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EDUCAÇÃO NO CAMPO

Encontro dos Sem Terrinha debate educação pública e a qualidade no campo

Em Porto Alegre, crianças do MST relataram realidade da educação no campo e a importância da luta

11.out.2019 às 18h52
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h52
Porto Alegre (RS)
Fabiana Reinholz e Katia Marko
Uma carta por melhores condições foi entregue a deputados, ao Ministério Público Estadual e demais entidades presentes

Uma carta por melhores condições foi entregue a deputados, ao Ministério Público Estadual e demais entidades presentes - Fotos: Katia Marko

“Nos assentamentos, nós lidamos com tudo. Queremos construir, lutar, para conseguir as coisas boas que a gente tem no mundo, não perdê-las, continuar as escolas, porque tem muitas escolas que não tem telhado, não tem internet”, relata o aluno Sem Terrinha Cauê Firmino, do assentamento Rondinha, município de Jóia, a 423 km de Porto Alegre. Ele é uma das 300 crianças e adolescentes que participam do 19° Encontro Regional das Crianças Sem Terrinha, no Assentamento Capela, em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e que lotaram o Memorial do Legislativo, no Centro Histórico da capital, nessa sexta-feira (11), em um debate sobre educação no campo.

Organizado pelo Setor de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o encontro teve como objetivo debater o direito das crianças à escola do campo, pública e de qualidade. Tendo como protagonistas as próprias crianças, o debate pautou a situação das instituições de ensino e a realidade enfrentada pelos estudantes em diversas regiões do Estado para terem acesso à educação. No início, as crianças apresentaram uma mística representando a defesa das escolas contra os representantes do capital. Ao final do encontro, uma carta pedindo melhores condições foi entregue a deputados, ao Ministério Público Estadual (MP-RS) e demais entidades presentes.

Sem Terrinha Cauê falou à Rede Soberania 

O RS tem cerca de 380 mil crianças em idade escolar que estão fora da escola. De 2003 a 2016, foram fechadas 2.220 escolas do campo. Atualmente, o RS conta com 40 escolas do Movimento Sem Terra (MST), em assentamentos da reforma agrária. Dessas, 14 estão na lista para serem fechadas na política do governo de Eduardo Leite (PSDB). O movimento tem realizado audiências para discutir o não fechamento junto a Secretária de Educação (SEDUC). Em âmbito municipal, existem 80 escolas, mas a falta de um órgão impossibilita a contagem de quantas correm o risco de encerrar suas atividades.

Depois do relato das crianças, Luciana Casarotto, representante do Ministério Público Estadual (MP-RS) e promotora regional de educação da região metropolitana, afirmou que o MP tem acompanhado a situação e que a demanda apresentada é uma realidade. “A infraestrutura realmente está complicada, não só nas escolas de vocês, é complicado também nas outras. É um luta que a gente precisa de muitas mãos e muitos corações para seguir em frente”, pontua.

Liliane Braga, defensora pública do Estado, se comprometeu a levar a demanda para a defensoria. Oriunda de escolas públicas durante sua formação, lamentou o estado em que se encontram as escolas. “Eu estudei no Instituto de Educação General Flores da Cunha, aqui na Osvaldo Aranha, que está atualmente sem telhado. Não temos mais a escola funcionando, o que me entristece. Eu acredito muito na educação, sou filha de professor. Essa é uma demanda relevante para que a gente consiga melhorar sim a infraestrutura das escolas do interior do Estado, na área rural”, comenta.

Memorial do Legislativo lotado nesta sexta-feira (11) 

Marli da Silva, do Conselho Estadual de Educação (CEED), recorda que os Sem Terrinha já deram várias lições. “Foi a presença dos Sem Terrinha que fez com que o plenário do CEED aprovasse a escola itinerante. Quando nós estivemos no governo de Olívio Dutra, melhoramos a qualidade na escola Itinerante. Infelizmente, hoje nós não temos mais aqui no Estado, o que dificulta ainda mais que as famílias possam estar acampadas e lutando por terra, porque muitas vezes não tem como levar suas crianças”, explana. E complementa que o direito a educação é o objetivo dessa luta, um direito que deveria ser assegurado sem que se precisasse caminhar, resistir e pressionar.

