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OPINIÃO

Artigo | Gênero neutro

"Há uma necessária e frutífera relação entre cultura, língua falada e norma culta"

22.nov.2021 às 16h34
Porto Alegre
Francisco Marshall

Reprodução - Juliana Vitória / freepik

É excesso de pobreza supor-se que a expressão de gêneros restringe-se à polarização binária entre masculino e feminino. Em muitas famílias linguísticas e idiomas há numerosos casos de ausência de gênero gramatical, e ricas variantes na sua expressão. O proto-indo-europeu, origem da maior família linguística do planeta, formado em meados do quinto milênio a.C., distinguia apenas entre gêneros animado e inanimado; posteriormente o gênero animado cindiu-se em masculino e feminino e o inanimado tornou-se neutro. Na maioria das línguas da família indo-europeia, como o grego, o latim, o alemão, o russo, o sânscrito e o romeno, há 3 gêneros, feminino, masculino e neutro. Em alguns casos, como no sueco e no dinamarquês, passou-se da definição binária de gêneros para um gênero comum. Além das línguas que simplesmente não diferenciam gênero, como o armênio, o turco, o húngaro, o japonês e o tupi-guarani, há casos como o da família Bantu, do centro e do sudeste da África, em que há línguas como o Shona, com mais de 20 gêneros. Exercite o conhecimento e a imaginação. O mundo dos gêneros é muito mais do que um par de opções.

Ao lado desses fatos da cultura linguística, cresceu na última década o movimento social pela neutralidade de gênero. Com nobreza ética, visa-se a evitar a discriminação e ampliar a inclusão social. A finalidade é eliminar de nosso convívio violências inconvenientes e desnecessárias. Não se negam gêneros masculino e feminino, mas expande-se o campo da linguagem com uma ou mais opções, com maior liberdade e respeito. Em 2012, na Suécia, foi proposto um novo pronome, hen, neutro, além de hon e han para ela e ele, e dois anos depois hen foi aceito no Glossário da Academia Sueca. Há uma necessária e frutífera relação entre cultura, língua falada e norma culta; esta não é uma fortaleza a cercear a coloquialidade popular, contra as mudanças, mas apenas uma forma de normalizar costumes. É arrogância apedeuta usar a autoridade da norma culta para tentar barrar a evolução da linguagem. Muitas legislações mundo afora e diversos comportamentos comunicativos, na educação, na economia, no direito, na ciência, na arte e na imprensa, avançam consolidando essa evolução cultural que aperfeiçoa a linguagem com delicadeza e respeito.

Do mesmo modo que usurparam a bandeira nacional para expressar sua visão tacanha de sociedade, muitas, muitos e muites reacionárias(os)(es) hoje fazem cavalo de batalha contra essa sadia e irreversível tendência histórica. Em uma escola tradicional de Porto Alegre, de gente rica de dinheiro e pobre de espírito, cujo nome homenageia a revolta de oligarcas sonegadores, censurou-se uma peça de teatro e à própria e multimilenar arte teatral, para impedir o uso do gênero neutro. Sabemos quem é o monstro inspirador dessa estupidez, e seu governo é também agente de um ataque intolerante à modernidade ética e vernácula – bem como à ciência, à arte e à vida. É o sistema integrado da ignorância e da cafonice.

Há, todavia, novas cores na floreira do lácio. E isso é muito bom para todas, todos e todes.

* Francisco Marshall é historiador, arqueólogo e professor da UFRGS

** Artigo originalmente publicado no Caderno Doc do Jornal Zero Hora, edição de 20 e 21 de novembro de 2021, página 5.

*** Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Editado por: Jornal Zero Hora

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