Na semana passada, completaram-se 57 anos do golpe civil-militar. Em tempos como os de hoje, é preciso disputar essa memória. Reafirmar que foi golpe e foi uma ditadura, sim!
Aliás, a ideia de “ditabranda” traz a noção de que apenas os opositores da luta armada foram perseguidos e torturados. As pesquisas históricas mais recentes têm se empenhado em mostrar que não. Na verdade, a sanha autoritária invadiu os mais distintos espaços, e o esporte não ficou de lado, o futebol de mulheres muito menos.
Em 1965, aproveitando-se de uma prerrogativa do governo Vargas, o Conselho Nacional de Desportos deliberou a proibição específica da prática do futebol pelas mulheres. A tentativa de controlar seus corpos seguindo uma lógica conservadora atrasou e muito o desenvolvimento profissional da modalidade.
Porém, as mulheres continuaram jogando, e no contexto de abertura política, no final dos anos 1970 e meados dos 1980, tiveram papel fundamental para pressionar pela regulamentação da modalidade, compondo o caldo social que se opunha às ações autoritárias do período.
Da mesma forma que elas lutaram pelo direito de jogar, seguimos na luta por Memória, Verdade e Justiça.