encontrou a música que já estava.

E desde então elas vêm juntas no fazer da luta, nesse caminhar. Tudo que vamos aprendendo eu vou tentando colocar na música e dar a minha contribuição, para a música sempre acompanhar os passos dessa caminhada.

Qual a importância e o papel que a arte ocupa na luta do povo pela garantia dos seus direitos?

A arte é uma coisa maravilhosa. É muito mais que palavra. A arte é mais do que arte. Ela não pode ser banalizada, como vemos por aí. Projetos que não tem preocupação com o educar do povo, até porque se o povo se educar se vira contra esses projetos. A arte é a garantia de se fazer bem feito as coisas. A luta que leva em consideração a arte, é uma luta que vai ser bem feita.

A música da mídia comercial, só para entretenimento, essa só serve para idiotizar, robotizar as pessoas

Qual o papel da arte na preparação de uma comida? De jogar um futebol? De fazer uma música? É muito mais do que um fazer mecânico, é você depositar no que está se fazendo todo o seu amor. E essa é a grande importância da arte nessa nossa luta, na nossa caminhada.

Vivemos momentos difíceis de crise sanitária, social e econômica. Tempos sombrios que muitas vezes nos deixam desesperançosos. Como a música, e a arte de forma geral, podem contribuir para nossa luta e para nossa vida frente a tempos tão obscuros?

Eu acredito que a arte nos constrói, nos eleva, nos humaniza. A música por exemplo, nos fortalece, amplia a nossa capacidade de enxergar possibilidades mesmo quando tudo está perdido, quando parece que foi tudo pro brejo. Porque tem capacidade de puxar o sonho para mais perto. Tem uma brincadeira que diz que a música é a única coisa que tem direito a mentir. A palavra cantada ela consegue enfeitiçar, possuir a gente, dar animação e formação. A música puxa essa vitória, esse amanhã para mais perto.

Mas vale lembrar que estamos falando da arte de fazer música, daquela que é feita com pesquisa, com estudo e com objetivo nobre. Porque se for a música da mídia comercial, só para entretenimento, essa só serve para idiotizar, robotizar as pessoas. Ao invés de ajudar a libertar as pessoas, a se construir humanamente, esse tipo de música vai ajudar é a escravizar as pessoas. Por isso não basta fazer música, tem que fazer música arte. A palavra chave é arte.

Em suas letras nós conseguimos entender e sentir toda a força e o desejo do povo pela terra e pela luta. Como é o seu processo criativo? O que mais lhe inspira?

As cantigas que eu escrevo são fáceis de sentir e de entender. E isso é muito intencional, porque essa foi a forma que eu encontrei de fazer a minha militância, de dar a minha contribuição na construção do amanhã. Um amanhã com seres superiores, um amanhã sem fome, sem ignorância, sem qualquer tipo de preconceito. Onde a solidariedade será cotidiana. Por isso eu escrevo de forma simples e com uma mensagem bem direta. Tem que passar o recado e as pessoas precisam entender, não há tempo a perder.

E a minha inspiração é essa troca desse cantar e participar, de estar em movimento. Porque estamos sempre em troca. Cantando, aprendendo, ensinando…e aí de repente surge uma palavra, surge um momento que chama atenção e a gente vai transformando isso em música, nessa base de sustentação desse nosso acreditar, nesse nosso sonhar. Então não é uma coisa vazia, feita por encomenda ou de binóculos, feita de longe.

Em todos esses anos de carreira qual foi o momento que mais lhe marcou e por quê? E qual a canção que você acha que mais representa a sua trajetória?

Nesses 30 anos que eu caminho com o MST, um momento que me marcou muito foi na primeira Marcha à Brasília. Teve um momento no meio da estrada, que eu até hoje não consigo saber em qual município foi, que eu corri na frente da Marcha e subi no viaduto e aí eu pude ver aquele mar de bandeiras, aquela imensidão de gente caminhando, organizadinhos na fila.

As pessoas com aquela convicção, compromisso e com aquela disciplina. Eu realmente fiquei muito marcado. Aquilo me fez chorar. E eu pensei lá de cima daquele viaduto: "Não tem nada que segura essa gente! Não tem cerca e nem lei que segura essa gente. O poeta está certo".

Nós, artistas, poetas e cantadores precisamos entender é que é preciso ficar firme e consciente que a arte rompe qualquer fronteira

E foi ali também que começou a gestação de Ordem e Progresso. Eu fui mastigando os primeiros versos, já na primeira noite da marcha eu comecei a escrever as primeiras estrofes e fui ensaiando com o pessoal mais chegado e dessa forma quando a gente entrou em Brasília todo mundo cantava em coro Ordem e Progresso. Foi uma coisa muito marcante.

Esse momento realmente vai ficar marcado para sempre. Foi muito bonito e eu agradeço muito ao movimento por ter me proporcionado de passar esse momento com essa gente.

Qual a mensagem você deixa para os artistas populares frente a esse cenário que vivemos?

Na história da luta do povo são milhares de artistas populares que deram sua contribuição, sua inspiração, sua arte. E como não dizer, muitos até se complicaram por isso. A convicção foi tanta, o compromisso foi tanto que muitos perderam até a vida pela arte.

E nesse momento complicado que a gente está passando, o que nós, artistas, poetas e cantadores precisamos entender é que é preciso ficar firme e consciente que a arte rompe qualquer fronteira. E que a gente precisa contribuir com a animação, com a educação e com a resistência do nosso povo. Porque não temos outro caminho, se não for com a luta a gente não chega a lugar nenhum.

Nós artistas precisamos nos sentir honrados de ser chamados de artistas. Porque nós fazemos arte. Então quem tem esse compromisso com a arte, com a cultura, precisa se sentir honrado de estar vivendo esse momento histórico como artistas que se colocam em caminhada ao lado do povo.

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Ordem e Progresso

Zé Pinto

Esse é o nosso país
Essa é a nossa bandeira
É por amor a essa pátria Brasil
Que a gente segue em fileira

Queremos mais felicidades
No céu deste olhar cor de anil
No verde esperança sem fogo
Bandeira que o povo assumiu
No verde esperança sem fogo
Bandeira que o povo assumiu
Amarelos são os campos floridos
As faces agora rosadas
Se o branco da paz se irradia
Vitória das mãos calejadas
Se o branco da paz se irradia
Vitória das mãos calejadas

Esse é o nosso país…

Queremos que abrace essa terra
Por ela quem sente paixão
Quem põe com carinho a semente
Pra alimentar a nação
Quem põe com carinho a semente
Pra alimentar a nação

A ordem é ninguém passar fome
Progresso é o povo feliz
A Reforma Agrária é a volta
Do agricultor à raiz
A Reforma Agrária é a volta
Do agrilcultor à raiz

Editado por: Elis Almeida
Tags: mst
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