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ouro ilegal

Estudo sabotado por Bolsonaro revela contaminação por mercúrio de indígenas Yanomami

Garimpo contaminou 100% dos indígenas em nove aldeias; pesquisador da Fiocruz lembra 'manobra' da Funai bolsonarista

04.abr.2024 às 07h18
Lábrea (AM)
Murilo Pajolla

Em janeiro de 2023, governo Lula declarou emergência sanitária e deflagrou operação para retirar invasores da terra indígena Yanomami - Fernando Frazão/Agência Brasil

Um estudo da Fiocruz que o governo Jair Bolsonaro (PL) tentou sabotar foi disponibilizado nesta quinta-feira (4) e revelou uma clara associação entre garimpo ilegal e contaminação por mercúrio na Terra Indígena (TI) Yanomami. A situação atinge principalmente mulheres grávidas e crianças. 

"Estamos diante de uma tragédia. Não tem outra palavra para definir. E essa tragédia tem múltiplos impactos que se estendem por distintas áreas da vida dos povos tradicionais", disse ao Brasil de Fato o médico Paulo Basta, pesquisador da Fiocruz.

Entre os impactos estão índices alarmantes de anemia, malária e desnutrição crônica, sobretudo em gestantes e crianças. O mercúrio usado na separação do ouro foi encontrado em 100% dos quase 300 indígenas examinados, com maior índice de contaminação em aldeias próximas a garimpos. 

"Nos casos graves de exposição crônica ao mercúrio, muitas vezes a mãe não consegue levar a gravidez até o final, sofrendo abortos de repetição. Quando ela consegue dar à luz e está com altos níveis de mercúrio, a criança pode nascer com deformidades congênitas, síndromes genéticas diferentes, paralisia cerebral, entre outros problemas", revela o pesquisador. 

O estudo também constatou:

  • Apenas 15,5% das crianças com vacinas em dia 
  • Desnutrição aguda em mais da metade de menores de 11 anos
  • Anemia em 25% das crianças até 11 anos
  • Mais de 80% tiveram malária pelo menos uma vez, com média de três contaminações por pessoa.
  • 80% das crianças com déficit de altura, indicando desnutrição crônica 

 

QI de crianças abaixo da média 

Paulo Basta explicou que o metal pesado passa pela placenta da mãe para o bebê. Crianças Yanomami que nasceram aparentemente saudáveis apresentam desenvolvimento intelectual comprometido.

"Quando uma mulher gestante come um peixe contaminado, o mercúrio é absorvido no trato gastrointestinal, cai na corrente sanguínea, é distribuído por todo o corpo e, por intermédio da placenta,, chega até o feto que está em desenvolvimento", explicou Paulo Basta. 

Teste adaptados à cultura dos indígenas indicaram que o Quociente de inteligência (QI) médio das crianças foi de 68, abaixo do valor médio geral previsto em testes deste tipo, que é 100. Segundo o estudo, muitas dessas crianças apresentaram inteligência considerada limítrofe, mediana ou inferior. Em uma das aldeias, apenas uma criança apresentou QI mediano. 

"A criança que tem atrasos nos marcos do neurodesenvolvimento vai, por exemplo, demorar a sentar, a sustentar a cabecinha, a engatinhar, a dar os primeiros passos, a falar as primeiras palavras. Ela não vai brincar do mesmo jeito que as outras crianças brincam, vai ter dificuldade de aprendizado, vai receber bilhetinhos do professor dizendo que não está seguindo as orientações na escola", exemplifica o médico da Fiocruz. 

Governo Bolsonaro tentou interditar pesquisa 

A pesquisa liderada pelo Fiocruz foi realizada em outubro de 2022 com indígenas Yanomami do subgrupo Ninam. Equipes formadas por médicos, biólogos e geógrafos visitaram nove aldeias no Alto Rio Mucajaí, uma áreas mais afetadas pelo garimpo ilegal.  

Um ano antes, em outubro de 2021, os pesquisadores solicitaram autorização para ingressar na TI Yanomami, mas foram barrados pela Funai. A justificativa do órgão indigenista foi a pandemia de covid-19, embora a equipe integrada por nove médicos estivesse lá para atuar justamente na área da saúde. 

