Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

breque

Artigo | Paralisação dos motoristas de aplicativos expõe os efeitos da precarização

É preciso reivindicar melhores condições salariais e trabalhistas sem ignorar a necessidade do reconhecimento de vínculo

04.mar.2021 às 16h03
São Paulo (SP)
Redação

A pressão neste sentido deve vir acompanhada da ideia de que ter mais direitos é o que fundamenta um projeto de país - Reprodução

Por Eduardo J. R. Pereira*

Na tarde da última sexta-feira, 26 de fevereiro, os motoristas de aplicativo paralisaram seus trabalhos na cidade de São Paulo, realizando manifestações em diversos pontos de concentração e em carreatas pelas ruas da capital paulista. Os locais de concentração foram articulados e divulgados em grupos e perfis nas redes sociais desses trabalhadores, que se dirigiram para cinco pontos de destino: os prédios dos escritórios da Uber e da 99, em São Paulo, e os três bolsões do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.

Não houve nenhuma notícia sobre a paralisação dos motoristas de aplicativo vinculada aos meios de comunicação tradicionais, que tampouco estiveram presentes nos locais de manifestação. Numa rápida busca pela internet, é possível identificar ações do mesmo tipo articuladas por essa categoria durante a mesma semana em outras localidades do país, tais como na capital e no interior pernambucano e no interior paulista e mineiro.

Destaca-se que a paralização paulistana foi articulada pelo o Sindicato dos Trabalhadores com Aplicativos de Transportes Terrestres Intermunicipal do Estado de São Paulo, o STATTESP, parceiro da Força Sindical e de atuação notavelmente recente. Além do sindicato, o material de divulgação também contava com a identificação de outros seis grupos: os Motoristasdeapps, 66 de Favela, Alto Tietê, Motor ABC, Cooperapps e Baixada Santista — nenhum com a mesma pretensão do STATTESP de ser algo além de um grupo que realiza troca de informações, seja presencial ou virtualmente.

Leia mais: Motoristas de Uber fazem paralisação mundial contra política de tarifas do aplicativo

O STATTESP tem como lema “Unidos somos mais fortes”, o que aponta certo objetivo de organizar essa categoria altamente precarizada e cada vez mais crescente no Brasil. Essa organização, que age politicamente por meio de denúncias no Ministério Público, com relação aos abusos cometidos pelas empresas-aplicativo aos seus trabalhadores, oferece um conjunto de serviços prestados aos motoristas filiados. As manifestações na sexta-feira, 26, conforme dito por um dos dirigentes sindicais, foram as primeiras ações do STATTESP diretamente contrárias às empresas Uber e 99.

Sob o mote “É hora de reagir!”, as pautas da paralisação eram: 1) fim da Uber Promo, da 99 Poupa e da 99 Compartilha; 2) mais segurança; 3) reajuste das tarifas; 4) seguro de vida; 5) auxílio funeral; 6) cadastro universal; 7) fim do desligamento; e 8) apoio jurídico. É possível notar que as pautas do movimento dizem respeito às políticas das empresas-aplicativo, e não ao acesso aos direitos sociais e trabalhistas mais amplos ou específicos para a categoria, colocando, portanto, a melhoria dos salários e das condições de trabalho não ao Estado brasileiro, por meio do necessário reconhecimento do vínculo trabalhista, mas na responsabilidade direta dessas empresas, apontando a manutenção da forma de (não) contratação.

Chama atenção o fato de que a manifestação não contava com os símbolos tradicionais dos atos promovidos pela esquerda. A ausência de bandeiras e de lideranças de partidos políticos, movimentos sociais e centrais sindicais é o primeiro impacto. Os cartazes e as faixas são substituídos pelos escritos nos vidros e na lataria dos veículos, instrumentos de trabalho alugados ou próprios.

:: Sindicato de motoristas de aplicativos se filiam à CUT-RN ::

Em toda direção eram notados os aparelhos celulares — todos, obviamente, com o aplicativo desativado de modo temporária —, que ou estavam erguidos, num simbólico gesto de controle desses trabalhadores sobre o tempo paralisado, ou tirando fotos e gravando vídeos, que serão compartilhados em seus perfis ou grupos de redes sociais para explicar o motivo da manifestação e também engajar outros colegas na ação paredista.

Além de todas essas características, a falta da agitação por políticas de emprego, por “Fora Bolsonaro” e “Fora Dória”, ou palavras de ordem e escritos que remetem ao contexto da pandemia do novo coronavírus, como a defesa do SUS e a vacinação para todas e todos, demonstram como as pautas da própria categoria tomam uma única dimensão de luta e identidade, que ao passo em que pode os fortalecer, os isola.

Destaca-se também que as horas paradas significam perda salarial, o que quer dizer que muitos trabalhadores irão compensar o tempo da manifestação, isto é, as horas paradas contra as empresas-aplicativo, trabalhando em jornadas excessivas nos próximos dias para conseguirem obter seus rendimentos necessários — através, evidentemente, do trabalho nessas mesmas empresas-aplicativo.

O impacto no lucro dessas empresas é totalmente nulo, e só pode ser atingido por meio de um movimento massivo, que inclua todos os trabalhadores da categoria — pois ao não aceitarem corridas, por estarem desativados temporariamente, os algoritmos destinarão a viagem solicitada por um passageiro para qualquer outro trabalhador que estiver disponível para o serviço.

