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Após 23 anos preso, Francisco aprendeu a ler aos 54 e agora escreve seu próprio livro

Filho de uma família simples e com mais oito irmãos, ele viveu na rua durante décadas e foi transformado pela leitura

14.set.2019 às 06h52
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h51
Brasília (DF)
Cristiane Sampaio
"Hoje, em vez de drogas, eu sou viciado na leitura. Tudo que pego eu leio", conta o vendedor Francisco Carlos da Silva Bezerra

"Hoje, em vez de drogas, eu sou viciado na leitura. Tudo que pego eu leio", conta o vendedor Francisco Carlos da Silva Bezerra - Cristiane Sampaio

A trajetória do vendedor Francisco Carlos da Silva Bezerra, de 57 anos, não é apenas mais uma entre as tantas que se veem em Brasília. É a história de alguém que consegue, ao mesmo tempo, ser simples e extraordinário, sensível e forte, numa rara conjugação de virtudes.

Filho de uma família simples e com mais oito irmãos, Francisco chegou à capital federal aos 7 anos de idade e, desde então, passou por tudo na vida: trabalhou como engraxate e contínuo, dormiu na rua durante décadas, foi preso, sofreu toda sorte de preconceito, violência e abuso do mundo do crime.

No final de 2016, quando saiu da cadeia, depois de 23 anos de reclusão, a regeneração era algo que lhe parecia um horizonte distante, mas, numa das esquinas da vida, ele descobriu a possibilidade de mudar o rumo dos ventos.

Convidado para participar de um projeto brasiliense chamado revista “Traços”, que oferece trabalho para pessoas em situação de rua, Francisco resolveu embarcar na ideia para viver o que considera “uma experiência diferente”. E lá se vão dois anos e meio de uma nova vida.

Ao vender exemplares da revista, cada um pelo preço de R$ 10, Francisco fica com 70% do valor arrecadado. Com as cerca de 400 unidades que saem a cada mês, ele obtém uma renda que varia entre R$ 2.100 e R$ 2.800, a depender do humor da clientela. O vendedor conta que o trabalho lhe trouxe outra perspectiva, ressignificando a vida, que andava sem esperança na época da cadeia.

“Se não fosse a Traços, acho que eu já estava morto, porque eu iria me degradar mais ainda. Mas, se tiver uma pessoa pra dar apoio, nós somos seres humanos iguais a qualquer outro. Nós só somos mal interpretados, mas a gente se regenera, sim. Se tiver chance, a gente se regenera porque nós não somos animais”, afirma o vendedor, que hoje atua também como voluntário na Pastoral Carcerária, onde ajuda a mover uma corrente solidária de apoio a outras pessoas.

O trabalho na revista veio junto com a retomada dos estudos – uma exigência do projeto, que cobra dos vendedores participação periódica nas aulas. Para o ex-detento, que não estudava desde a infância e praticamente não havia conseguido se alfabetizar, a nova ocupação descortinou um mundo de encantamento.

“Eu aprendi a ser uma pessoa diferenciada. Aprendi o amor às letras e elas foram me envolvendo. O saber, a leitura, a educação é fundamental. A melhor coisa que tem é trocar a arma por um livro. Eu usava arma, eu matava. Com livro, eu salvo, eu faço o contrário, dou vida e aprendo a ser gente. É isso que a educação me traz”, conta, com a voz embargada.

E eis que aquele que ainda não sabia ler nem escrever até os 54 anos de idade hoje tem a literatura no centro da vida. Mais que estudar e vender revistas, seu Francisco agora espera ampliar a relação com o mundo das letras publicando um livro. Decidiu que vai contar a própria história, na tentativa de falar sobre a importância de combater a cultura de maus-tratos.

“Espero que minha vida seja um motivo pra muitas pessoas, jovens e crianças que apanham calados saberem que isso é contravenção. É abuso. Meu pensamento é trazer ao ser humano a consciência de que, se ele maltrata uma criança, ele é um criminoso. Espero ajudar a evitar esse tipo de coisa, evitar que pais sejam agressores com seus filhos”.

Ainda no forno, a obra deverá ser publicada em breve, no final do ano. Até lá, Francisco segue se embriagando com o universo da literatura e apreciando as levezas da vida, pelas quais ele tanto esperou.

“Sem as letras, eu via o mundo preto e branco. Com as letras, agora vejo colorido, entendo a maioria do que leio, e é muito gostoso quando você entende. Hoje, em vez de drogas, eu sou viciado na leitura. Sou viciado de verdade, porque tudo que pego eu leio”, comemora.  

 

 

Editado por: Michele Carvalho
Tags: brasilialeituraliteraturaradioagência
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