"Foi uma manobra política clara de sabotagem que prejudicou nosso trabalho e inviabilizou a avaliação da população naquele momento", avaliou Paulo Basta.

O médico da Fiocruz diz que negativa da Funai causou indignação e frustração na equipe, que já estava mobilizada para ingressar na TI Yanomami. Segundo ele, é possível que os dados fossem ainda mais graves se a pesquisa fosse realizada dentro do calendário original.

"Com o fim do do decreto da pandemia, em abril de 2022, nós ingressamos novamente com um pedido. E aí a Funai não teve como negar novamente", lembrou.

Desde janeiro de 2023, uma força tarefa interministerial afirmou ter expulsado 65% dos invasores, mas 7 mil garimpeiros seguem no território, muitos ligados a facções criminosas. O governo federal também criou um centro de operações voltado ao território e instituiu uma casa de governo em Boa Vista (RR).

"Crianças nascem sem braços", diz líder Yanomami

Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, disse ao Brasil de Fato que, os garimpeiros continuam a invadir a terra indígena, embora reconheça mudanças entre os governos Bolsonaro e Lula.

"O novo governo [Lula] pegou a situação [da TI Yanomami] com muito problemas. Tinha muitas doenças, muito garimpo. O governo queria a proteger a população Yanomami, principalmente as crianças, principalmente eliminar o garimpo ilegal. Então isso ele não conseguiu fazer", avaliou Dário. 

Kopenawa diz que o garimpo ilegal não só prejudica a saúde, mas também causa problemas sociais graves, como aumento do alcoolismo, prostituição e violência. Os jovens Yanomami são atraídos pelos garimpeiros com oferta de álcool, armas e celulares, comprometendo a coesão cultural e social das comunidades.

"As crianças nascem sem braços, já está acontecendo isso. As mulheres estão com problema de infecção urinária e outros sintomas. [O garimpo] está afetando os problemas de cabeça, neurológicos, que estão [deixando os indígenas] meio perturbados. Outras crianças já morreram", narra Dário Kopenawa.

Efeitos do mercúrio não sumirão com os invasores 

Todos os 287 indígenas testados tinham mercúrio no organismo: 84% tinham níveis de contaminação acima de 2 microgramas e quase 11% apresentaram mais de 6 microgramas, índice considerado alto que requer atenção especial e investigação complementar.

Atualmente a região onde ocorreu o estudo serve como reduto de garimpeiros armados que desafiam a operação de expulsão liderada pelo governo federal, que começou em janeiro de 2023, mas até agora não conseguiu concluir a retirada dos invasores. 

"Se hoje nenhuma gota de mercúrio for despejada na terra Yanomami, nós teremos que manejar todos esses efeitos por pelo menos um século. Ele pode permanecer no ambiente sob diferentes formas por até 100 anos", explica Basta. 

O estudo é intitulado Impacto do mercúrio em áreas protegidas e povos da floresta na Amazônia: uma abordagem integrada saúde-ambiente. Os trabalhos foram conduzidos pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), que contou com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA).

Trabalho ininterrupto, diz Ministério dos Povos Indígenas 

Em comunicado enviado ao Brasil de Fato no início de março, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) declarou que o Ibama atua ininterruptamente na TI Yanomami desde fevereiro de 2023.

"As principais linhas de ação para acabar com o garimpo ilegal são o bloqueio do fluxo de suprimentos para a mineração ilegal (combustível, alimentos, peças de reposição etc.), com o objetivo de inviabilizar a permanência dos garimpeiros e a apreensão e destruição da infraestrutura para mineração ilegal (aeronaves, motores, barcos, acampamentos, equipamentos etc.), com o objetivo de descapitalizar e incapacitar os infratores", disse o MPI. 

*Texto atualizado às 16h de 4/04 para inclusão do posicionamento da Hutukara Associação Yanomami

Editado por: Thalita Pires
Tags: amazôniafiocruzroraimaterra indígenayanomami
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