A professora Cândida Rossetto, dirigente do CPERS Sindicato, além de destacar a importância da resistência, diz sair do evento feliz pela troca entre os alunos e os presentes. “Nós, como educadores, ensinamos e aprendemos. Aqui pensamos e refletimos do papel da educação, que é da promoção da defesa da vida, da defesa da infância e do direito a educação. Não podemos deixar de sentir e viver com esse sentimento de amorosidade, do respeito do valor à vida, ainda mais em um período que estamos vivenciando a política a morte que mata de diversas formas”, observa.

Representante do MST, Silvia Reis Marques afirma que os Sem Terrinha animam e fortalecem. “São crianças que sabem que precisam lutar para conquistar a terra, para conquistar o espaço onde morar, comer, ter água, cuidar da natureza, cuidar dos animais. São crianças que cultivam no seu dia a dia o amor, o cuidado, o carinho, o cuidado um com o outro, a amizade e que são valores fundamentais. As nossas crianças, a nossa militância, são o nosso maior patrimônio, porque são a sequência da nossa vida, da nossa luta. Somos o fruto e o fruto sempre traz semente, que se tornam uma nova árvore, que novos frutos traz”, ressalta.

"Queremos viver no campo e para isso a escola precisa ter condições", diz a carta 

Leila Marques, professora do campo e uma das organizadoras, ao falar do processo, comentou a dificuldade para chegar à capital pelas más condições das estradas. Ao ser indagada sobre doutrinação nas escolas dos assentamentos, respondeu: “Creio que nos encontramos em um país com liberdade de expressão. Como seres humanos, defendemos em primeiro lugar a vida e acreditamos que a liberdade deve ser para que as pessoas possam produzir comida, produzir conhecimento e produzir cultura, e a doutrinação é algo que não vem ao encontro dessas virtudes. Acredito profundamente que nós estamos a caminho da libertação”, afirma.

Ao dirigir-se à convidada especial dessa edição, a professora Zoia Prestes, filha do gaúcho Luiz Carlos Prestes, que foi líder do movimento Coluna Prestes, o deputado estadual Edegar Pretto lembrou da criação do MST e da caminhada do seu pai, Adão Pretto e de Prestes. “Eles foram de uma geração que não se conformou em ver tanta gente sem terra e tanta terra sem gente. E eu sou filho dessa luta. Por isso fiquei emocionado quando vi vocês, Sem Terrinhas, pegarem o microfone para falar com coragem”, recorda. E lembrou de quando, aos 8 anos de idade, seu pai e ele criaram juntos uma trova que aconselhava os pais a lutar pela terra, na época das diretas, e declamou: “Já estou ficando mocinho é motivo de se alegrar eu tenho dois braços forte e já posso te ajudar, quero um pedaço de terra onde possa plantar”.

“A gente não herda a luta pelo sangue, a gente herda participando” 

Zoia: "Nós adultos temos que aprender com essas crianças" 

Convida especial da atual do encontro dos Sem Terrinha, a professora doutora em educação Zoia Prestes conversou com a Rede Soberania e o Brasil de Fato RS. Formadora de professores para educação nas mais diversas esferas, ela contou que a participação no encontro sempre foi um sonho. “É maravilhoso ver as crianças conscientes politicamente da luta politica que é necessária nesse país, principalmente pela terra. Meu pai dizia que a transformação virá pela reforma agrária. Quando eu vejo essas crianças, que lutam, que trazem reivindicações, o seu manifesto, e dizem quais são as questões e seus direitos, isso é maravilho e fundamental. Nós adultos temos que aprender com essas crianças, muito mais elas nos ensinam do que nós ensinamos a elas”, afirma.

