Mostrar Menu
Brasil de Fato
ENGLISH
Ouça a Rádio BdF
  • Apoie
  • TV BdF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • I
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Opinião
  • DOC BDF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Mostrar Menu
Brasil de Fato
  • Apoie
  • TV BDF
  • RÁDIO BRASIL DE FATO
    • Radioagência
    • Podcasts
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
Mostrar Menu
Ouça a Rádio BdF
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Brasil de Fato
Início Geral

Concentração

Municípios com menos latifúndio têm melhores indicadores sociais, aponta estudo

Em entrevista, a socióloga Katia Maia debate a alta concentração de terras no Brasil e na América Latina

20.dez.2016 às 09h22
Redação
Ihu On Line
As pequenas propriedades representam mais de 47% do total de estabelecimentos, mas ocupam menos de 2,3% da área total

As pequenas propriedades representam mais de 47% do total de estabelecimentos, mas ocupam menos de 2,3% da área total - As pequenas propriedades representam mais de 47% do total de estabelecimentos, mas ocupam menos de 2,3% da área total

O recente estudo “Terrenos da desigualdade: terra, agricultura e desigualdades no Brasil rural”, publicado pela Oxfam Brasil, demonstra, a partir da “análise dos Censos Agropecuários”, que “apenas 1% das fazendas ou estabelecimentos rurais” na América Latina “concentra mais da metade (ou 51,19%) de toda a superfície agrícola” da região, diz Katia Maia à IHU On-Line, na entrevista a seguir, concedida por e-mail.

Segundo ela, no Brasil essa mesma realidade se repete, e “os grandes estabelecimentos, com área superior a 1.000 hectares, representam apenas 0,91% do total das propriedades rurais do país, mas concentram 45% de toda a área rural que temos”. No extremo oposto, “os estabelecimentos pequenos, com área inferior a 10 hectares, representam mais de 47% do total de estabelecimentos do país, mas ocupam menos de 2,3% da área total”, compara.

De acordo com Katia, o município de Correntina, na Bahia, exemplifica a situação brasileira em relação à distribuição de terra, ao estar “enquadrado entre o 1% de maior concentração fundiária. (…) Nessa cidade, a pobreza atinge alarmantes 45% da população rural e 31,8% da população geral, e o Índice de Desenvolvimento Humano – IDHM é de 0,603, bem abaixo da média nacional”, informa.

Na avaliação de Katia, “o sistema agrícola brasileiro está concentrado em uma elite detentora de grandes quantidades de terra, e as políticas públicas para agricultura tendem a privilegiar este grupo, consolidando a desigualdade no campo”. Apesar da situação, frisa, “mesmo sem acesso a recursos, a agricultura familiar produz cerca de 70% de toda a alimentação básica que chega à mesa dos brasileiros e brasileiras”.

Katia Maia é socióloga e atualmente é diretora executiva da Oxfam Brasil. IIntegrou as equipes da Associação Mineira de Defesa do Ambiente – AMDA, do Instituto de Estudos Amazônicos e Ambientais – IEA, do Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC, do Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN, e da WWF Internacional. Desenvolveu, em distintos momentos, consultorias junto a entidades das Nações Unidas, como CEPAL e PNUD.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Quais são as principais conclusões do estudo “Terrenos da desigualdade: terra, agricultura e desigualdades no Brasil rural”?

Katia Maia – O estudo realizado para a Oxfam Brasil segue a mesma linha do estudo realizado pela Oxfam na América Latina, que busca mostrar como a desigualdade está presente em nosso dia a dia. A concentração de terras é um dos motivos de agravamento da desigualdade. A partir da análise dos Censos Agropecuários locais, o estudo sobre a América Latina alerta que apenas 1% das fazendas ou estabelecimentos rurais na região concentra mais da metade (ou 51,19%) de toda a superfície agrícola.

No Brasil, os grandes estabelecimentos, com área superior a 1.000 hectares, representam apenas 0,91% do total das propriedades rurais do país, mas concentram 45% de toda a área rural que temos. Por outro lado, os estabelecimentos pequenos, com área inferior a 10 hectares, representam mais de 47% do total de estabelecimentos do país, mas ocupam menos de 2,3% da área total. Essas pequenas propriedades também são as que menos recebem incentivos fiscais e tecnológicos, embora sejam responsáveis pela produção de mais de 70% de todos os alimentos que chegam à nossa mesa.

Como se chegou aos dados de que quase metade da área rural brasileira pertence a 1% das propriedades do país?

