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Artigo

Bacurau e Itacuruba: A história se repete

A primeira como ficção, ambas como tragédias

17.dez.2019 às 06h00
Atualizado em 01.fev.2020 às 18h53
Recife (PE)
Daniel Filho
Assim como Bacurau, Itacuruba pode “sumir do mapa”

Assim como Bacurau, Itacuruba pode “sumir do mapa” - Divulgação

Bacurau, filme de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, dá nome à cidade fictícia em que o enredo se desenvolve. A distopia trata de desigualdade, descaso político, morte, resistência, mas, principalmente, ilustra a atual polarização brasileira: os que lutam para sobreviver e os que lutam pelo direito de matar. Itacuruba, município do sertão de Itaparica, Pernambuco. Pouco mais de 4 mil habitantes. Desde a década de 1980 a receber “boas novas” sobre um progresso excludente. As semelhanças entre vida e arte ora são explícitas, ora se revelam nas diversas camadas que permeiam a trama. 
Partindo do cenário, temos o mesmo sertão semiárido e a ambígua convivência entre alta tecnologia com a mais profunda desigualdade social. Acesso à internet é mais fácil que acesso à comida e água. No retrovisor do caminhão pipa, vemos drones… as contradições soariam caricaturas exageradas da ficção, não fossem caricaturas da vida real. Às camadas que exigem mais do olhar temos a primeira semelhança (ou profecia dos cineastas?): assim como Bacurau, Itacuruba pode “sumir do mapa”. 
Caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo seja aprovada, municípios com menos de 5 mil habitantes deixam de existir. Itacuruba possui cerca de 4.369 habitantes e, segundo a PEC, passaria a ser incorporada aos vizinhos Belém de São Francisco ou Floresta, deixando de existir enquanto cidade, identidade, cultura, história, povo. E, tristemente, não seria a primeira vez. 
Itacuruba, no final da década de 1980, foi inundada para a construção da usina hidrelétrica Luiz Gonzaga (conhecida como Usina Hidrelétrica de Itaparica) e obrigou a transferência dos moradores dos seus lugares de origem. O desenvolvimento tecnológico, econômico e social, prometido com o empreendimento, não veio. As desigualdades sociais foram aprofundadas e os altos índices de depressão e suicídio, em todas as faixas etárias, são reconhecidos nacionalmente. A nova proposta consegue ser ainda mais cruel, pois lhe nega a condição de identidade.

Novos ataques, velhas mentiras
Em abril, no Rio de Janeiro, durante uma articulação mundial de empresas nucleares através da “World Nuclear Spotlight”, foi apresentado um plano de expansão de usinas nucleares, onde o Ministério de Minas e Energia declarou um Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030), que prevê a construção de quatro a oito usinas nucleares no País. 
Itacuruba foi apresentada como um local já estudado e apto a receber propostas para construção de um Sítio Nuclear com seis reatores, ao custo inicial de R$120 bilhões. A não emissão de carbono é apontada como pressuposto de uma “energia limpa”, não revelando que a cadeia do urânio, o combustível das usinas, seu processo de extração e “enriquecimento”, são extremamente poluentes.
Os custos da desmontagem, descontaminação e armazenamento das usinas são altos e não são considerados nos custos totais da obra, o que implica ao final em riscos de abandono do sítio nuclear e aumento das tarifas de energia para arcar com os custos do descomissionamento. A nova investida, portanto, traz os clichês de sempre: promessa de geração de empregos, desenvolvimento social e econômico à cidade e região, omissão de dados acerca dos impactos do empreendimento, protagonistas e antagonistas clássicos.

Personagens
A poderosa corporação estrangeira, os arautos das “boas novas”, lobistas, a resistência…todos os elementos estão tanto no filme quanto na história de Itacuruba. Tal qual a personagem interpretada por Thardelly Lima, o prefeito inescrupuloso Tony Júnior, que vende seu próprio povo aos interesses escusos de estrangeiros, o deputado estadual Alberto Feitosa (Solidariedade), acompanhado por um time de especialistas pró-usina nuclear, se tornou o principal lobista a “abrir caminho” ao empreendimento nuclear.
A comissão antinuclear, formada por lideranças de povos tradicionais, sindicatos, movimentos sociais, com apoio de parte da Igreja Católica, resiste. Campanhas e mobilizações permanentes de conscientização dos riscos e impactos trazidos por um modelo de energia, que já é descartado em diversos países, apontam também caminhos sustentáveis de geração de energia como a solar e eólica, abundantes na região. 
Entre os paralelos da ficção com a realidade, ficam as incertezas de quantas almas mais serão sacrificadas até que a resistência dos que lutam para continuar a existir sobressaia-se aos que impõem seus anseios em destruir em nome do lucro.

* Mestre em psicanálise na educação, Pós-Graduado em Programação do Ensino de Língua Portuguesa pela UPE, Especialista em Filosofia pela UFPE, professor da rede estadual de ensino de Pernambuco.
 

Editado por: Marcos Barbosa
Tags: artebolsonarofilmepernambuco
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