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Que nunca se esqueça

Ainda estou aqui, ainda estamos aqui

Filme retoma a memória dos Anos de Chumbo para lembrar que ainda estamos aqui ameaçados pelo horror do golpe de Estado

26.nov.2024 às 14h23
Porto Alegre (RS)
Ronaldo Queiroz De Morais

O filme 'Ainda Estou Aqui' ganhou na categoria Melhor Filme Internacional, no Oscar 2025. - Divulgação

Ainda estou aqui, escrevo, na América Portuguesa dos Trópicos, sob o impacto fílmico de Walter Salles. Quiçá, digito palavras em torno do primeiro filme que retoma a memória dos Anos de Chumbo para lembrar que ainda estamos aqui ameaçados pelo horror do golpe de Estado e pela descarga brutal de violência que advém, necessariamente, depois dele. Foi assim no Estado Novo e na República Militar, não há razão para ser diferente no tempo presente. Tal como a experiência fascista europeia, não há como, de boa-fé, negar os fatos e a memória deles com narrativas obscenas de guerra cultural e ameaça comunista. A Comissão da Verdade inventariou com depoimentos dramáticos e contundentes, além da farta documentação, o óbvio: após os golpes contra o Estado de Direito ergue-se, rapidamente, uma indústria do terror que tritura corpos e almas. Se somos verdadeiramente patriotas, devemos odiar o golpe e as ditaduras que direcionam as armas de defesa nacional contra o próprio povo. Certamente, é o único ódio que cabe ao patriota.

É, sem dúvida, o filme que evoca a dor e o desespero da família Paiva para aludir antes o presente do que o passado brasileiro. Afinal, o golpe é uma narrativa vivenciada nas ruas, nos acampamentos em área militar, nas redes socias, nas investigações da Polícia Federal e no Supremo Tribunal Federal. Portanto, é incontornável, apesar do negacionismo golpista, que evidentemente jamais irá registrar honestamente sua existência. O golpista é por sua própria natureza um hipócrita dissimulado. 

Cabe aos democratas a defesa da democracia, ou seja, de nossas liberdades políticas e individuais. A experiência imagética na sala de cinema nos afeta a pensar no limite da ameaça às instituições democráticas. Ele advém, basta ler atentamente fatos e documentos, do interior do Estado. É o sono das instituições que produz e reproduz monstros, ou melhor, os engenheiros do terror. Eles são, majoritariamente, funcionários públicos. O mal – que corrompe a ordem pública e instaura a violência ordinária contra os cidadãos – é o burocrata que nas democracias usa e abusa do poder, atropelando artigos constitucionais, sem qualquer punição rigorosa. É o traidor da Constituição de hoje, o futuro algoz da democracia. 

O filme Ainda estou aqui é pedagógico para a cidadania, como as tragédias gregas da antiguidade. Ele descreve, delicadamente, no limite do possível, o contexto autoritário do Regime Militar dos anos 1970, a partir da violência estatal descarregada sobre a família Paiva. Agentes públicos, jamais punidos pelo Estado brasileiro, mediante ordem, obviamente, destruíram o arranjo afetivo de uma família de classe média da cidade do Rio de Janeiro, com o uso de terror psicológico e físico. 

O corpo de Rubens Paiva, brasileiro e democrata, desapareceu, simplesmente, desapareceu. Antes de ser brutalmente seviciado e assassinado por funcionários públicos da defesa nacional. A família de Rubens Paiva teve sua logística totalmente afetada, sua esposa teve que rapidamente assumir a vanguarda de sustentação econômica do lar. Ainda sob efeito emocional da morte e do terror. Há uma cena seminal de Eunice Paiva que nos auxilia como metáfora de resistência. Após cinco longos dias e noites nos porões da ditadura, ao chegar em casa, preferiu, antes mesmo do reencontro e do afeto familiar, tomar alongado banho a fim de limpar seu próprio corpo do esgoto imundo da repressão do Estado. Nessa perspectiva, a sociedade brasileira deve fazer o mesmo, isto é, banhar-se, profundamente, a fim de limpar o país de sujeira fétida do autoritarismo ainda impregnada no corpo pátrio. 


O engenheiro civil Rubens Paiva ao lado da esposa, Eunice; desaparecido em 1971, durante a ditadura militar, ele foi eleito deputado federal em 1962 pelo PTB / Instituto Vladimir Herzog

Qual foi o crime? Qual foi a data do julgamento que lhe condenou à pena capital? Houve direito à defesa? Em absoluto, após o golpe, os Atos Institucionais, subverteram além da ordem, os próprios acontecimentos. Para o Estado Autoritário, Rubens Paiva desapareceu, assim como por feitiçaria macabra. Somente em 1996, no Estado Democrático de Direito, com a Lei dos Desaparecidos, foi emitida a Certidão de Óbito do deputado cassado e assassinado pela Ditadura Militar. A história de vida da família Paiva, também a de muitos brasileiros, registra um passado lúgubre que, infelizmente, não passa, porque ainda estamos aqui sob a ameaça do golpismo. 

É preciso afirmar ao infinito, a derrubada dos muros que salvaguardam a democracia, não é uma narrativa abstrata, fruto de delírio ideológico, pois sabemos muito bem o que representa, o filme deve atuar pedagogicamente como alerta às instituições democráticas e aos verdadeiros patriotas. O povo brasileiro precisa compor o mesmo grito democrático de Ulisses Guimarães, que com a Constituição em punho bradou: “traidor da Constituição é traidor da pátria. Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, (…) mandar os patriotas para cadeia, o exílio, o cemitério”. Certamente, conhecemos o caminho da repressão e não vamos retornar a ele. Ainda estamos aqui, por isso carregamos em nós a memória e a luta de Rubens Paiva e de todos e todas que sofreram na carne a dor insuportável da violência do Estado Autoritário! 

* Ronaldo Queiroz de Morais é doutor em História Social na Universidade de São Paulo (USP).

** Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.


 
Editado por: Vivian Virissimo
Tags: autoritarismocinema brasileiroditadura militarrio grande do sul
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