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ÁREA INDÍGENA

Artigo | As cartas, os povos indígenas e a retomada da Universidade

Professores indígenas do RS defendem a presença dos povos originários na academia e expõem suas reivindicações

20.jul.2021 às 12h49
Jornal da Universidade
Bruno Ferreira Kaingang, Eloir de Oliveira M’bya Guarani e Magali Mendes de Menezes

"A re-tomada é aqui! Os cartazes dizem o óbvio (que precisa ser dito), tudo é construído em cima de 'área indígena'" - Foto: Flávio Dutra/JU

As retomadas de territórios ancestrais realizadas por muitos povos indígenas significam movimentos políticos/espirituais de suma importância. Cansados da “ineficiência” dos diferentes governos, indígenas lutam para recuperar o que, historicamente, lhes foi roubado: a vida que emerge de pachamama e seus modos próprios de existir. Ao seguirem os caminhos da ancestralidade (pois o tempo é circular), fazem o trajeto de re-torno, de re-tomada de suas moradas, o que não cabe na cartografia branca feita de cercas e fronteiras. A cartografia imposta é responsável por expulsar os diferentes povos indígenas de seus territórios, os colocando à beira de estradas, diante da miséria e da morte iminente. Os últimos anos foram marcados pelo total desprezo com a Constituição Federal, principalmente em seu artigo 231, que garante aos indígenas o reconhecimento “de sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens”.

É preciso re-tomar e seguir a escuta do coração que bate forte na terra por onde os pés pisam, no canto dos pássaros, no rio que muitas vezes agoniza, na mata queimada. Re-tomar é recuperar a vida da terra, consumida por um modelo econômico cruel capaz de matar milhares de seres humanos de fome.

Lembramos que em 1975, em plena ditadura militar no Brasil, a guerreira educadora Andila Inácio Kaingang escreveu uma carta dirigida ao Presidente Geisel em que diz: “O sangue de meu povo não pode mais ser contido nas veias, pois nossa terra está sendo usurpada por brancos […]” (Jornal Folha da Manhã, de Porto Alegre, 13/08/1975). Hoje, em 2021, essa carta poderia ser reenviada à presidência da República.

Mesmo diante de triste contexto, algo fere a paisagem: cartazes espalhados pela cidade dizem “área indígena” (intervenções do artista Xadalu). Alguns colocados dentro da Universidade perturbam a paisagem naturalizada em que os indígenas são invisibilizados. A re-tomada é aqui! Os cartazes dizem o óbvio (que precisa ser dito), tudo é construído em cima de “área indígena”.

A carta de Andila ressoa. No dia 27 de abril de 2021 aconteceu uma reunião com a Reitoria da UFRGS em que estiveram presentes lideranças espirituais, políticas, professores e estudantes indígenas, além da equipe do Projeto Saberes Indígenas na Escola. Para marcar essa re-tomada, foi entregue uma carta de reivindicações em que constavam os seguintes pontos: qualificação de políticas afirmativas na graduação e pós-graduação; ampliação do acesso e da permanência dos estudantes indígenas; garantia de bolsa permanência para todos os estudantes indígenas; Casa de Estudante Indígena; aumento de vagas no Vestibular Especial (mais de uma vaga aos indígenas por curso); concurso específico para Professores Indígenas (garantia de vagas); apoio à Ação Saberes Indígenas na Escola, intervindo junto ao MEC, para a garantia de sua continuidade; reconhecimento dos Sábios Indígenas como Mestres na Universidade.

A carta expressou a esperança de que esse diálogo encontre caminhos para a efetivação e materialização das demandas apontadas pelos povos indígenas. A Universidade – quem sabe ainda um dia poderemos chamá-la de Pluriversidade -, como área indígena, precisa não apenas abrir suas portas para a entrada de estudantes indígenas, negros, da periferia e tantas outras minorias políticas, mas necessita também, e fundamentalmente, aprender com esses coletivos. Estes carregam saberes que lhes possibilitaram estar vivos mesmo com todo processo de colonização e extermínio ainda em marcha.

Sabemos que uma Universidade verdadeiramente intercultural ainda é uma utopia. Embora a interculturalidade estivesse no horizonte dos debates da 3.ª Conferência Regional da Educação Superior da América Latina e Caribe (Cres 2018) como um eixo importante, estamos longe de viver essa realidade. Os povos indígenas, contudo, re-existem e retomam a Universidade como território a ser ocupado e transformado radicalmente.

Entendemos a radicalidade como a busca da raiz que dá sentido e força a todos nós, pois é a comunidade universitária que, através da retomada de tantos coletivos, tem a oportunidade de recuperar o sentido mais profundo do é ser uma comunidade, ou seja, o que é comum, geral, compartilhado por muitos, o que é público.

Para concluir a reflexão, deixamos o poema Oração pela libertação dos povos indígenas, de Eliane Portiguara, como palavras-alimento: “Parem de podar as minhas folhas e tirar a minha enxada/ Basta de afogar as minhas crenças e torar minha raiz/ Cessem de arrancar os meus pulmões e sufocar a minha razão/ Chega de matar minhas cantigas e calar a minha voz”. Os povos indígenas aguardam ainda a resposta às suas Cartas.

*Bruno Ferreira Kaingang é doutor em Educação pela UFRGS e professor de História do estado e do Instituto Estadual de Educação Indígena Ângelo Manhká Miguel.
Eloir de Oliveira M’bya Guarani é professor e pesquisador da Ação Saberes Indígenas na Escola Núcleo UFRGS.
Magali Mendes de Menezes é professora da Faculdade de Educação da UFRGS.

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Jornal da Universidade UFRGS
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