A comunidade do Jardim Aliança, no bairro Santa Cândida, região norte de Curitiba, organizou no dia 24, sábado, um protesto na frente da Unidade Básica de Saúde (UBS), cujas obras foram abandonadas pela construtora desde o primeiro trimestre de 2015. A paralisação das obras é justificada pelo atrasos no repasse de recursos por parte do governo estadual, em uma parceria com a prefeitura, que envolveu a construção de cinco UBSs, três delas concluídas e uma em andamento.
O povo local trancou ruas e queimou pneus perto do prédio que se encontra inacabado e depredado. A aprovação da obra ocorreu em 2012 e a promessa de conclusão tinha como data setembro de 2013.
O caso é sintomático por envolver os dois principais grupos que disputam a prefeitura de Curitiba hoje. O governo Beto Richa (PSDB) – que apoia o candidato Rafael Greca (PMN), líder nas pesquisas –, é acusado de dar o calote no repasse de recursos da obra. A prefeitura de Gustavo Fruet (PDT) – atual prefeito e vice-líder nas pesquisas – é criticada pela demora em retomar as obras.
Construtora perdeu o direito da obra
No caso do Jardim Aliança, a estimativa é de que 72% da obra estava concluída até ser abandonada pela construtora, no primeiro trimestre de 2015, com a justificativa de atrasos nos repasses e problemas administrativos.
O governo do Paraná à época alegou que apenas com 90% de conclusão da obra liberaria o sexto e último repasse. A prefeitura, por sua vez, afirma que a dívida do governo é de R$ 842 mil relativos a duas unidades, do Jardim Aliança e da US Campo Alegre, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), as duas inacabadas, além de parcelas da unidade do Xaxim que foi concluída.
A prefeitura afirma também que a construtora perdeu o direito da obra em fevereiro de 2016. Nova licitação deve aproveitar as empresas que participaram da anterior. A estimativa é de cinco meses para conclusão da obra quando reiniciada.
A construção da US Jardim Aliança teve um orçamento inicial estimado em quase dois milhões de reais (R$ 1.925.341,90) e, em 2015, havia subido para R$ 2.070.791,44. Esses valores são chamados pela prefeitura de “aditivos em andamento” e necessitam de aprovação para integrar o orçamento final.
Moradores sentem-se prejudicados
Moradores reclamam da distância do local para equipamentos públicos. Precisam sair de casa na madrugada para atendimento na região. “Há dois anos, mudamos para cá, foi prometido creche e postinho de saúde. E até agora nada, tem gente que precisa ir ao médico. É longe, perto do terminal, então a gente tem que lutar para isso. Tem criança que está deixando de ir para o CMEI. Conseguindo o postinho, vamos lutar por isso”, afirma a dona de casa Cida Arruda Campos, moradora local.
Já o vendedor e segurança Imerique Lisboa estava no local com o filho, portador de deficiência, protestando. “Ele toma remédio controlado e precisamos de um posto próximo. Saímos às quatro da manhã. O ideal é termos um posto aqui mesmo”, diz.