Indagada sobre ser filha de Prestes, diz ser uma enorme responsabilidade e que a sua participação na luta ensinou a nunca desistir e sempre resistir. “A gente não herda a luta pelo sangue, a gente herda participando e lutando junto, e é isso que essas crianças nos ensinam que lutar é fundamental”. Contou ainda que a convivência com seu pai foi complicada, pelo fato de não poder conviver com ele durante a ditadura. “Conheci meu pai, de fato, aos 8 anos, por causa da clandestinidade, por conta da ditadura. O conheci quando estávamos em Moscou”, conta.

Para Zoia, conhecer a história é fundamental para seguir lutando. E dá o exemplo da sua mãe, Maria Prestes, que aos 90 anos, visita escolas e assentamentos difundindo a história da família. Filha de camponeses, Maria foi a segunda esposa de Luiz e, com ele, teve sete filhos, entre eles Zoia, que frisa as duas histórias fortes de seus pais. "Ter monumentos, como o Memorial Prestes, aqui de Porto Alegre, espalhados pelo Brasil, é a possibilidade de contar para as novas gerações que a luta sempre fez parte do nosso povo e, principalmente, nunca ter medo de resistir e lutar para transformar”, conclui.

Assista aqui à cobertura do encontro dos Sem Terrinha pela Rede Soberania. Abaixo, confira a carta entregue pelas crianças.

Carta das Crianças Sem Terrinha

“Nessa historia nos somos os sujeitos, lutamos pela vida e o que é de direito!”

Nos, crianças Sem Terrinha do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra/RS, juntamente com toda a família do MST, neste 19º Encontro Estadual, debatemos o Direito à Infância, a educação pública de qualidade e a realidade das Escolas do Campo nas áreas de Reforma Agrária.

Somos filhos e filhas de uma história de luta. Nossos pais nos ensinaram que a terra onde produzimos nossos alimentos, a casa onde moramos a escola onde estudamos foram conquistados com muita luta coletiva. Completamos 25 anos de realização de Encontros das Crianças Sem Terrinha.

Ainda não temos as condições necessárias nos nossos assentamentos; nosso direito a escola de qualidade é negado! Nossa vida escolar é prejudicada pelas más condições das estradas que quando chove o transporte escolar não circula. Por vezes ficamos 3 dias da semana sem aulas em vista das situações das estradas. Também faltam infraestrutura nas escolas e não temos biblioteca, laboratórios e até sala de aula; não temos rede de internet, chove dentro da escola.

Os nossos assentamentos não recebem manutenção nas estradas o que acarreta a perca da produção; faltam incentivo a espaços culturais, esportivos, postos de saúde, bem como, falta incentivo para a produção orgânica e agroecológica.

Queremos viver no campo e para isso a escola precisa ter condições de estudo e ensino com qualidade e que o trabalho e a produção do campo seja valorizado.

Nossas escolas necessitam ter melhores condições:

– Reformar os prédios existentes e construir quadras de esportes (cobertas) para termos espaço para diversas atividades; refeitórios; aumentar as salas de aula pois não dão conta da demanda

– Garantir um currículo que dialogue com a realidade do campo, que valorize o trabalho camponês e que desenvolva as diversas linguagens artístico- culturais;

– Ter formação para os educadores das escolas do Campo;

– Garantir a contratação de professores para suprir a demanda de o trabalho nas escolas, bem como o quadro de funcionários: secretária, bibliotecário;

– Rever o valor de contrato de transporte escolar com as prefeituras municipais; Fiscalizar as condições do transporte escolar; aumentar a linhas de transporte;

– subsidiar projetos de experiência agroecológica e cuidado com o meio ambiente;

SEM TERRINHA EM MOVIMENTO: POR TERRA ESCOLA E DIGNIDADE!

 

Editado por: Marcelo Ferreira
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