A parada de manutenção da refinaria presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, terminou oficialmente no dia 29 de julho, com a finalização do procedimento de partida da Unidade de Recuperação de Enxofre (URE).
Iniciada em plena segunda onda da pandemia do coronavírus no Brasil, em meados de março, a parada adicionou mais dois mil trabalhadores à rotina de serviços da Repar. O Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR/SC) afirma, em nota, ter sido contra a manutenção industrial durante a crise sanitária. A principal ação do sindicato foi a deflagração da chamada greve sanitária, entre os dias 12 e 16 de abril.
O movimento admite que não conseguiu barrar a parada. No entanto, garantiu a testagem no início da jornada de trabalho, que antes era feita apenas no final, o reforço na higienização das áreas comuns, como vestiários, copas e estações de trabalho. Afirma também que conquistou o controle da quantidade de pessoas nos acessos aos espaços confinados; fornecimento de máscaras PFF2; e intensificação de orientações por meio da comunicação visual, entre outros protocolos adotados no período pós-greve sanitária.
Apesar do aviso, vidas perdidas
Os protocolos sanitários, porém, não impediram perda de vidas. No dia 30 de julho, o trabalhador capixaba Leandro de Carvalho da Rocha, de 51 anos, contratado pela empresa Método Potencial, foi a décima vítima de covid-19 que atuou na parada da Repar. Deixou um casal de filhos, de 17 e 14 anos (veja no box o nome dos falecidos).
A parada de manutenção da Repar terminou, mas o número de mortes por covid-19 ainda não está determinado. Podem surgir novos casos de eventuais internados ou até mesmo de pessoas que atuaram na manutenção, mas não foram contabilizados. De acordo com o sindicato, a gestão da empresa não repassou informações sobre os números de contaminados ou falecidos, próprios ou contratados, ao sindicato, em descumprimento ao acordo que colocou fim à greve sanitária, firmado no Ministério Público do Trabalho (MPT).
Alberto Emiliano de Oliveira, promotor do Ministério Público do Trabalho (MPT – PR), afirma que, no dia 4 (quarta) foi instaurada denúncia do sindicato, a ser investigada em específico. “O Ministério Público do Trabalho mediou acordo entre sindicato e Petrobras que resultou no fim da greve em abril de 2021. A denúncia sobre as mortes dos trabalhadores será objeto de investigação específica, instaurada a partir da denúncia apresentada pelo sindicato, que tramitará no MPT”, afirmou à reportagem do Brasil de Fato Paraná.
Trabalhadores mortos na Repar
Rodrigo Germano, de 36 anos, em 22 de março; Marcos da Silva, de 39 anos, em 25 de março; Carlos Eduardo, de 45 anos, no dia 1 de abril; Valdir Duma, de 49 anos, em 14 de maio; Daniel Cristiano Müller, de 43 anos, em 15 de maio; Ernani Nunes, de 54 anos, em 1 de junho; Célio Alves da Cruz, de 55 anos, em 05 de junho; Luiz Carlos de Lemos, de 60 anos, em 23 de junho; e Alessandro Barbosa, de 41 anos, em 29 de julho.