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Opinião

Èku abó: por um xirê inter-religioso

Sintonizar na gramática afrocentrada o diálogo inter-religioso é tanto um convite como um imperativo de justiça

08.ago.2016 às 09h56
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h36
Curitiba (PR)
Thiago Hoshino
Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, para que o diálogo se torne realmente igualitário e potente será preciso dar um passo atrás e deslocar os quadros ocidentais de pensamento que distinguem religiões “modernas” de “primitivas”

Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, para que o diálogo se torne realmente igualitário e potente será preciso dar um passo atrás e deslocar os quadros ocidentais de pensamento que distinguem religiões “modernas” de “primitivas” - Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, para que o diálogo se torne realmente igualitário e potente será preciso dar um passo atrás e deslocar os quadros ocidentais de pensamento que distinguem religiões “modernas” de “primitivas”

Dias antes da abertura das Olimpíadas, já a disputa se desenrolava, fora das quadras. Depois de uma maratona de notas e recomendações (das Defensorias Públicas, do Ministério Público Federal e do Conselho Nacional de Direitos Humanos), a controvérsia sobre a inclusão das religiões afro-brasileiras no centro ecumênico que deverá atender a milhares de pessoas ao longo do evento parece ter chegado ao fim. 

O Comitê Organizador Rio 2016 teria se comprometido a garantir que, ao lado das cinco inicialmente previstas – cristianismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo e budismo –, também as religiões de matriz africana possam ser contempladas. Ao que consta, a escolha primeira acompanhou o ranking das crenças entre os atletas. Todavia, mesmo sendo “bem-vindas”, para as demais não haverá espaços próprios nem sacerdotes(isas) permanentes, o que dependerá de expresso pedido de algum dos participantes. O quanto estarão, de fato, os deuses olímpicos dispostos a recepcionar os orixás, voduns, inquices, caboclos, pretos-velhos e encantados, ainda é uma incógnita.

Vale lembrar que, durante os preparativos para a Copa do Mundo de 2014, embate muito parecido foi travado pelas baianas de acarajé, impedidas de exercer seu ofício – diga-se de passagem, intimamente associado ao culto de Iansã – nos arredores dos locais oficiais. Em ambas as oportunidades, foram as vozes do povo-de-santo e do movimento negro que denunciaram e trouxeram para a mesa de negociação os organizadores dos jogos. Mas o jogo de poder nem sempre respeitou o fair play.

Para além do que estes dois episódios revelam sobre as tensões que atravessam mega-eventos dessa natureza, cabe uma reflexão mais abrangente quanto ao teor e à profundidade do pluralismo a que se propõem. Se a noção de oikouméne reporta-se, na sua origem grega, à “terra habitada” ou ao “mundo habitado”, o que está em jogo, aqui, é precisamente o (não) lugar das diversas tradições espirituais africanas e afro-diaspóricas no espectro contemporâneo do ecumenismo. 

Embora não reste dúvida de que a prática e o discurso ecumênicos tenham, hoje, extrapolado as fronteiras do universo cristão – no que se convencionou chamar de diálogo inter-religioso – também é verdade que tais experiências costumam reproduzir hierarquias geopolíticas, sobretudo quando pautadas pelo velho conceito-fetiche de “religiões mundiais”. Num contexto de globalização, difícil saber qual religiosidade não tem ao menos uma faceta “mundializada”. E num ambiente que se quer diverso, ou pelo menos horizontal, a quantidade de adeptos desta ou daquela fé não se mostra razoável como critério para diferenciá-las no que toca à legitimidade de seus líderes ou às condições para a sua manifestação. Nisso, a lógica majoritária que presidiu à opção do Comitê Rio 2016 é repetida, frequentemente, nas decisões do estado, esquecendo-se que democracia significa, fundamentalmente, a proteção das “minorias” (a despeito das ressalvas com o termo).

Para que este diálogo se torne realmente igualitário e potente será preciso dar um passo atrás e deslocar os quadros ocidentais de pensamento que distinguem religiões “históricas” de “mitológicas”, “escritas” de “orais”, “modernas” de “primitivas”. Este tipo de subalternização evidencia a colonialidade inscrita também na ciência e na teologia, que, não raro, rechaçam como conhecimento “popular” tudo que as conteste ou ultrapasse. 

Será preciso, portanto, romper com as hegemonias enraizadas no imaginário social e nas instituições para retomar a conversa em novos termos, superando o monopólio e o “centralismo” da fala. No balaio da diversidade epistemológica do mundo, nem há joio, nem há trigo, o que existe é uma ecologia de saberes. Ecologia, aliás, que os povos de terreiro bem souberam cultivar na diáspora, repactuando sua cosmopolítica entre as várias culturas, etnias e ancestralidades que atravessaram o Atlântico Negro. 

O xirê, a roda das múltiplas divindades a alternarem-se ritmadamente, é a síntese em sincronia (syn+kronos, juntar os tempos, reunir num só tempo-espaço) desse processo. Èku abó: bem-vindas(os) à gira. Sintonizar nessa gramática afrocentrada o diálogo inter-religioso é tanto um convite como um imperativo de justiça. Por menos clichês e mais xirês.

*José Marmo Silva é ogan e coordenador da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde – RENAFRO.

*Thiago Hoshino é pesquisador, membro da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde – RENAFRO e do Fórum Paranaense das Religiões de Matriz Africana – FPRMA.

Editado por: Redação
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