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Análise

Artigo | França, Coletes Amarelos: uma revolução popular está vingando

Movimento não segue os moldes das manifestações a que o país estava acostumado

12.dez.2018 às 16h42
Belo Horizonte (MG)
Florence Poznanski
O que pensar sobre os Coletes Amarelos? Suas pautas são validas? Esse movimento é de esquerda?

O que pensar sobre os Coletes Amarelos? Suas pautas são validas? Esse movimento é de esquerda? - Foto: Ministère de l'Intérieur - Fotos Públicas

Parecia que a França estava anestesiada. Quando, recém eleito presidente, o governo de Emmanuel Macron abaixou o valor dos auxílios-alugueis que beneficiam 20% dos franceses, poucas vozes se levantaram. Quando o emblemático imposto sobre grandes fortunas (o ISF) foi cancelado, também pouco ouviu-se. Macron disse ainda que se gastava “uma grana preta” com auxílios sociais para “pessoas que não são nada”, e o burburinho rapidamente morreu. Já havia meses que grande parte da opinião pública chamava Macron de “presidente dos ricos”, mas as vozes dos mais pobres, os realmente afetados pelas medidas, pouco se levantaram.

Aquela França que não se ouve e que também não vota mais (em 2017, 22% da população votou no primeiro turno das eleições presidenciais e 51% nas legislativas, os maiores índices de abstenção da história da 5a República), luta sempre mais para sobreviver num país onde esse ano, o número de pessoas vivendo abaixo do nível de pobreza alcançou 8,8 milhões.

Bastou o anúncio do aumento do diesel para mudar o cenário e levantar a insurreição. Centenas de milhares de franceses vestindo seus coletes amarelos ocupam desde o 17 de novembro as rotatórias e as cidades do país por quatro sábados consecutivos.

Heterogêneo, violento, inspirador. Muito falou-se a respeito desse movimento inédito que não segue nenhum molde das manifestações tradicionais ais quais o país estava acostumado. O que pensar sobre ele? Suas pautas são validas? Esse movimento é de esquerda? Seguem aqui algumas reflexões.

A ressurgência de uma luta de classe num contexto pré-revolucionário

Esse ano, a França comemorou o cinquentenário das mobilizações de maio 1968 em uma ampla narrativa romantizada recuperada pelo governo liberal. Ironicamente o que soou lindo nas memórias empoeiradas, não condiz com a reação frente a revolta dos Coletes Amarelos. Diferentemente da maioria das manifestações, essa mobilização não foi guiada por corpos intermediários como partidos, sindicatos ou movimentos populares. Ao contrário, de maneira espontânea, foi a população mais afetada pelas crescentes desigualdades sociais no país que tomou as ruas espontaneamente, muitos pela primeira vez na vida.

A população mais afetada foi o chamado “primeiro partido da França”: o grupo de pessoas que não votam mais nas eleições e cuja expressão, se fosse contabilizada nos resultados eleitorais, chegaria na frente dos demais candidatos. Essa parcela da população oriunda das regiões periurbanas ou rurais, pequenos artesãos, empregados não sindicalizados, etc., partidos e sindicatos dificilmente conseguem alcançar.

Mas apesar da desorganização dos primeiros momentos, da ausência de representação, das divergências internas, não podemos deixar de enxergar um início de identificação de classe em luta, determinada a enfrentar um sistema injusto e opressor. Um povo reapropriando-se da sua própria história à beira de uma verdadeira revolução popular.

Somos todos Coletes Amarelos

Partindo de uma denúncia específica sobre o aumento do preço do diesel, as pautas da mobilização amplificaram-se ao longo das semanas. O movimento estudantil deflagrou novamente suas greves contra a reforma do acesso ao ensino superior, e muitas marchas ecológicas e feministas, já previstas no período, mantiveram seus atos fazendo eco à mobilização geral.

Sobre a questão ecológica há de se frisar que no início do movimento, muitos denunciaram a falta de consciência ambiental dos Coletes Amarelos ao recusar a taxa sobre o diesel apresentada pelo governo como uma taxa ambiental. Mas a adesão da marcha contra o aquecimento global prevista nesse último sábado 8/12 reafirmou o caráter injusto dessa taxa, esclarecendo que não há justiça ambiental sem justiça social.

Alguns sindicatos e partidos também vestiram o colete para dar suporte ao movimento. “Não há como não ser um colete amarelo”, disse assim um representante de um sindicato de policiais, já que grande parte da sociedade francesa está afetada pela precarização da vida em geral. Alguns policiais inclusive vestiram o coleto debaixo do uniforme nos últimos sábados.

Isso é um movimento de esquerda?

É difícil responder. Para que assim seja, precisaria antes de tudo que o fato de “ser de esquerda” representasse ainda alguma coisa para os manifestantes que, como já dissemos acima, não se interessam mais por eleições e por política. Claro que há de lamentar a situação, fruto de um longo processo de esvaziamento da esfera pública, mas afinal, agora, não importa. Hoje, à sua maneira, eles estão escrevendo parte da história política do país. A denúncia das crescentes desigualdades sociais, dos privilégios, a reforma das instituições por mais transparência, horizontalidade, a demanda por uma constituinte, são pautas profundamente de esquerda e estão sendo levantadas por milhares hoje.

Sabemos também que os movimentos de extrema direita estão presentes e ativos e também representam parte dos Coletes Amarelos. Há processos de desinformação pelas redes sociais atuantes que já foram identificados e é preciso ficar alerto em relação a essas ameaças. Mas isso não pode servir para deslegitimar o movimento. A força do movimento conseguiu emplacar o questionamento dentro do governo sobre reestabelecer ou não o emblemático imposto sobre grandes fortunas (ISF) recém-cancelado. Frente a pressão, Macron, que até agora nunca recuou perante nenhuma reivindicação, teve que reconhecer sua parte de responsabilidade em não ter tomado medidas adequadas para resolver essa urgência econômica e social, anunciando na segunda feira, 10 de dezembro, uma série de medidas (insuficientes) para responder ao problema.

A violência inédita de parte do movimento, denunciada com firmeza por grande parte dos integrantes, a ausência de linha ideológica clara, não devem afastar o olhar dos que no mundo inteiro lutam por direitos e igualdade. A revolução está em marcha, áspera, bruta, mas potente. O movimento está criando suas próprias regras e visões. Há lugar para todo mundo, cabe a todos os lutadores ajudá-lo a crescer.

*Florence Poznanski, dirigente nacional do Parti de Gauche/França Insubmissa.

Editado por: Elis Almeida
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