Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Opinião

Artigo

Caso Braskem: o depoimento que a CPI não ouviu

Flexais não era um simples bairro-dormitório; tinha uma vida pulsante e ativa, mas virou lugar de terror

09.jun.2024 às 12h10
Maceió (AL)
Redação

Moradores dos Flexais pedem socorro nos arredores de mina da Braskem prestes a colapsar - Kiko Cavalcanti

Meu nome é Maurício Sarmento da Silva, tenho 46 anos e sou servidor público. Sou casado, filho de João Sarmento da Silva e Célia Martiliano dos Santos, e moro em Bebedouro, na  localidade conhecida como Flexais. 
Flexais, hoje resumida a duas ruas – Tobias Barreto e Faustino Silveira –, outrora contava com outras vias, como Rua Santo Amaro (Beira Rio), Carteiro João Firmino e Sargento Ozeias Costa. Este bairro não era um simples bairro-dormitório; tinha uma vida pulsante e ativa. A  proximidade da Rua Cônego Costa, centro econômico de Bebedouro, fazia de Flexais um  lugar de intensa movimentação. 

Historicamente, Flexais era a rota dos tropeiros que passavam por Maceió. Ali, na margem do Riacho do Silva, eles banhavam, alimentavam e saciavam a sede de seus animais. Foi também lar de figuras ilustres, como Nise da Silveira, referência em psiquiatria humanizada, e seu tio, Major Bonifácio da Silveira, amante fervoroso das festividades locais. Outros residentes notáveis, porém menos conhecidos fora da comunidade, incluíam a marisqueira Didi, os pescadores Jaragoga, Zé Bobo e Tonho Bujão, além dos comerciantes Rogildo (do Bar do Rogildo), Major Alonso e Maro Tatu. 

Na venda do Major Alonso, encontrávamos um refúgio para longas conversas e debates sobre a política local, sempre acompanhados de uma cerveja e partidas de dominó. Lá, também celebrávamos a vida em comum, com futebol e festas. Times locais, como o Tobias  Barreto e o Seca Poço, acendiam nossas paixões esportivas, especialmente sob a liderança  do amigo Cícero Ozete. 

O Parque da Lagoa, hoje um centro de esporte e lazer, era antigamente o sítio da Dona Norma, um lugar atraente para a juventude pelas frutas que lá cresciam. Nossas travessuras incluíam banhos no Bicame, corridas de jangada na lagoa e festas juninas e carnavalescas que uniam a comunidade. No dia de São Pedro, realizávamos um cortejo marítimo pela Lagoa Mundaú, um evento que simbolizava nossa conexão com a cultura local. 

Essas memórias afetivas, tão vívidas e queridas, motivaram minha decisão de permanecer em Flexais quando comprei minha casa há 15 anos, financiada pela Caixa. Escolhi esse lugar por tudo o que ele significava para mim e para minha família. 

Contudo, em 3 de março de 2018, nossa vida mudou drasticamente. Os primeiros tremores transformaram nosso bairro em um cenário de desolação. Hoje, para chegar à parte habitada de Flexais, temos que atravessar áreas de risco e escombros. A vitalidade que descrevi está completamente destruída.

O Rogildo se foi, assim como Cícero Ozete e Major Alonso, cuja memória agora reside em outro plano. A Capela de São Pedro Pescador foi demolida, e os pescadores desapareceram. A conexão com a cidade está perdida; as casas estão rachadas e as ruas alagadas, sofrendo as mesmas patologias das áreas já desocupadas.

Demolições sem critério técnico só trouxeram mais transtornos, afetando a segurança e a mobilidade. A triste realidade é que, com a homologação das autoridades do MPF, DPU e MP/AL, os moradores de Flexais receberam uma mísera indenização de R$ 25 mil por núcleo familiar, uma compensação que mal cobre o passado, o presente e o futuro. Hoje, nossa vida saudável desapareceu, e qualquer conversa na mesa de jantar inevitavelmente gira em torno do crime da Braskem, o responsável por transformar nosso lar em um lugar de terror sem fim.

Mas não nos resignamos. A comunidade de Flexais se uniu em uma luta incessante por indenizações justas, que nos permitam reconstruir nossas vidas em outros lugares. Organizamos protestos, buscamos apoio jurídico e mobilizamos a opinião pública. Nossa batalha é por reconhecimento e dignidade, para que possamos superar essa tragédia e retomar nossas vidas em um ambiente seguro e saudável.

Este é o depoimento que a CPI não ouviu, mas que precisava ser escutado. É a voz de uma comunidade que perdeu seu chão, suas memórias e seu futuro, mas que luta  incansavelmente para reconquistar a dignidade e a esperança.

* Maurício Sarmento é servidor público e morador da comunidade dos Flexais, em Maceió (AL).

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Editado por: Thalita Pires
Tags: braskemmaceió
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

Barco capturado

Itamaraty diz que ativistas sequestrados por Israel estão bem, mas destino é incerto, afirma coordenadora

TRAMA GOLPISTA

Ramagem nega monitoramento ilegal de ministros do STF pela Abin

PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Encontros abertos debatem melhorias na rede de assistência social do Recife

GERAÇÃO DE RENDA

12ª Feira de Economia Popular Solidária destaca o protagonismo de mulheres negras em Porto Alegre

DEPORTADOS

Governo de Israel confirma que barco com Greta e Thiago Ávila foi levado até o porto de Ashdod

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.