A população da região de Pilões vem sofrendo com a falta d'água e também com o fechamento de um dos seus principais atrativos turísticos, a Cachoeira do Ouricuri, espaço ecológico que recebe mais de mil pessoas por semana.
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Segundo Almir Silva, da Associação Amigos da Cachoeira de Ouricuri (AACO), a falta d'água vem ocorrendo desde dezembro porque fecharam a comporta da Barragem Saulo Maia, em Areia, que também abastece a cidade de Pilões. Ele informa que há poucos dias houve um protesto para reabrir as comportas, e conseguiram a abertura de forma parcial.
Reprodução / Card da Associação Amigos da Cachoeira de Ouricuri (AACO)
“Aí fica aquela coisa, né? Fica abrindo, fechando, abrindo, fechando. Pelo que eu ouvi hoje do Secretário de Turismo, ela está fechada por ordem judicial, pelo baixo nível da água”, comenta Almir. A Associação sentiu bastante o represamento porque os moradores, direta ou indiretamente, retiram parte do seu sustento com o turismo.
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O vereador João Filho, da cidade de Pilões, deu início a uma empreitada em busca de informações sobre o fechamento das comportas. “Nem no período mais quente que o município passou, a gente viu essa realidade na Barragem Saulo Maia. Alguns dizem que diminuíram as comportas, outros dizem que foi fechada”, conta ele.
vereador João Filho, de Pilões / Foto
“Enquanto vereador de Pilões, fui atrás das informações, de órgãos competentes, e coloquei ofício na AESA. Eles nos deram uma notícia boa, porém burocrática, de que as pessoas precisam fazer um termo de outorga, que faz pela internet”.
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O vereador resolveu então pegar a assinatura das Comunidades rurais de Ouricuri e Nossa Senhora da Penha, as mais prejudicadas visto que a zona rural utiliza a água do rio para uso doméstico e irrigação da agricultura.
A cachoeira, que está nesse percurso, fatalmente secou
Almir destaca que, há mais ou menos cinco ou sete quilômetros da cachoeira, tem água, pouca, mas tem: “Porém, muito dificilmente chegará aqui na cachoeira porque está realmente muito seco. Então estamos de mãos atadas sem poder fazer nada. Tem um senhor que desviou o rio, mas até onde ele desviou não tem água pelo fato do rio estar seco. E colocam bombas no rio para irrigação de banana, verduras, capim, enfim, faz essa irrigação e a gente acaba ficando sem água. E essa água é para todos. E quando a gente denuncia, o Ibama vem fiscalizar, porém eles voltam a fazer a irrigação, aí não fica fiscalizando direto e eles vão continuam fazendo a mesma coisa”, conta Almir.
AESA explica que a causa foram as poucas chuvas
Beranger Araújo, diretor de Acompanhamento e Controle da AESA, explica que o açude não teve uma recarga suficiente este ano, embora fazia tempo que não havia uma seca como esta, e que a barragem sempre sangrava.
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“Este ano não houve a recarga porque houve pouca chuva, ficou muito abaixo o nível. E como a prioridade é o consumo humano, então a água é destinada à Cagepa. Nós também cadastramos um determinado número de carros-pipa, com acompanhamento do Ministério Público, para não haver uma retirada exacerbada de água. Agora, por enquanto, a água é para consumo humano. E a questão da Cachoeira, a prioridade é para os humano, depois animais, depois a agricultura e por fim, outros usos”
Ele conta que estão aguardando a quantificação dos usuários com a devida outorga. “O nosso balanço hídrico necessita dessas classificações, de quanto cada setor vai precisar de água”.
O diretor explica que não há consumo excessivo e que no portal da Aesa consta, diariamente, as medições das águas de cada um dos 143 açudes na Paraíba.