O Brasil tem uma média de 66 mil casos confirmados de câncer de próstata por ano e quase 16 mil mortes registradas. Quanto mais cedo o homem é diagnosticado, maiores são as chances de tratamento e reversão da enfermidade. E a rede pública, o SUS, oferece tratamento tanto para casos curativos quanto paliativos de forma integral e gratuita. Dentro do Novembro Azul, o Brasil de Fato Paraná conversou com o Urologista e Andrologista, Tiago Cesar Mierzwa, sobre prevenção, grupos de riscos e tratamento. O profissional é especialista em medicina sexual e reprodutiva do homem.
Tiago conta que existem pelo menos cinco passos para diagnosticar o câncer de próstata: Exame de Sangue (PSA), Exame de Toque Retal, Consulta de Rotina, Ultrassonografia e Biópsia, e, por fim, Exames de Imagem. Para ele, o tabu se enfrenta com informação. O urologista, que é coordenador dos Serviços de Andrologia do Hospital Nossa Senhora das Graças e Hospital Universitário Cajuru, diz que é fundamental que homens, especialmente aqueles com histórico familiar, estejam cientes da importância de monitorar sua saúde prostática regularmente.
“Acho que a maior preocupação, na verdade, é levar informação aos homens porque muitos vão se adaptando e se acostumam com determinadas situações, seja um desconforto na assoalho pélvico, seja uma disfunção erétil, por anos, inviabilizando um tratamento eficaz que poderia ser facilmente resolvido”, comenta. Confira a entrevista.
Brasil de Fato Paraná: A pessoa foi diagnosticada com câncer de próstata. O tratamento envolve quimioterapia e o sistema público paga?
Urologista Tiago Cesar Mierzwa: Uma vez que o paciente tem o diagnóstico do câncer de próstata, ele vai ser avaliado quanta a possibilidade de tratamento curativo. Seja com cirurgia ou radioterapia. Caso seja um diagnóstico avançado em que não haja mais a indicação destes procedimentos, é possível fazer um tratamento com quimioterapia ou com bloqueadores hormonais, analisando cada caso individualmente. Tanto os tratamentos curativos quanto os paliativos são cobertos pelo sistema público.
Brasil de Fato Paraná: Então, apenas para reforçar, tem cura?
Urologista Tiago Cesar Mierzwa: Sim. Quando diagnosticado precocemente, tem índice de cura superior aos 90% dos casos. Ou seja, é fundamental fazer o rastreamento na fase assintomática, que é aquela em que os sintomas não aparecem. Por isso é recomendável procurar um urologista e fazer o rastreamento.
Brasil de Fato Paraná: A gente sabe que ass mulheres podem fazer autoexame. Existe essa possibilidade para o homem e por quê?
Urologista Tiago Cesar Mierzwa: Com os homens não é possível fazer uma autoavaliação para identificar o câncer de próstata. Ele só é possível pelo urologista por meio do toque retal da próstata associado ao exame de sangue. Mas existe um autoexame que o homem pode fazer que é o câncer de testículo. Pacientes que têm essa enfermidade geralmente palpam um caroço endurecido, um nódulo no testículo. Então, embora seja um câncer mais raro, ele pode ter o autoexame feito pelos homens.
VOCÊ SABIA – A disfunção sexual é uma realidade cada vez mais presente em homens acima dos 40 anos
De acordo com um dos principais estudos sobre saúde sexual masculina, o Massachusetts Male Aging Study, a disfunção erétil afeta até 52% dos homens entre 40 e 70 anos de idade. Além disso, quase 10% apresentam casos graves e de difícil tratamento. Isso porque muitos pacientes buscam ajuda apenas quando a situação já está avançada.
Brasil de Fato Paraná: O senhor listou a possibilidade de toque retal e exame de sangue. Essas são as únicas formas de identificar o câncer?
Urologista Tiago Cesar Mierzwa: O exame deve ser feito com o toque retal junto com o exame de sangue PSA. É preciso fazer a combinação para realizarmos o rastreamento.
Brasil de Fato Paraná: Existe idade certa para fazer exame de prevenção ao câncer?
Urologista Tiago Cesar Mierzwa: De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, a partir dos 40 anos os homens devem fazer o PSA, que é o exame de sangue. Já a partir dos 45 anos, quando se tem algum fator de risco, como pacientes de raça negra e pacientes com histórico familiar de câncer de próstata também devem fazer tanto o PSA quanto o de toque retal. A partir dos 50 anos todos os homens devem fazer os dois exames.
Brasil de Fato Paraná: E quais são os grupos de risco que podem ter predisposição ao câncer de próstata? É verdade que a população negra tem mais riscos do que brancos?
Urologista Tiago Cesar Mierzwa: Dados mostram que os pacientes de raça negra possuem um risco maior de câncer do que a população branca. Tanto que o rastreamento é recomendado a partir dos 45 anos para negros.
VOCÊ SABIA – Incontinência Urinária
Embora menos frequente, a incontinência urinária é uma doença preocupante e que pode ser devastadora para qualidade de vida. Esse quadro pode surgir após a prostatectomia, procedimento cirúrgico em que a próstata é removida, especialmente indicado em casos de câncer de próstata, e quanto mais avançada a doença, mais extensa a cirurgia ou maior a necessidade de outros tratamentos, que também irão aumentar o risco de incontinência.
5 PASSOS PARA IDENTIFICAR CÂNCER DE PRÓSTATA
1. Exame de Sangue (PSA): O exame de Antígeno Prostático Específico (PSA) mede os níveis de uma proteína produzida pela próstata. Níveis elevados podem ser um indicativo de problemas, incluindo câncer de próstata.
2. Exame de Toque Retal: Esse exame é uma avaliação física que permite ao médico sentir a próstata e identificar qualquer anormalidade.
3. Consulta de Rotina: Consultas médicas regulares, especialmente após os 50 anos, são essenciais para monitorar a saúde da próstata. O histórico familiar também deve ser considerado.
4. Ultrassonografia e Biópsia: Se os exames iniciais indicarem a possibilidade de câncer, o médico pode solicitar uma ultrassonografia, uma biópsia da próstata para confirmar o diagnóstico.
5. Exames de Imagem: Exames como a ressonância magnética podem ser realizados para avaliar a extensão do câncer caso o diagnóstico seja positivo.