Para este número, foram usados os últimos dados disponíveis do IBGE, do Censo Agropecuário 2006. É importante destacar que a relação entre o exercício de poder e a propriedade da terra se consolidou ao longo da formação do Brasil. Presente desde a época da colonização até 1832, o sistema das Sesmarias concedia terras brasileiras a amigos do rei. Desde então, práticas como a grilagem também mascararam os reais proprietários de terras e favoreceram a concentração, logo o problema é antigo.

Quais são os principais problemas sociais relacionados à concentração de terra, especialmente nas cidades onde há grandes latifúndios?

No mundo inteiro, a concentração de renda e patrimônio está agravando a desigualdade. Atualmente, apenas 1% da população mundial detém a mesma riqueza que as 3,6 bilhões de pessoas mais pobres do mundo. Esta tendência aparece também na concentração de terras no Brasil. A desigualdade fundiária no Brasil também reforça a desigualdade de gênero. São os homens que controlam a maior parte dos estabelecimentos rurais e estão à frente dos imóveis com maior área: eles possuem 87,32% de todos os estabelecimentos, que representam 94,5% de todas as áreas rurais brasileiras. No outro extremo, as mulheres representam quase o dobro do número de produtores rurais sem posse da terra em comparação aos homens – 8,1% frente a 4,5%, respectivamente. O estudo analisa também os municípios com relevância agropecuária, agrupados em três categorias: os 1% com maior concentração de terras, os 19% seguintes e os 80% restantes, usando o último Censo Agropecuário do IBGE, de 2006 e o IBGE Cidades de 2010.

Quando essas cidades foram comparadas em termos de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDHM, de concentração de renda, de pobreza e outros, verificou-se que os melhores indicadores sociais estavam em municípios com menor concentração de terra. Correntina, na Bahia, é um exemplo de município enquadrado entre o 1% de maior concentração fundiária (os latifúndios ocupam 75,35% da área total dos estabelecimentos agropecuários) e que atende o critério de relevância agropecuária. Nessa cidade, a pobreza atinge alarmantes 45% da população rural e 31,8% da população geral, e o IDHM é de 0,603, bem abaixo da média nacional. De todas as autuações do Ministério do Trabalho e Emprego entre 2003 e 2013, 82% foram no Oeste da Bahia. Somente em Correntina, 249 trabalhadores foram resgatados da condição de trabalho análogo à de escravo no mesmo período.

Segundo o estudo, as grandes propriedades rurais têm mais acesso a crédito, concentrando 43% do crédito rural, enquanto as propriedades menores recebem de 13% a 23%. Quais as consequências dessa diferença?

O acesso a recursos e incentivos públicos para a agricultura teve um papel chave na consolidação da desigualdade no campo. Enquanto historicamente a concentração de terra foi privilegiada, os pequenos produtores e agricultores rurais também foram preteridos com relação ao acesso aos recursos financeiros e técnicos. O crédito rural foi criado pela Lei nº 4.829/1965. Ele pode ser usado para o financiamento das atividades de custeio das despesas normais de cada ciclo produtivo, para o investimento em bens ou serviços cujo aproveitamento se estenda por vários ciclos produtivos, ou, ainda, na comercialização da produção. Um exemplo da desigualdade no acesso a incentivos públicos pode ser visto no pacote tecnológico modernizador, o chamado “pacote verde”, no que se destina à aquisição de maquinários agrícolas, que não chega no pequeno produtor.

A desigualdade também se dá na distribuição dos valores dentro das classes de área. Os estabelecimentos de 1.000 hectares ou mais concentraram, em 2006, 44,10% do crédito rural, enquanto 80% dos menores estabelecimentos obtiveram entre 13,18% e 23,44%. A origem de tal discrepância está no valor médio dos financiamentos obtidos. Enquanto o valor financiado nas classes de áreas menores de 20 hectares não chega a R$ 10 mil, e nas classes de 20 a menos de 100 hectares não passe de R$ 20 mil, na classe dos estabelecimentos a partir de 2.500 hectares o valor médio chega a mais de R$ 1,9 milhão. Segundo o Censo Agropecuário 2006, apenas 8,9% dos estabelecimentos que acessam financiamentos conseguem cerca de 70% dos recursos. O sistema agrícola brasileiro está concentrado em uma elite detentora de grandes quantidades de terra, e as políticas públicas para agricultura tendem a privilegiar este grupo, consolidando a desigualdade no campo. Mesmo sem acesso a recursos, a agricultura familiar produz cerca de 70% de toda a alimentação básica que chega à mesa dos brasileiros e brasileiras.

O que seria uma alternativa adequada para resolver os problemas de concentração de terra no país? A reforma agrária ainda é uma medida a ser considerada nos dias de hoje?

