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Opinião

Artigo | Trauma e luto coletivo: os impactos da covid-19 sobre a saúde mental

A elaboração do luto originado na pandemia perpassará gerações e sua complexidade levará muitos anos para ser entendida

30.abr.2021 às 10h21
Porto Alegre
Gilmara Bueno

O luto tem diferentes formas de expressão em culturas distintas - assim como pessoas lidam de formas diferentes com uma perda - Pixabay

“Nós somos irmãos de sangue

Será que algum dia nós saberemos qual a resposta

Para o que a vida realmente é?

Você pode me dizer o que a vida realmente é?

Talvez todas as coisas que você saiba

Que são preciosas para você

Possam ser levadas pela

Própria mão do destino.”

(Blood Brothers – Iron Maiden)

Contabilizamos no Brasil, no momento atual, mais de 360 mil óbitos por covid-19. O Brasil, hoje, responde por mais de um terço das mortes no mundo, mesmo tendo apenas 2,7% da população mundial, tornando-se o epicentro da pandemia.

Há um colapso dos sistemas de saúde, público e privado. Pessoas estão morrendo por falta de leitos, de equipamentos, de oxigênio e de medicamentos, às vezes em casa ou em ambulâncias e também pela perda de qualidade na assistência.

Médicos e equipes de saúde têm morrido, adoecido e vivido um verdadeiro burnout. Outro aspecto importante relacionado intimamente com a saúde mental da população é a questão do luto individual e coletivo decorrente de grandes catástrofes, como a pandemia da covid-19.

Luto coletivo, a dor que o Brasil não consegue viver

Estamos vivendo um luto coletivo diante do trauma massivo da pandemia da covid-19, desafiando o conceito neurobiológico e psicológico de Resiliência. As investigações sobre trauma e luto coletivo tiveram início somente na década de 1960. Na Alemanha do pós-guerra, ao invés de o país mergulhar em uma melancolia coletiva, poderosas defesas contra a lembrança do passado doloroso emergiram.

Processos de desrealização, imobilismo e entorpecimento emocional impediram o início do processo de luto de uma geração inteira. Contudo, a experiência traumática permanece encapsulada até que outra experiência correlata reativa o trauma levando a um breakdown, fato evidenciado nos estudos com sobreviventes do Holocausto.

Em termos de trauma, de luto coletivo e de transmissão psíquica transgeracional, cada geração de vítimas e seus descendentes possui uma tarefa, no complicado processo de elaboração traumática coletiva. A experiência da Alemanha confirma essa assertiva. O trauma coletivo gerado pelo Nazismo foi sendo elaborado ao longo de três gerações.

Paralelamente, estudos recentes da neurobiologia revelam que o estresse codifica nosso DNA, que será transmitido às futuras gerações. Portanto, quanto melhor nos cuidarmos, de forma solidária, e lidarmos com o estresse com estratégias saudáveis, mais estaremos protegendo as novas gerações.

Nos Estados Unidos, a traumática experiência da Guerra do Vietnã alavancou as investigações sobre traumas de guerra. Essas observações permitiram, em 1980, a definição, em psiquiatria, do diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático, que conferiu sentido aos quadros clínicos observados.

Niederland (1968) apresentou, a partir de trabalhos com sobreviventes do Holocausto, o conceito de culpa do sobrevivente.

No Brasil, a elaboração do luto social, decorrente do período da Ditadura Militar, foi conduzida pela Comissão da Verdade, de forma a permitir que o passado abusivo e violento, traumático, fosse testemunhado, compartilhado e reconhecido. Tanto o luto individual, quanto o coletivo necessitam da presença, do olhar e da validação do outro.

Percebe-se, dessa forma, por meio da reconstrução histórica, quão difícil é a tarefa de elaboração do luto individual e coletivo resultante de experiências traumáticas massivas. Diante da pandemia da covid-19, nossa sociedade encontra-se defensivamente entorpecida, embotada emocionalmente, apática ou com atitudes reativas maníacas (eufóricas) e autodestrutivas, que levam à desconsideração de medidas sanitárias, por meio de aglomerações em festas e de exposição ao risco de morte.

Entende-se, portanto, essa aparente indiferença, essa falta de noção do que de fato está ocorrendo no país, como um movimento defensivo ao enfrentamento do luto, envolvendo principalmente a negação e a dissociação. Trata-se de um estado dissociado da realidade como reação contrária ao enfrentamento da tristeza e da dor decorrentes das inúmeras perdas. Esse é exatamente um paralelo com o que foi visto nos estudos com a primeira geração de sobreviventes do holocausto.

A elaboração do luto originado na pandemia da covid-19 provavelmente perpassará gerações, e sua complexidade levará muitos anos para ser entendida. Considera-se muito importante essa compreensão, especialmente pelos cientistas e pela imprensa, a quem coube a árdua tarefa de noticiar a verdade. A sensação de que se encontra uma parede, um escudo impenetrável nas pessoas, deve-se a uma tentativa de evitar a total desintegração do self (eu) pela avassaladora realidade traumática.

Outra questão relevante é que, ao eleger, como estratégia de enfrentamento à pandemia, a busca pela inexistente imunidade adquirida (de rebanho) com a estimulação da propagação do vírus, o governo federal vai ao encontro da negação e da dissociação. Estimula, além das condutas autodestrutivas, que podem levar à morte, também o adoecimento psíquico da população pela perda de contato com a realidade e pelo não reconhecimento do luto.

Qual seria a relação entre o trabalho do luto individual e os processos de luto coletivo?

Só é possível avançar, no terreno das imprescindíveis elaborações traumáticas coletivas, por meio da transformação da dor e do silêncio em narrativa de luto, de histórias encapsuladas em histórias compartilhadas e assimiladas pelo e no social, com foco na reconstrução e na ressignificação da memória traumática, evitando o adoecimento psíquico.

A sociedade brasileira precisa abrir espaço para chorar seus mortos. Desafiar suas impossibilidades. Precisa acolher os enlutados e a si própria, integrar a dissociação de seus membros, precisa enfrentar a retórica binária e simplista que nos divide em “bons ou maus” e fechar a fenda aberta a partir das estratégias negacionistas.

Nós somos irmãos de sangue!

* Médica Psiquiatra (CRM 17011- RS)

* Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Katia Marko
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