“A sociedade precisa entender e mergulhar nesse universo, assim como buscar maneiras de ajudar a população Yanomami, seja com a recusa ao uso do ouro que sai do território, seja compartilhando e entendendo a história desta parte da população brasileira.”
A afirmação é do líder Yanomami Junior Hekurari, que abrirá o 12º Fórum Internacional de Meio Ambiente (Fima), promovido pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI) nos dias 12 e 13 de março, em Porto Alegre. O evento será realizado no Auditório da Famecos, no 1º andar, na PUC/RS. Em paralelo ao 12ª Fima ocorrerá a 1ª Mostra Universitária de Jornalismo Ambiental.
Em sua primeira visita ao Rio Grande do Sul, a liderança indígena é um dos conferencistas convidados. “Me sinto lisonjeado pelo convite neste espaço e preparado para falar sobre os povos Yanomami e as nossas lutas. Tenho certeza que traduzirei a história do meu povo através do relato de tudo o que enfrentamos nos últimos anos”, disse ele, numa breve entrevista para a ARI.
Júnior é presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami (Codisi-YY) e da Associação Yanomami, de Roraima, destacando-se como um dos representantes do povo Yanomami que mais tem denunciado a tragédia humanitária e a morte de crianças indígenas, vítimas da contaminação por mercúrio usado nos garimpos. Ele também é autor de várias denúncias sobre a retirada de madeira da Amazônia.
“Vivemos uma emergência climática e a ARI demonstra compreender que o jornalismo tem papel fundamental para informar e educar sobre os desafios deste tempo”, diz a doutora em Comunicação Ilza Girardi, líder do Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental.
Sobre o evento
Com o tema central Água e Energias Renováveis, a programação do 12º Fima começa na terça-feira (12), às 19h, com a conferência de Junior Yanomami. “A ARI realiza o Fórum Internacional Ambiental há mais de 20 anos e agora volta a tratar de uma questão que deu início a essas discussões: o uso da água, que vem, acrescido do tema energias renováveis. E teremos, pela primeira vez em Porto Alegre, uma liderança do povo Yanomami que está diretamente ligado à preservação das águas na Amazônia”, destaca o jornalista José Nunes, presidente da ARI.
Os painéis e palestras seguem na quarta-feira (13), a partir das 9h. O evento é aberto ao público em geral, mas a proposta da ARI é envolver especialmente o público universitário, em especial as faculdades de Jornalismo, mas é aberto a todos os interessados.
A parceria com a Famecos, Escola de Comunicação Arte e Design, é inédita e o local vai sediar também a 1º Mostra Universitária de Jornalismo Ambiental, produzida em articulação com o Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental (CNPq/Ufrgs), reunindo reportagens especiais sobre meio ambiente. Já estudantes de Jornalismo da PUC terão participação especial no evento utilizando-o como laboratório para diversas práticas.
Entre os painelistas também estão o jornalista Rodrigo Lopes, correspondente de GZH na 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), a editora-executiva do portal Vos.social, jornalista Geórgia Santos, a jornalista Silvia Marcuzzo, do POA Inquieta, e as jornalistas doutoras em Comunicação Eliege Fante, da Rede Campos Sulinos, e Débora Gallas, da Agência Bori.
A série sobre o meio ambiente começou no ano de 2003, como Fórum Internacional das Águas. “A preocupação da Associação Riograndense de Imprensa com o meio ambiente é de suma importância para que essa luta ganhe cada vez mais visibilidade. Os Yanomami precisam que suas histórias continuem sendo propagadas, de maneira respeitosa e cuidadosa”, alerta Júnior.
As inscrições são gratuitas e os participantes receberão Certificado de Participação expedido pela PUC como atividade de extensão.
Veja a programação completa neste link.