Saiba mais: “Hoje estamos pagando para trabalhar”, afirma motorista e integrante de sindicato 

Apenas duas das pautas da manifestação se destacaram, fosse pelas palavras de ordem proferidas pelos trabalhadores engajados e pelo discurso do presidente do STATTESP, ou pelos escritos nos veículos: o fim das promoções da Uber e da 99 e o reajuste das tarifas das empresas-aplicativo. Ambas as pautas se vinculam diretamente à busca por melhores rendimentos salariais, que diante da forma precária de obtenção, se associam às condições de trabalho.

As promoções da Uber e da 99, apesar de deterem particularidades, apresentam como semelhança a diminuição do valor da corrida pago pelo passageiro, a manutenção da taxa repassada às empresas-aplicativo e a diminuição, por consequência, do valor ganho pelo motorista ao final da corrida. Ou seja, o valor pago pelo serviço promocional não afeta o lucro da empresa-aplicativo que o promove, mas do motorista que realiza esse trabalho — que pode, por sua vez, não o realizar, mas que aceita essa condição por necessidade e/ou por receio de ser desligado da plataforma.

Há de se ressaltar que o desligamento da plataforma é uma decisão unilateral e absurdamente pautada pelo sigilo dos algoritmos das empresas-aplicativo, que podem demitir seus trabalhadores do dia para noite, sem precisar justificar tal decisão.

O reajuste das tarifas está totalmente vinculado ao mesmo objetivo que se apresenta nas promoções da Uber e da 99 e aos seus efeitos nos rendimentos dos motoristas: é o lucro abusivo das empresas acima de tudo, possibilitado pela desregulação e pela precarização, sob o véu do trabalho autônomo, que atinge a todos. As taxas das corridas, repassadas aos cofres dessas empresas, não consideram, ou melhor, não buscam considerar, o aumento do custo de vida e do combustível pago pelos trabalhadores. Para compensar o baixo rendimento, muitas vezes obtido unicamente por essa forma de ocupação, os motoristas por aplicativo são obrigados a estenderem sua jornada diária — excedendo, por vezes, a de um trabalhador com carteira de trabalho assinada.

Quando falamos dos trabalhadores por aplicativo de modo geral, e dos motoristas em específico, para além das já tão conhecidas características da precarização –– como as longas jornadas diárias e os baixos rendimentos, a insegurança e os riscos, as políticas de controle por parte das plataformas e os algoritmos etc. ––, aparecem pelo menos três questões principais que envolvem o presente e o futuro desses trabalhadores.

A primeira questão diz respeito ao vínculo empregatício entre trabalhadores e empresas-aplicativo. Neste sentido, questiona-se: ao se enquadrarem no perfil desejado por essas empresas e aceitarem seus termos de conduta e condições de uso, cumprirem suas metas e objetivos, que, se não realizados, poderão acarretar no desligamento de suas funções, esses trabalhadores não teriam vínculo, diante da evidente subordinação do trabalho?

Decorrente dessa primeira indagação, a segunda questão aponta: ao terem vínculo de emprego com as empresas-aplicativo, sob a evidente subordinação, não deveria ser concedido aos trabalhadores por aplicativo o acesso aos direitos sociais e trabalhistas?

A terceira questão, de resposta não consensual e ainda pouco desenvolvida por pesquisadores da área e pelo movimento sindical de modo geral, é: seria a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT, a forma da obtenção desses direitos?

As características da paralisação, algumas delas relacionadas às contradições existentes na própria condição do trabalho por aplicativo, bem como as pautas reivindicadas, apontam alguns desafios a serem considerados pela esquerda e movimentos populares e sindical brasileiros, diante da necessidade de elaborar formas de organização política para esses trabalhadores, que não estão inseridos na estrutura corporativa do sindicalismo brasileiro, que se ocupam em longas e flexíveis jornadas de trabalho, que estão espalhados em diversos territórios e sob constante deslocamento pelas grandes e pequenas cidades.

O que poderá ou não ser diagnosticado como tendência, diante de novos movimentos desse tipo, é se as reivindicações mais latentes, ou mesmo exclusivas, se referem ao rendimento salarial e consequentemente às condições trabalhistas, e não ao acesso formal aos direitos; se o que se busca, portanto, são algumas parcas mudanças nas políticas das empresas-aplicativo, ou se é o reconhecimento do vínculo de emprego por parte da legislação brasileira.

A ausência de pautas relacionadas ao acesso aos direitos sociais e trabalhistas via CLT ou o reconhecimento do vínculo dos trabalhadores pelas empresas-aplicativo, por meio da intervenção do Estado, não podem ser vistas como elementos de pouca importância. A pressão neste sentido deve vir acompanhada da ideia de que ter mais direitos é o que fundamenta um projeto de país, e que o “fazer mais e pagar menos” da 99, e o “motorista particular” da Uber, carregam consigo as mazelas do capitalismo de plataforma.

*Eduardo J. R. Pereira é mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (PPGCP/IFCH/Unicamp). É jornalista, escritor e militante do Levante Popular da Juventude e da Consulta Popular.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Rebeca Cavalcante
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Disputa

AGU vai ao STF contra derrubada de decreto do governo que altera IOF

Cenário apocalíptico

Fotógrafo transformou imagens da Amazônia em uma denúncia dos efeitos da emergência climática; veja imagens

'Gestão sem alma'

Remoções no Jardim Pantanal (SP) podem levar famílias já vulneráveis ao endividamento, alerta Frente de Luta

Dólar a R$ 5,43

Queda do dólar abaixa até preço do pão, mas não garante estabilidade ‘de jeito nenhum’, diz economista

Em São Paulo

‘Sob fogo’: Unifesp debate crimes de guerra e ataques à saúde em Gaza nesta terça (1º)

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem Viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
  • Bem Viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevistas
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.