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Análise

Metropolis Paralelo 30: uma cidade neoliberal

Cartografia urbana distópica retratada em filme alemão de 1927 tem similaridades com catástrofe em Porto Alegre

20.jun.2024 às 13h14
Porto Alegre (RS)
Ronaldo Queiroz De Morais

Imagem do filme alemão Metropolis, de 1927, o qual descreve uma distópica cartografia urbana - Reprodução

De onde vinha essa água? Ela veio silenciosamente. Ela não fez barulho. Nem veio em ondas. Apenas ergueu-se – sem pressa, mas ainda assim persistentemente. Não era mais fria que o ar em volta. Thea Von Harbou – Metropolis

Escrevo Metropolis assente na perspectiva histórico-ficcional. Alusão ao clássico do cinema alemão de 1927. A narrativa fílmica descreve uma distópica cartografia urbana, futurista e rigidamente dividida. É a cidade de capital concentrado do século XXI, na qual o alto da torre é exclusivo aos super-ricos e a parte subterrânea ocupada por trabalhadores alienados e hiperexplorados. É a base ficcional para descrever outra urbe: Metropolis Paralelo 30. Território metropolitano permeado por teias de historicidade moderna, todavia, sitiado pela ofensiva do capital neoliberal. Logo, esbatida de política pública e esvaziada de história. Tal como Metropolis ficcional, ilustra o cenário de espaço urbano inflexionado ao rentismo. Não há governo nem democracia. A vida social é administrada para a produção e reprodução de capital sem qualquer limite moral ou ético para a acumulação de riqueza. Nesse distópico e real espaço-tempo, a exploração dos homens e da natureza subtrai da paisagem urbana a alegria da vida. O resultado é apavorante: Metropolis fria e desigual.

As duas Metropolis vivenciaram idêntica catástrofe ambiental. A engenharia moderna do capital canalizou e aterrou parte do rio que contornava o espaço metropolitano. Então abriu caminho para ampliar a riqueza dos super-ricos com o discurso de que resultaria em segurança e felicidade à massa de trabalhadores urbanos. A administração da Metropolis negou, peremptoriamente, a existência de ameaça das forças da natureza. De fato, havia um conjunto amplo de bombas capazes de proteger completamente a cidade da fúria d’água do rio. Contudo, a água subiu silenciosamente, apesar do estrondo dos climatologistas. Para piorar o quadro, as bombas colapsaram por negligência e/ou pragmatismo administrativo.

O fato é que Metropolis Paralelo 30 abriu mão de seus muros de defesa, quando trocou a política do desenvolvimento comum pela abertura de seus portões ao capital. Então, ela passou a ser, ordinariamente, administrada para o interesse privado, isto é, o território urbano entrou na rota da especulação financeira e imobiliária. Metropolis é cercada de muros, mas os portões estão abertos à passagem livre do capital, que – como a água de enchente – avança silenciosamente sobre os direitos sociais e a própria cidadania. Ele nos sufoca como a água que avança sobre as ruas, as praças e as casas banhando o espaço urbano de morte e destruição.

A forte chuva não foi o horror que caiu do céu sobre a terra. Ela apenas revelou, o que o discurso da “boa governança” e do jornalismo como publicidade escondem: uma pólis indefesa, porque capturada pelo capital. Metropolis Paralelo 30 é urbe de tempo cinza, de economia neoliberal e ofensiva ciberfascista. Tempo da política do pior, de hegemonia de modo de destruição do melhor da civilização moderna. Depois da água e da lama, o território urbano lembra uma pólis destruída pela guerra, atolada no entulho. Ela é triste e cheia de ruínas. Ainda assim, o bater dos sinos dos justos exige o retorno da política do comum, afinal, uma cidade demanda muros de proteção da cidadania.

A Metropolis da ficção fílmica de Fritz Lang constituiu enredo narrativo na esperança de chegada do “mediador”, personagem que asseguraria o equilíbrio entre os interesses do capitalista e dos trabalhadores. Ele é o coração, paradoxalmente, no mundo frio da razão instrumental. Também, a Metropolis Paralelo 30 arrasta seu esperançar para a retomada da utopia de uma outra cidade possível, pois reconstruir o território público exige política de proteção da vida vivida no comum a fim de evitar que a força silenciosa e destruidora do capital avance sobre os portões da cidadania como a água e a lama suja da enchente. 

* Ronaldo Queiroz de Morais é doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP).

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.

Editado por: Katia Marko
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