Como resultado do relatório, a Oxfam Brasil recomendou iniciativas e ações que respondam, de forma urgente e efetiva, à demanda pelo acesso e controle da terra e dos meios de produção por parte das populações rurais, com a tomada de medidas concretas que contribuam para a redistribuição da propriedade da terra e maior equidade, colocando em prática as Diretrizes sobre a Governança Responsável da Propriedade da Terra, dos Recursos Pesqueiros e Florestais no Contexto da Segurança Alimentar Nacional da FAO/ONU, ou seja, a reforma agrária seria uma forma efetiva de mudar o cenário. Também recomendamos a criação de políticas para reconhecimento e garantia dos direitos da mulher no meio rural; elaboração de métodos de proteção aos povos indígenas, quilombolas e outras comunidades e povos tradicionais; e também trabalhar na distribuição equitativa e mais facilidade no acesso ao crédito por parte da agricultura familiar.

Como essa realidade de concentração de terra evidenciada no Brasil se estende para a América Latina?

Na América Latina, a situação da concentração de terras é parecida, sofremos de problemas similares. O modelo de desenvolvimento que prevalece na América Latina está baseado na exploração extrema dos recursos naturais e favorece a concentração de terras por poucas pessoas. Ou seja, temos de um lado poucos grupos que concentram a maior parte das terras, enquanto no outro estão muitas famílias com propriedades muito pequenas.

Precisamos enfrentar essa desigualdade que, ano após ano, prejudica o desenvolvimento sustentável e o combate à pobreza não apenas no Brasil, mas em toda a região. Precisamos reconhecer esse abismo social histórico e colocar em prática uma reforma capaz de garantir um acesso mais democrático à terra. A partir da análise dos Censos Agropecuários locais, o estudo alerta que apenas 1% das fazendas ou estabelecimentos rurais na América Latina concentra mais da metade (ou 51,19%) de toda a superfície agrícola da região. A Colômbia é um dos casos mais extremos: só 0,4% das propriedades concentram mais de 67% da terra produtiva. Já no Brasil, 45% da área rural está nas mãos de menos de 1% das propriedades.

Editado por: Redação
Tags: agriculturaagronegócio
loader
BdF Newsletter
Escolha as listas que deseja assinar*
BdF Editorial: Resumo semanal de notícias com viés editorial.
Ponto: Análises do Instituto Front, toda sexta.
WHIB: Notícias do Brasil em inglês, com visão popular.
Li e concordo com os termos de uso e política de privacidade.

Veja mais

ATAQUE

Israel bombardeia Irã em escalada do conflito no Oriente Médio

PREVENÇÃO DE DANOS

MPF quer suspender leilão de 47 blocos de petróleo na foz do Amazonas

ARTIGO 19

Falta de controle das redes se deve à inação do poder público e não ao Marco Civil, diz especialista sobre julgamento no STF

SRAG

Número de casos de síndrome respiratória é o maior dos últimos 2 anos

MISOGINIA

Polícia Civil vai investigar ameaças de morte a deputadas de SP

  • Quem Somos
  • Publicidade
  • Contato
  • Newsletters
  • Política de Privacidade
  • Política
  • Internacional
  • Direitos
  • Bem viver
  • Socioambiental
  • Opinião
  • Bahia
  • Ceará
  • Distrito Federal
  • Minas Gerais
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio de Janeiro
  • Rio Grande do Sul

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.

Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Apoie
  • TV BDF
  • Regionais
    • Bahia
    • Ceará
    • Distrito Federal
    • Minas Gerais
    • Paraíba
    • Paraná
    • Pernambuco
    • Rio de Janeiro
    • Rio Grande do Sul
  • Rádio Brasil De Fato
    • Radioagência
    • Podcasts
    • Seja Parceiro
    • Programação
  • Política
    • Eleições
  • Internacional
  • Direitos
    • Direitos Humanos
    • Mobilizações
  • Bem viver
    • Agroecologia
    • Cultura
  • Opinião
  • DOC BDF
  • Brasil
  • Cidades
  • Economia
  • Editorial
  • Educação
  • Entrevista
  • Especial
  • Esportes
  • Geral
  • Meio Ambiente
  • Privatização
  • Saúde
  • Segurança Pública
  • Socioambiental
  • Transporte
  • Correspondentes
    • Sahel
    • EUA
    • Venezuela
  • English
    • Brazil
    • BRICS
    • Climate
    • Culture
    • Interviews
    • Opinion
    • Politics
    • Struggles

Todos os conteúdos de produção exclusiva e de autoria editorial do Brasil de Fato podem ser reproduzidos, desde que não sejam alterados e que se deem os devidos créditos.