O selo editorial Orisun Oro vai divulgar o trabalho de mulheres poetas latino-americanas e caribenhas, a partir da tradução exclusiva e publicação de três livros de poesias. Aprovado no Edital Diversidade das Culturas, da Fundação Marcopolo, o selo foi proposto pela a editora Escola de Poesia, com sede em Porto Alegre.
A tradução das obras será feito por um clube de tradutoras, o "Clubamefricana das Tradutoras", do qual fazem parte Eliane Marques, que também assina como idealizadora e uma das coordenadoras do projeto, além de Mariangela Ferreira Andrade e Katherine Castrillo.
Nesta primeira etapa, o selo realiza a publicação bilíngue de obras originalmente escritas em espanhol por Georgina Herrera (Cuba), com "Cabeças de Ifé"; Mayra Santos Febres (Porto Rico), com "Conjuro da Guiné"; e Graciela Gonzalez Paz (Argentina), com "Zambeze".
O nome, Orisun Oro, pode ser traduzido da língua yorubá como “a fonte da palavra”. O projeto é executado através do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas realizado com recursos da Lei Aldir Blanc. As publicações visam promover a circulação da "améfrica" espanhola em territórios de língua portuguesa.
Ações de divulgação virtual
Nas redes sociais do Orisun Oro já estão acontecendo encontros virtuais. Além da live de lançamento, com a participação especial de Iyá Bete Omidewa, acontece nesta quinta-feira (26), pelo Facebook da Escola de Poesia, uma ação virtual ao vivo pelo Dia Internacional da Igualdade da Mulher, com participantes do projeto.
Também está prevista a publicação da tiragem de 300 exemplares de cada livro traduzido, com um total de 900 exemplares, com distribuição comercial e social e o oferecimento gratuito de uma oficina online de tradução com o Clube das Tradutoras. Quem se interessar pode acompanhar diretamente pelas redes sociais do selo.
Redes do Orisun Oro: Facebook / Instagram
Mulheres amefricanas publicam mulheres amefricanas
As coordenadoras do selo Orisun Oro inspiram-se no conceito político-cultural que a intelectual negra Lélia Gonzalez chamou de amefricanidade, que se constitui na recuperação e na unificação de processos insurgentes afrolatinoamericanos, historicamente protagonizados por mulheres negras e indígenas contra as estruturais violências de gênero, raça, classe e nacionalidade.
Segundo a coordenação do projeto, o protagonismo de mulheres negras se expressa em todo o processo de constituição editorial, iniciado desde a elaboração do projeto, contato e conversas com as autoras, seleção dos poemas, tradução, revisão, diagramação e publicação final. A experiência de circulação e visibilidade da produção também traz obras de poetas negras vivas, com valorização e justo pagamento dos seus direitos autorais.
As coordenadoras Eliane Marques e Michele Zgiet apontam que se faz necessária e prioritária a constituição desta teia editorial coletiva. Destacam que o mercado hegemônico não privilegia a publicação de poemas, especialmente quando escritos por autoras mulheres afrodiaspóricas. Como consequência, há o apagamento histórico de produções literárias de grande valor.
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