Os estudantes secundaristas de São Paulo iniciaram a campanha para custear a segunda fase da Caravana Secundarista, projeto de intercâmbio entre as escolas ocupadas pelo país nos últimos dois anos. Na primeira etapa, em junho, adolescentes paulistas visitaram oito escolas de Forteleza (CE), a maioria em região periférica. Agora, eles pretendem arrecadar a quantia de R$ 7 mil para chegar ao Rio de Janeiro (RJ) até o dia 2 de agosto.
Faltando pouco tempo para alcançar a meta, os secundaristas vendem camisetas, DVDs de registros das ocupações e promovem festas, além da tradicional "vaquinha". O objetivo é trocar ideias e experiências com outros alunos, levando em conta as realidades locais, conta Lilith Passos, de 16 anos, estudante da Escola Estadual Maria José. "Começamos em São Paulo este estopim das ocupações de escolas e, querendo ou não, o movimento de 2015 foi inspirador para o pessoal que está começando a fazer isso agora", disse.
Ela explica que, por mais que seja o mesmo processo de ocupações, as estratégias e pautas regionais são diferentes. "No Rio de Janeiro, por exemplo, eles conseguiram derrubar quase todas as diretorias das escolas e o Saerj [Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro], prova semelhante ao Saresp [prova aplicada anualmente, desde 1996, pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP)]. E nós não conseguimos isso aqui. Na realidade, não tínhamos pensado tão a fundo nessas pautas pequenas que valem tanto quanto uma pauta estrutural. Então eu acho que é importante essa troca", explicou.
Raul dos Santos, estudante da ETEC Guaracy Silveira de 17 anos, viajou para o Ceará com a caravana. Ele conta que a experiência possibilitou conhecer o que une os secudaristas, mas também entender os contrastes das realidades de ambos os estados. "Lá, por exemplo, as escolas não têm uma articulação tão grande. A gente ajudou, por exemplo, com a questão do diálogo entre elas, levando a experiência do Comando de Greve aqui em São Paulo. Mas aprendemos muita coisa também, como novas palavras de ordem, além de entender que algumas preocupações e pautas são outras", afirmou o secundarista.
Para os estudantes, a experiência é necessária pois “o caráter nacional e massivo das ocupações não é mera coincidência: o sucateamento das escolas faz parte de uma política global de rebaixamento das condições de vida a serviço dos lucros do grande capital”, dizem em trecho da carta de apresentação da campanha.
A terceira etapa da caravana, para o Rio Grande do Sul, deve ocorrer ainda este ano.
Veja o trailer do documentário produzido no Ceará:
Para mais informações sobre a campanha, acesse a página da caravana.
