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Machismo

Guerra dos sexos na cozinha?

A cozinha doméstica, invisível como trabalho, é feminina, enquanto a cozinha profissional, prestigiada, é dos homens

01.fev.2020 às 18h37
São Paulo (SP)
Bianca Briguglio
Dayse Paparoto derrotou Marcelo Verde na cozinha e se tornou a primeira campeã do MasterChef profissionais

Dayse Paparoto derrotou Marcelo Verde na cozinha e se tornou a primeira campeã do MasterChef profissionais - Dayse Paparoto derrotou Marcelo Verde na cozinha e se tornou a primeira campeã do MasterChef profissionais

O trabalho em cozinhas de restaurantes e outros estabelecimentos de alimentação é altamente estressante e exigente, no Brasil e no mundo, o que não é novidade. Os reality shows culinários tentam mimetizar situações desse trabalho, assim como adicionar dificuldades e desafios, para tornar as “provas” mais interessantes.

O que parece novidade foram comentários e comportamentos machistas de alguns participantes do Masterchef Profissionais (programa exibido semanalmente pela TV Bandeirantes). Em grupo, Daisy, Dario e Ivo precisavam preparar um prato juntos. Dario e Ivo realizaram os processos mais longos, e não quiseram passar mais nada para Daisy, que já havia terminado. Quando ela acusa Ivo e diz “Você quer fazer tudo, não quer me deixar fazer nada”, ele responde que ela deveria pegar uma vassoura e varrer a cozinha. Marcelo, agora finalista do programa, nunca viu Daisy como uma adversária à sua altura, pelo contrário: estava decidido a fazer o que pudesse para eliminá-la do programa, para que pudesse vencer um homem na final. A própria Daisy comentou sobre isso, afirmando que eles não a viam como uma forte concorrente.

Esse tipo de comportamento é apenas o topo do iceberg de machismo que está presente na nossa sociedade como um todo, mas que se expressa de forma particular nas cozinhas profissionais.

Em primeiro lugar, cabe destacar que esse é um espaço de trabalho altamente organizado, baseado em uma forte hierarquia e na divisão do trabalho, que, não à toa, remetem a um vocabulário militar (brigadas, por exemplo). O modelo clássico da hierarquia na cozinha profissional foi desenvolvido por um grupo de chefs franceses. Os cozinheiros são divididos conforme suas experiências e conhecimentos em praças.

Geralmente o/a chef é muito mais um/a administrador/a da cozinha (e do restaurante) do que cozinheiro/a, embora os pratos servidos levem a sua assinatura. O/A chef precisa ter absoluta confiança nos trabalhadores que preparam esses pratos, ou seja, precisa treiná-los para garantir que realizarão todos os procedimentos, movimentos e gestos precisos do preparo de acordo com sua orientação, para que seja exatamente como se fosse um prato preparado por ele/a.

Entretanto, a divisão do trabalho nas praças, ou postos de trabalho, não se dá única e exclusivamente pela capacidade técnica ou habilidade dos trabalhadores. O trabalho da confeitaria, associado à delicadeza, precisão e atenção aos detalhes é mais comumente associado a um trabalho feminino, enquanto as grelhas e frigideiras são um trabalho masculino. As mulheres são maioria entre os trabalhadores nas cozinhas (58% em 2014, de acordo com dados da RAIS/ MTE), mas estão concentradas nas ocupações com os menores salários.

É difícil de acreditar que as mulheres tenham menos capacidade de cozinhar do que os homens, ainda mais considerando que ainda é sobre elas que recai a responsabilidade do trabalho doméstico em suas casas e o preparo das refeições de suas famílias, na maioria dos lares brasileiros.

No Masterchef com cozinheiros amadores, as duas primeiras edições foram vencidas por mulheres, e apenas a última por um homem. No Masterchef Profissionais, entretanto, após a saída de Fádia, Daisy enfrentou sozinha três homens. A cozinha doméstica, invisível como trabalho e atividade não remunerada, é eminentemente feminina, enquanto a cozinha profissional, que tem valor social e prestígio, é dominada pelos homens.

De diversas maneiras as cozinhas se tornam hostis para as mulheres. Por um lado, as longas jornadas reduzem consideravelmente seu tempo para o trabalho doméstico e cuidado com a família (o que, na prática, impossibilita que as mulheres continuem trabalhando se não puderem conciliar). Por outro, a cozinha profissional se constitui como um espaço masculino, onde se deve encarar a “pressão”, onde é fundamental gritar para ser obedecido, onde o assédio é considerado brincadeira: quem não aguenta “tá de frescura”. Provavelmente o que esse mesmo participante quis dizer ao declarar que “é mais difícil trabalhar com mulher, as mulheres são mais complicadas”. Talvez elas não achem tanta graça em algumas piadas.

Em diversas profissões, não só na cozinha, o trabalho das mulheres é invisibilizado, silenciado. Assim como no Masterchef Profissionais, algumas mulheres são tratadas como “meu anjo”, “princesa” por seus colegas e superiores. A figura do chef, cujas ordens não são questionadas e obedecidas à risca, é masculina. A forma como a liderança se exerce tradicionalmente em uma cozinha é, portanto, um obstáculo adicional para as mulheres que seguem a carreira.

O machismo no reality show não é algo extraordinário ou fora do comum, apesar de merecer toda nossa indignação e revolta, mas um reflexo da realidade de trabalho desses profissionais, na forma como as relações se estabelecem nas cozinhas. Infelizmente, muitos outros segmentos profissionais também reproduzem o machismo e discriminam mulheres, isso não é um privilégio das cozinhas.

Hoje, muito mais do que antigamente, há mulheres que se tornaram grandes chefs, reconhecidas no Brasil e no mundo todo, apesar das adversidades. Mais uma prova de que não se trata de (falta de) capacidade ou talento.

* Bianca Briguglio é doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, onde desenvolve tese intitulada “Lugar de mulher é na cozinha? Um olhar sobre as trajetórias das mulheres trabalhadoras no segmento de cozinha e gastronomia”

Editado por: Redação
Tags: feminismomachismo
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