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Artigo | A fé evangélica fala da paz: das pequenas transformações que geram grandes mudanças

"É nesta fé que acreditamos, não na fé instrumentalizada por políticos que tem a morte como projeto"

26.jul.2021 às 17h31
Porto Alegre
Nilza Valeria Zacarias
Grupos como a “Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito”, “O Amor Vence o Ódio” e “Evangélicos Contra Bolsonaro” ganham força no país

Grupos como a “Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito”, “O Amor Vence o Ódio” e “Evangélicos Contra Bolsonaro” ganham força no país - Foto: John Moore/ Getty Images/AFP

Dona Lúcia, 55 anos. Virou crente há uns 25 anos. Tinha uns 30, o filho mais velho entrando na adolescência. O garoto estava dando muito trabalho. Dona Lúcia era sempre chamada na escola e ela não sabia mais o quê fazer. Morando em Belford Roxo, o menino, então com 12 anos, gostava da rua.

Ela tinha medo das más influências, os meninos mais velhos que já tinham desistido da escola e todo mundo da comunidade sabia: viviam de ganhos no trem, que pegavam pulando a roleta e paravam na Zona Sul, tocando o terror na praia.

A mãe estremecia só de pensar que o filho podia ter o mesmo destino. Ela trabalhava pesado de oito a 10 horas por dia, em um supermercado. Não tinha olhos para vigiar o filho.

O pai, pedreiro, vivia de bicos. Homem vindo do sertão, que não aprendeu na dureza da seca, a dar carinho aos filhos pois não recebeu do pai retirante. Quando não estava trabalhando, bebia seus tragos na birosca da rua. Nunca levantou a mão para a Lúcia, que conheceu numa festa de terreiro, no bairro mesmo. E se juntaram antes dela completar 18 anos.

A vizinha de Lúcia, dona Helena, era da igreja. Nunca usava roupas extravagantes. Sempre educada, prestativa. Quase sempre tinha alguém batendo em sua porta para pedir ajuda. Dona Helena era um poco mais velha que Lúcia. Quando Lúcia tinha 30 anos e enfrentava os problemas com o menino mais velho, foi tomar conselho com Helena, que tinha uns 40 anos. 

A filha de Helena, de 19 anos, já estava na universidade. A família de Helena era um modelo. Gente simples, que tinha a casa mais bonita do lugar. Quintal com jardim. O marido não bebia.

Helena conversou com Lúcia. Falou de uns cursos que o menino podia fazer na igreja, de música, sem custo, sem onerar o orçamento da família que já era apertado. E o mais importante, Helena disse que ia colocar o nome do menino no caderno de oração da igreja. Que ia orar por ele como orava por seus filhos.

 

O coração de Lúcia sentiu conforto. Foi acolhida por aquela mulher que entendia sua angústia.

O menino até gostou da ideia de aprender a tocar. A família não tinha como comprar um violão. Mas, isso não foi problema. A igreja oferecia o instrumento para o menino ter as aulas. Duas aulas por semana. Viu o piano e ficou encantado, nunca tinha visto um.  Pediu para aprender também. Uma aula por semana.

Não ter os instrumentos em casa impediam o treino constante. O pessoal da igreja arranjou um violão, que não era novo, mas dava para treinar. Na escola, a situação acalmou. Não passou a ser um aluno que se destacava, só que tinha a música. Passou a ser interessado. 12 anos, 13 anos, 14 anos e já estava envolvido com o grupo de jovens da Assembleia de Deus. Tocava na orquestra juvenil, participava de acampamentos. Não tinha recursos, tinha solidariedade. Se deu bem tocando piano.

Os irmãos mais novos foram seguindo o mesmo caminho. Acordavam cedo nos domingos e iam para o culto. A menina de 9 anos foi aprendendo a cantar. Gostava. As músicas eram sua alegria.

O menor, de 7 anos, gostava de ouvir as histórias bíblicas: Davi e o Gigante Golias, Jonas na barriga de uma baleia, a arca de Noé cheio de bichos. Pintava as ilustrações. A igreja era mais divertida que a escola, cheia cheio de papeis pintados, escritos com versículos, encenava as histórias.

Dona Lúcia começou a ir para a igreja. De início, ia bem menos que os filhos. Depois começou a frequentar mais. Ia na Escola Bíblica Dominical. Depois começou a frequentar o círculo de oração. Ainda não se dizia crente. Só que foi parando de beber, por ela mesma e pelos filhos. Aquele monte de cerveja na casa mal terminada não fazia mais sentido. O marido continuava com os tragos na birosca. 

A diferença foi o dia que Lúcia parou de fumar. Fez um culto em casa para comemorar isso. As mulheres da igreja estavam lá. Tinha bolo, refrigerante, música, a filha cantando, o mais velho tocando violão.

 

O dinheiro gasto com cigarro e cerveja virou uma pia nova para a cozinha, que a velha estava ruindo. 

Depois virou uma cama nova. Nenhuma grande reforma que a grana é curta, mas pequenas diferenças cotidianas que são os milagres de quem quer ter a dignidade de uma casa ajeitadinha em sua pobreza.

O menino mais velho virou músico, além da igreja. Tem um estúdio quase doméstico, junto com um sócio, grava os pancadões da comunidade, mas grava jovens e senhores evangélicos, homens e mulheres, que querem cantar gospel, e sei lá, ter a sorte, de tocar em rádio evangélica.

A menina estudou. Com a política de cotas ingressou na universidade pública. Pedagogia. Quer ser professora, tem uma cabeça boa, acredita que o mundo pode ser melhor e conheceu Paulo Freire na Universidade. Continua na igreja, namorando com o filho de pastor.

O caçula se declarou gay. A mãe sofreu, o pai queria colocar para fora de casa. Mas, dona Helena e as irmãs da igreja falaram o quanto é importante amar. O pastor deu um bom conselho, disse que os filhos são herança do Senhor.

O pai que nunca foi para a igreja bebeu uns tragos a mais, mas teve orgulho da família que tinha. A casa que antes era quase um barraco, agora era boa. Algum familiar quando vinha do sertão dizia que eles tinham uma vida de rico. O pai um dia deu um abraço no filho caçula, e houve paz.

 

A fé evangélica fala dessa paz. Desses milagres de pertencer a um lugar e das pequenas transformações que geram grandes mudanças em quem as vive.

É por essa fé que trabalhamos. Não a fé que é instrumentalizada por políticos que tem a morte como projeto. O que dona Lúcia sempre quis é viver. E ela está vivendo. E é isso que queremos, que todo mundo viva, independente da fé que tenha, num país que seja justo.

* Jornalista e coordenadora Nacional da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.

** Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Mariana Pitasse
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